A pergunta do título, que parece pairar no ar do mundo globalizado, foi feita pelo “Los Angeles Review of Books” a Mark McGurl, autor de um livro recente sobre a importância dos cursos universitários de “escrita criativa” para a literatura americana das últimas décadas, chamado The program era. Sua resposta, da qual transcrevo os trechos abaixo, não poderia deixar de ser uma defesa dos tais cursos, que nos EUA são o bode expiatório preferido dos que – numa atitude de “oportunismo desesperado”, segundo McGurl – apregoam a morte da literatura (o equivalente nacional seria a “profissionalização do escritor”, a “ciranda dos festivais” ou algo do gênero). Vale a pena ler a entrevista inteira, em inglês, aqui. Ouve-se essa ideia no ar o tempo todo. Virou um truísmo entre pessoas culturalmente sofisticadas (…), que aconselham os que estão procurando por uma instigante “justaposição de narrativa pessoal com os fatos do mundo” a ouvir rádio ou ler livros de memórias em vez de perder tempo com uma obra contemporânea de ficção literária. A não-ficção lida com “algo real no mundo”, enquanto a ficção contemporânea tem a ver com – o quê? Com quase nada, conclui-se, uma vez que “algo real no mundo”…