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‘Todos os contos’: palmo a palmo, a medida de uma Clarice imensa
Resenha / 28/05/2016

Todos os contos de Clarice Lispector (Rocco, 656 páginas) é o livro-monumento que o país devia àquela que foi, ao lado de Guimarães Rosa, a voz mais original da ficção brasileira no século 20. De forma embaraçosa, a dívida foi paga com dinheiro emprestado: até na bela sobrecapa premiada de Paul Sahre, o volume de capa dura que chega ao leitor brasileiro é o que foi organizado pelo biógrafo e pesquisador americano Benjamin Moser e publicado ano passado nos EUA, com tradução de Katrina Dodson e notável sucesso de crítica. Até então a obra contística da autora estava dispersa em brochuras cheias de superposições, a maioria contendo – por decisão dela – histórias reaproveitadas de coletâneas anteriores. Limadas as redundâncias e incluídos os contos da juventude e do fim da vida que só postumamente saíram em livro, temos um total de 84 histórias e uma tentação irresistível: a de concluir que foi na narrativa curta, e não nos romances e novelas, que a arte de Clarice atingiu seu ponto mais alto. Não é dizer pouco. O embaraço da “importação” escapa de ser vexame porque Clarice nunca foi uma escritora negligenciada que o olhar estrangeiro tivesse nos ensinado a descobrir. Meio…