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Até breve!
Pelo mundo / 29/11/2014

Meus blogs deixarão de ser atualizados nos próximos dias, quando estarei no México para lançar a tradução de meu romance “O drible” (El regate) e participar da Feira do Livro de Guadalajara. Volto ao Todoprosa no dia 6 de dezembro e ao Sobre Palavras no dia seguinte.

A piada do Bad Sex Award perdeu a graça
Vida literária / 15/11/2014

O Bad Sex Award é um “prêmio literário” gozador criado pela revista inglesa “Literary Review” para eleger a pior cena de sexo do ano. O resultado de sua vigésima segunda edição (não que o mundo prestasse atenção nele em seus primeiros anos, antes do advento da chamada blogosfera) será anunciado na primeira semana de dezembro. A lista dos dez finalistas já pode ser consultada neste link do “Guardian” – que permite até que cada um vote em seu favorito. Que espirituoso, não? Hmm, not really. Fui um dos principais divulgadores do Bad Sex Award no Brasil desde 2008, quando publiquei o primeiro de diversos posts aqui no Todoprosa sobre o que me parecia uma brincadeira divertida – além de uma forma esperta de divulgar livros e, de quebra, pôr em debate sofisticadas questões de linguagem, o que funciona e o que não funciona na página e tal. Afinal, escrever sobre sexo apresenta mesmo desafios difíceis para qualquer escritor, certo? É por isso que me sinto obrigado a fazer agora um mea-culpa. Sim, escrever sobre sexo não é fácil, mas a resposta que o BSA dá a tal dificuldade – no fim das contas, a da simples interdição, a do silêncio…

Sobre a precisão
Vida literária / 08/11/2014

Lendo um texto literário, tento decifrar por que ele me agrada tanto e chego à ideia de precisão vocabular. Será isso? Não, claro que nunca é uma coisa só, mas será isso em primeiro lugar – a precisão na escolha das palavras? O fato de as palavras vestirem as ideias como uma malha justa, roupa de mergulhador, segunda pele através da qual a ideia exibe suas formas com perfeição, quase como se já não fosse a ideia de uma coisa, mas a coisa mesmo? * Um dos aspectos intrigantes da caça ao vocábulo preciso, aquilo que Gustave Flaubert chamava de le seul mot juste, é o fato de, sendo tão inerente ao bem escrever, ser tão difícil de ensinar. Para começar, não é nada fácil de definir, e a malha ou segunda pele é uma metáfora desesperada que reconhece essa dureza. Identificamos a precisão quando a temos diante do nariz, mas em que ela consiste exatamente? * Aqui talvez seja necessário afastar a ideia, folclórica mas nunca distante dessa conversa, da “palavra justa” como frescura e álibi para a paralisia do escritor – como parece ter sido muitas vezes para o próprio Flaubert. Se você está escrevendo um conto policial…

Que cena! O passeio de carruagem de ‘Madame Bovary’
Destaque , Que cena! / 01/11/2014

Se fizerem um concurso para eleger a cena de sexo mais famosa da história da literatura, esta será, no mínimo, uma das finalistas. Se a ideia for escolher a cena de sexo mais escandalosa, também. O curioso é que o máximo de nudez que existe na “cena da carruagem” do romance “Madame Bovary” (1857), de Gustave Flaubert, é a de uma mão sem luva que desliza a certa altura – “no meio do dia, em pleno campo” – sob a cortininha amarela da cabine. O que a mão faz é jogar fora, em pedaços, a virtuosa carta de recusa que Emma Bovary tinha escrito na noite anterior para entregar em mãos ao pretendente Léon. Em algum momento do passeio a esmo de cerca de seis horas no carro fechado, a carta se tornou obsoleta. Tarde demais: o escrivão já era o segundo amante na biografia da adúltera interiorana que queria ser personagem de romance – e foi mesmo, mas não do gênero galante que tinha imaginado. Em que momento Emma cedeu às investidas de Léon? Entregou-se logo ou se fez de difícil? Que argumentos ou carícias a convenceram? O que fizeram aqueles dois, exatamente, no abafamento da cabine? Quantas vezes?…