Não fazia tanto tempo que costumavam chamá-la de promessa vigorosa da nova literatura brasileira. Flipou, flopou, fliportou, festpoou, e por cinco ou seis anos, se não foi famosa, existiu inquestionavelmente, carta no baralho das antologias igrejísticas e nome no caderninho dos repórteres de metrópoles e grotões, a fazer aparições frequentes em telas e papéis a pretexto de polêmicas culturais aguadinhas que, sustentadas pelo acordo tácito de que o rei nu exibia vestes de alta costura, às vezes abriam caminho para a republicação daquela sua fotinho de dez anos atrás em que luz chapada, rímel e lábio inferior levemente mordido compensavam a escassa beleza de nariz adunco e pele áspera. Ele, sim, era bonito, talvez até lindo, mas era um menino, um fedelho de cabelo desgrenhado e barba por fazer, quando se aproximou dela no fim do coquetel com jeito de fã encabulado e a presenteou com dois livrinhos que traziam na capa o logo de um desses selos editoriais inacreditáveis porque inexistentes, marca patética do amadorismo que agora brotava feito capim por todas as gretas do solo calcinado. Ela sorriu um sorriso de grande dama benevolente, ele se inflamou com o ímpeto kamikaze dos tímidos e, num sussurro ao pé…