A princípio, acho que para tentar encontrar seu caminho nas letras você procura um modelo. E eu elegi quatro ou cinco que significaram muito para mim em meus anos de formação. Mas depois que está formado, então você lê basicamente à procura de coisas tão admiráveis que gostaria de ter feito você mesmo, e não está acima de, quem sabe, roubá-las, se conseguir achar um bom lugar para escondê-las. (…) Os jovens me perguntam sobre como se tornar escritores, mas eles na verdade não leram nada, nem mesmo coisas ruins. Nunca tiveram a experiência da leitura como felicidade. Ora, sem algum conhecimento sobre o que outros escritores fizeram, é muito difícil encontrar seu próprio caminho, eu acho. Suponho que todos sejamos ladrões. Nesta entrevista até agora inédita (em inglês, acesso gratuito), concedida a Lila Azam Zanganeh em 2006, John Updike fala com a sabedoria habitual sobre seu processo criativo, as relações entre arte e política e a diferença entre jornalismo e literatura, duas áreas em que foi igualmente prolífico. Mas fala sobretudo, por insistência da entrevistadora, de sua admiração por Vladimir Nabokov, que idiossincraticamente considera um escritor devotado à felicidade e ao prazer de viver. Quando Updike fala, a gente…