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Tchekhov, ‘comedido e dócil’, era o anti-Rimbaud
Pelo mundo / 07/11/2012

Esbarro duas vezes no mesmo dia com Anton Tchekhov (1860-1904), o grande dramaturgo e contista russo. No “Globo”, Ana Paula Sousa conta que o criador de “Tio Vânia” e “As três irmãs” é o autor mais montado da cena teatral londrina este ano. E na revista “The New Criterion”, um alentado artigo (em inglês) de Gary Saul Morson enfatiza as peculiaridades que o tornavam um escritor único no panorama da literatura russa – e não só dela. Nem aristocrata, nem radical, Tchekhov escrevia em tom menor. Era um médico de província que privilegiava as cenas banais sobre os quadros extravagantes e a atenção ao detalhe comezinho em detrimento de projetos grandiosos e teorias abrangentes. Abstrações o desagradavam. É autor de um dos melhores conselhos a escritores que eu conheço: “Não diga que a lua está brilhando. Mostre-me seu reflexo num caco de vidro”. Não tinha nenhuma proposta política a apresentar aos seus leitores porque considerava ser o dever de um grande artista reconhecer que ninguém entende nada do mundo. Covardia? Essa impressão se desfaz quando se sabe o quanto ele teve que brigar para defender tal postura. Ocorre que a personalidade de Tchekhov não o tornava um escritor esquisitão apenas…