O escritor escocês Ewan Morrison provocou um barulho considerável no Festival de Livros de Edimburgo, há poucos dias, com uma palestra (transcrição resumida do “Guardian”, em inglês) tão fundamentada quanto apocalíptica em que, além de dar razão a quem prevê para o futuro próximo o fim do livro de papel (para o qual estima uma sobrevida de apenas uma geração), pinta um cenário em que o próprio ofício de escritor como o conhecemos deixará de existir: Os e-books, no futuro, serão escritos por principiantes, por equipes, por entusiastas de suas respectivas especialidades e por autores já estabelecidos na era do livro de papel. A revolução digital não emancipará os escritoires nem abrirá uma nova era de criatividade: vai levá-los a ofertar seu trabalho em troca de muito pouco ou de nada. A literatura, como profissão, terá deixado de existir. A futurologia é uma disciplina traiçoeira, mas Morrison não é propriamente um maluco que sobe no caixote para pregar o fim do mundo. Apresenta-se munido de todas aquelas tendências estatísticas já bastante conhecidas que apontam para a progressiva perda de valor do conteúdo na era digital (rumo à gratuidade absoluta?) e para o crescimento aparentemente irresistível da pirataria. Registra a decadência…