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Balanço: a palavra errada (nazista) e o homem certo (Mãe)
Vida literária / 11/07/2011

Se o curador da Flip 2011, o crítico literário Manuel da Costa Pinto, tivesse optado por outra palavra negativa para qualificar a participação constrangedora do cineasta francês Claude Lanzmann (foto), responsável pelo pior momento da festa, teria prestado um bom serviço à história do evento. Pode-se argumentar que esse não era seu papel como curador, mas o fato é que Lanzmann merecia uns cascudos. E o vocabulário da crítica é suficientemente vasto para que alguma palavra justa fosse encontrada. Ao optar por chamar de “nazista” um judeu que foi combatente da Resistência Francesa e realizou o referencial documentário “Shoah”, sobre o Holocausto, Costa Pinto viu-se obrigado a pedir desculpas e levou para uma penosa prorrogação o constrangimento inaugurado pela truculência com que Lanzmann humilhou repetidamente seu entrevistador, Márcio Seligmann-Silva, e desrespeitou o público na mesa de sexta-feira chamada “A ética da representação”. Não faltariam adjetivos mais adequados para seu desempenho: deselegante, arrogante, prepotente, desagradável, descortês, indelicado, grosseiro, ofensivo, rude, desrespeitoso, mal-educado, intratável, truculento, tirânico. Com um pouco de ironia, quem sabe até funcionasse uma fórmula politicamente incorreta como “profundamente francês”. Não é de hoje que se vem banalizando entre nós o uso das palavras nazista e fascista, equiparadas, em discursos…