Em artigo publicado no caderno Ilustríssima de ontem, Fernando Antonio Pinheiro, professor de sociologia da Universidade de São Paulo, retoma com convicção uma pauta de sucesso emergente entre certos acadêmicos: a tentativa de trazer Paulo Coelho (foto) para o “domínio culto da literatura”, do qual “o escritor mais lido no mundo” teria sido excluído numa operação em que “a desqualificação [é] ostentada como troféu pelas camadas letradas”. Pinheiro recorre a um famoso ensaio do poeta José Paulo Paes sobre a incipiência da literatura de entretenimento no Brasil para dizer que Coelho é vítima de uma visão estreita e arbitrária do que cabe no campo literário, uma “definição literária do literário, típica do sistema brasileiro, que nega assento ao artesão competente no âmbito do entretenimento”. O artigo começa com a aplicação de cascudos. Escritores que têm uma fração ínfima do sucesso comercial do autor de “O alquimista”, mas são considerados “sérios”, Milton Hatoum e Marçal Aquino teriam tratado Coelho como invisível ao falar da pouca repercussão internacional da literatura brasileira num debate de 2010. Isso, afirma o articulista, seria “bastante representativo dos contornos que ganharam aqui [no Brasil] as relações entre literatura e mercado”. Escreve Pinheiro que… …os debatedores [Hatoum e…