Um jornal de Belo Horizonte pisou na bola da linguagem e, em chamada de primeira página, classificou de “ontológico” o gol marcado por Neymar aos 39 minutos e meio do segundo tempo da partida entre Barcelona e Villareal pelo Campeonato Espanhol, domingo passado (8/11), no Camp Nou. Acertou sem querer, como aquele centroavante tosco que arma uma bomba e, errando o chute, roça na bola tão de leve que ela engana o goleiro e desliza para dentro da meta. A confusão entre antologia (coletânea) e ontologia (o estudo do ser enquanto ser, para além de todas as contingências) traz para a conversa um viés filosófico inesperado. O erro do diário mineiro é bem-vindo. Um daqueles momentos que nascem condenados à imortalidade no YouTube, será que o gol de Neymar aguenta o peso de ser lido e relido como uma demonstração concisa do que é ser, para além de todas as contingências, um gênio da bola? Sem a pretensão de substituir as imagens, obrigatórias para qualquer pessoa que não odeie futebol, vamos ao lance. A poucos minutos do fim, o Barcelona vence de 2 a 0 – o primeiro de Neymar, o segundo do centroavante uruguaio Luis Suárez – uma partida…