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‘Freedom’: Obama no conteúdo, Bush na forma
Resenha / 07/01/2011

Se quiséssemos lançar mão de categorias romanescamente tão rasas quanto aquelas que ajudam a estruturar sua visão de mundo, poderíamos dizer que Freedom, o novo e superaclamado livro de Jonathan Franzen, é um romance democrata no conteúdo e republicano na forma. Isso seria um pouco injusto, mas só um pouco – na medida exata em que, políticas ou não, todas as metáforas que buscam dar conta do atacado passam por cima do que as contraria no varejo. Como ocorre o tempo todo no livro, aliás. Franzen é um romancista saudoso de um tempo pré-modernista (mítico?) em que a grande ficção desempenhava na sociedade um papel central, ideologicamente estruturador. Seus livros não são apenas bons de ler, cheios de humor e peripécias, mas se pretendem espelhos críticos e mais ou menos realistas do mundo, em diálogo com a tradição narrativa do século 19. O fôlego das histórias é épico e a construção dos personagens e de seu ambiente tenta se expandir tanto para dentro quanto para fora – tanto na dimensão psicológica quanto na social, com um interesse cujo foco, na verdade, não se encontra nem num plano nem no outro, mas em sua interseção. As comparações com Leon Tolstoi que…