Quem vê televisão aberta já deve ter esbarrado com o filmete em que Elisa Lucinda, poeta e declamadora, fala da importância dos livros em sua infância e adolescência. Em torno do bordão “Leia mais, seja mais”, está no ar (mais) uma campanha de incentivo à leitura promovida pelo Ministério da Cultura, com investimentos, este ano, de R$ 373 milhões – leia mais aqui. Sempre fico meio triste diante de iniciativas do gênero. Não que elas não sejam importantes e necessárias: até hoje me lembro da campanha “Ler é sonhar, ler é viver”, dos anos 1970, que tinha um jingle maneiro. Não sei se ela formou algum leitor, mas levava sobre a atual a vantagem de não apelar para um contraproducente imperativo – “Leia! Seja!” “Eu não!” – e me ajudou a me sentir menos extraterrestre, eu que era um solitário leitor compulsivo rodeado de não-leitores sarcásticos. Se as iniciativas são simpáticas, concentrar em campanhas culturais o esforço da “formação de leitores” é semear em solo árido. Sem um profundo – lento, custoso e politicamente pouco rentável – avanço educacional, os resultados serão sempre magros. E esse avanço não está no horizonte. Aqui e ali, isoladamente, uma semente mais bem dotada…