(…) Showalter presta menos atenção ao mérito artístico, ao que separa a boa da má ficção, do que aos seus significados culturais; está menos preocupada com nuances de arte ou estilo do que com as ramificações políticas do livro ou o comportamento intrépido ou aventureiro de suas protagonistas. Como outras acadêmicas feministas de seu time, não está interessada em saber se as escritoras que discute são boas escritoras, ou na questão de como seus melhores trabalhos funcionam, mas apenas se elas exploram temas feministas. Desse modo, acaba cavucando romances e poemas atrás de mensagens e significados que digam respeito à posição das mulheres na sociedade, tramas que critiquem a vida doméstica ou que exponham a estreiteza da vida das mulheres. (Certa vez cunhou o termo “ginocrítico” para críticos libertos do “dos absolutos lineares da história literária masculina”.) Essa exploração de tramas subversivas e heroínas da pá virada pode ser frutífera de um ponto de vista puramente histórico ou político, mas nem sempre parece ser crítica literária de um tipo sofisticado. Faz pensar numa frase de Joan Didion sobre as feministas: “Que a ficção tem certas ambiguidades irredutíveis parece nunca ter ocorrido a essas mulheres, nem deveria mesmo, porque a ficção…