Terceira e última parte do trecho de um ensaio de David Foster Wallace, tradução minha. Na verdade, a postura de tédio anestesiado e sem expressão – aquilo que um amigo meu chama de cara-de-garota-que-está-dançando-com-você-mas-obviamente-preferia-estar-dançando-com-outra-pessoa” – que se tornou a versão da minha geração para o cool tem tudo a ver com a TV. “Televisão”, afinal, significa literalmente o ato de “ver longe”; e nossas seis horas diárias não só nos ajudam a sentir proximidade e envolvimento pessoal com os Jogos Pan-Americanos ou a Operação Escudo do Deserto como, inversamente, nos adestra para lidar com aquilo que é realmente pessoal e próximo da mesma forma que lidamos com o distante e o exótico, como se estivesse separado de nós pela física, por uma chapa de vidro, válido apenas como performance, aguardando nossa resenha cool. A indiferença é na verdade, para os jovens americanos, apenas a versão anos 90 da frugalidade: cortejados muitas deliciosas horas por dia em troca de nada além de nossa atenção, consideramos tal atenção nossa principal mercadoria, nosso capital social, e relutamos em gastá-la. Da mesma forma, considere-se que, nos anos 90, a neutralidade apática e a postura cínica tornaram-se formas claras de transmitir a atitude televisiva de…