Alguém acreditou em Philip Roth quando (…) ele anunciou que estava se aposentando? De todos os romancistas contemporâneos, é ele quem fez a escrita parecer um ato necessário e contínuo, inseparável das continuidades e batalhas de estar vivo. Para Roth, a narração e a individualidade parecem ter nascido juntas; portanto, precisam morrer juntas também. Mais do que qualquer outro romancista moderno, ele usou a ficção como confissão e deslocamento da confissão: seus rabugentos, reclamões e alter egos, de Portnoy a Zuckerman e Mickey Sabbath, parecem todos rothianos, mesmo quando apenas atuam como substitutos do autor. Ele tornou sua infância em Newark, seus pais amorosos e irritantes, seu judaísmo, sua sexualidade, sua própria vida de escritor familiares e vívidos para milhões de leitores. Parecia precisar da ficção como uma espécie de incansável relatório performativo, e por essa razão, nos últimos anos, grandes romances (‘O teatro de Sabbath’, ‘Pastoral americana’) dividiram espaço com obras muito mais fracas e ele foi tão profícuo – a ficção ao mesmo tempo urgente e um tanto agressiva, tão necessária quanto a arte e tão desesperançada quanto a vida. Admiro Roth (…) por muitas razões. Porque ele não permaneceu igual (sua prosa despojada é hoje muito diferente…