Escrever um romance é como fazer uma cadeira. Você projeta, serra, prega, depois senta para experimentar e, se não desabar, é um romance. Aí lixa, pinta, enverniza o quanto quiser, ou não, deixa tudo tosco, não importa porque, se a cadeira não desabou, já é um romance. Não, escrever um romance não tem nada a ver com marcenaria, está mais para alquimia. Você mistura os líquidos e fica esperando a explosão, que, aliás, raramente vem. Depois bota numa garrafa e cola um rótulo com duas orelhas e diz: “Escrevi um romance”. Não é nada disso, caramba. Escrever um romance é só um gesto de suprema vaidade, um desafio lançado ao tempo por um mortal patético que não se conforma em desaparecer tão misteriosamente quanto apareceu e faz questão de deixar na parede da caverna uma mensagem para os arqueólogos de um futuro que nunca chegará. Engraçado, para mim é diferente. Escrever um romance é uma das três coisas que todo mundo precisa fazer na vida, junto com plantar uma árvore e ter um filho, simples assim. E agora parece que todo mundo está levando isso a sério mesmo, nem tanto a parte do filho, mas certamente a da árvore e…