“Por que escritores são os maiores procrastinadores” é o título de um artigo da revista The Atlantic (aqui, em inglês) em que a autora, Megan McArdle, não prova o que diz. Permanece uma questão aberta se os profissionais da palavra escrita são realmente mais afeitos a adiar o trabalho – e depois adiar mais um pouco, e ainda outro tanto e mais outro – do que os representantes de outras categorias profissionais. Superlativo à parte, suspeito que quase todo mundo que escreve ou gostaria de escrever já tenha se deparado com o problema. Eu certamente já, e foi isso que me levou a continuar lendo o tal artigo, apesar do título bombástico. Quem sabe a autora revelaria uma fórmula mágica para acabar com a procrastinação? Acredito ser inegável: grande parte dos escritores canaliza pelo menos metade de seus poderes de fabulação para a manufatura de desculpas que expliquem para si e para os outros por que não está escrevendo naquele momento: “Agora não, daqui a pouco sem falta, mas agora não. Primeiro preciso limpar a mesa do escritório. Responder àqueles emails. Levar o cachorro pra passear. Deixar meu pitaco inestimável naquela polêmica facebookiana sobre os prós e contras de sediar…