Terá começado com o fim da Primeira Guerra Mundial, nos passos de John dos Passos e e.e. cummings? Ou antes disso, com o desembarque do crítico de arte Leo Stein, irmão de uma certa Gertrude? Ou teria sido alguns anos mais tarde, quando lá pôs os pés pela primeira vez um sujeito chamado Ernest Hemingway – que se tornaria seu principal divulgador e figura mais emblemática? Seja como for, o fato incontestável é que a mitológica Paris da chamada Geração Perdida é uma criação americana, celebrada nostalgicamente por geração após geração de artistas americanos – o último deles, o cineasta Woody Allen, com o divertidíssimo “Meia-noite em Paris”. Se a mitologia parisiense dos anos 1920-1930 tem em seu coração esse drástico deslocamento geográfico-cultural, não é tão espantoso que seu mais sucinto e espirituoso guia turístico-literário seja de autoria não de um americano, nem de um francês, mas de um brasileiro. Em “E foram todos para Paris – Um guia de viagem nas pegadas de Hemingway, Fitzgerald & Cia.” (Casa da Palavra, 128 páginas, R$ 39,30), o jornalista Sérgio Augusto equilibra num volume magro e bem ilustrado, que se presta tanto à leitura corrida quanto à consulta, o rigor no acompanhamento…