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Literatura: quanto mais inútil, melhor
Vida literária / 09/11/2013

Depois que escrevi aqui sobre o que chamo de literatura de autoatrapalhação – aquela que se opõe à autoajuda –, a questão do enfoque utilitarista da leitura não parou de atravessar meu caminho sob as mais variadas formas. Fez isso tantas vezes que me induziu à conclusão de que o tema está boiando no ar do nosso tempo. Primeiro foi uma pergunta do mediador Rosel Soares na Festa Literária Internacional de Cachoeira (BA), há duas semanas, sobre a capacidade que a literatura teria ou não teria de nos transformar em pessoas melhores. Em seguida, devido a uma série de viagens ligadas ao lançamento do meu novo livro, vieram os repetidos encontros com livrarias de aeroporto, essas lojas peculiares – e no meu caso praticamente inúteis – que tendem a concentrar seu estoque em autoajuda, elevação espiritual, gerenciamento, picaretagem explícita e outros gêneros com títulos imperativos: “Faça”, “Seja”, “Não faça”, “Não seja”… Finalmente, esta semana, dois golpes de misericórdia: dei uma entrevista por telefone a um programa da ótima TV universitária de Caxias do Sul (RS), sobre os prós e contras da autoajuda na formação de leitores, e tropecei num artigo imperdível da revista “New Yorker” chamado “Deve a literatura ser…