Os escritores colombianos Héctor Abad e Laura Restrepo, que participaram da mesa “Em nome do pai”, iniciada às 14h30, disseram não ser amigos. Talvez não fossem até então, mas dificilmente poderão dizer o mesmo após a mesa de hoje. Com mediação do jornalista Ángel Gurría-Quintana, os dois travaram uma conversa cheia de elogios mútuos sobre como a literatura se relaciona com suas histórias de vida marcadas pela violência de seu país e pela militância política. Abad está estreando no mercado brasileiro com o premiado livro de memórias “A ausência que seremos”, em que fala do pai, um médico famoso, também chamado Héctor, defensor dos direitos humanos e assassinado por paramilitares colombianos em 1987. Laura lança o romance “Heróis demais”, a história de uma mãe que vai com o filho adolescente para a Argentina em busca do pai, militante político que os abandonou quando ela estava grávida. Há muito de autobiográfico no romance. “Eu e meu filho, Pedro, que veio comigo a Paraty, tivemos através dos personagens do romance o diálogo que nunca pudemos ter sobre o pai dele, que o abandonou quando tinha dois anos”, disse. Abad levou vinte anos para escrever sobre seu pai, e justificou a demora dizendo…
Coube aos acadêmicos de literatura João Cezar de Castro Rocha e Eduardo Sterzi a ingrata missão de entreter o público da Flip no primeiro horário deste domingo, a partir das 10h, quando a maioria ainda dorme em suas pousadas ou se recupera da ressaca de sábado à noite. Para tornar a missão mais difícil, o tema de sua mesa, chamada “Pensamento canibal”, era uma questão teórica – o que o homenageado deste ano, Oswald de Andrade, queria dizer ao falar de antropofagia e o que ela deixou de herança para a cultura brasileira. Resultado: uma Tenda dos Autores com menos de metade dos assentos ocupados. A verdade é que o viés oswaldiano, ainda que a homenagem seja merecida, não chegou a penetrar nas rodinhas de conversa flípicas e dar um arremedo de argamassa a uma festa marcada num extremo pela simpatia baiana de João Ubaldo Ribeiro e no outro pela antipatia francesa de Claude Lanzmann, com o fenômeno de popularidade instantânea do português Valter Hugo Mãe ocupando a maior parte do meio-de-campo. Castro Rocha está lançando no Brasil a edição brasileira ampliada de “Antropofagia hoje? – Oswald de Andrade em cena”, coletânea de ensaios publicada em 2000 nos EUA. “A…