Resenhistas não deveriam ser máquinas de recomendar, mas nós acabamos por nos conformar com esse papel, em parte porque o espírito de solicitude comunitária do Twitter estimula isso. Nossa vantagem sobre os algoritmos da Amazon e da Barnes & Noble e sobre o amadorismo (parte dele bastante bom e útil) de sites como GoodReads é que nós somos profissionais com opiniões nuançadas, informadas. Somos pagos para ser céticos, até mesmo belicosos, de modo que nosso entusiasmo vale mais quando é merecido. Os resenhistas de hoje tendem a mitificar os velhos arranca-rabos televisivos entre William F. Buckley e Gore Vidal ou Noam Chomsky (os vídeos estão no YouTube), mas não estão dispostos a se engajar eles mesmos nesse tipo de combate intelectual. Elogiam a beligerância de Norman Mailer e Pauline Kael, mas quase sempre à distância. Mailer e Kael são como aqueles amigos rebeldes da escola: objetos de adoração, mas não de imitação. Afinal, é tudo tão perigoso, alguém pode acabar se machucando. Em vez disso, gentileza enjoativa e entusiasmo cego são os sentimentos dominantes. Como se espelhasse a cultura à sua volta, a crítica dura virou sinônimo de ofensa; tudo é pessoal – a afeição de alguém por um livro…