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‘O retrato de Dorian Gray’: mais jovem do que nunca
Resenha / 29/06/2013

O primeiro aspecto desconcertante de “O retrato de Dorian Gray – edição anotada e sem censura” é o que se poderia chamar de paradoxo do tamanho. Costumamos pensar no verbo censurar como sinônimo de suprimir, cortar – não à toa, é uma tesoura seu símbolo universal. No entanto, a edição da obra-prima de Oscar Wilde organizada pelo pesquisador acadêmico Nicholas Frankel (Biblioteca Azul, tradução de Jorio Dauster, 352 páginas, R$ 64,90), alegadamente fiel até a última vírgula à primeira versão datilografada e emendada à mão pelo escritor irlandês em 1890, é consideravelmente menor do que aquela que seria publicada no ano seguinte em livro e admirada por gerações de leitores: tem apenas treze capítulos, sete a menos do que o texto canônico. Que censura foi aquela? Na resposta a essa pergunta, que não é simples, vamos encontrar o pecado (menor) e a virtude (imensa) do trabalho de Frankel. Primeiro, o pecado: sim, há um leve toque de sensacionalismo na simplificação que o subtítulo abraça ao falar em “sem censura” (no original, uncensored). A realidade é mais complicada. O que houve foi um processo tortuoso em que, em primeiro lugar, o texto passou pelo crivo dos editores da revista americana “Lippincott’s”,…