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Sobre línguas e catedrais: uma conversa com Amós Oz
Vida literária / 20/12/2014

“Não sou chauvinista com meu país, mas sou chauvinista com a língua hebraica.” Estou conversando com o escritor israelense Amós Oz num canto tranquilo de um dos amplos espaços vazios do segundo andar do aristocrático hotel Copacabana Palace. Depois de muitas perguntas sobre literatura e política (que renderam essa entrevista), o papo desagua com naturalidade na língua, como se fosse um rio que corresse para o mar. Conversamos em latim contemporâneo, isto é, inglês. Sei tanto de hebraico, clássico ou moderno, quanto Amós Oz sabe de português – talvez um pouco menos. No entanto, já tendo me deparado muitas vezes com a metáfora do idioma como instrumento musical que todo escritor precisa dominar, entendo o brilho nos olhos do homem quando ele se derrama todo por uma língua antiga que por pouco não ficou congelada nos textos sagrados, perfeita e morta como o latim num poema de Ovídio. Salva há pouco mais de um século de um declínio que parecia inexorável, a língua em que escreve Oz vem se firmando nas últimas décadas, como o próprio Estado de Israel, sobre um ato de vontade política. “O hebraico moderno é um instrumento tremendo, porque é ao mesmo tempo antigo e moderno”,…