A frase escrita pelo Snoopy com tanta dificuldade no post abaixo – “Era uma noite escura e tempestuosa” – foi de fato usada, e a sério, pelo escritor vitoriano Edward George Bulwer-Lytton para abrir seu romance “Paul Clifford”, de 1830. O que lhe valeu a glória de batizar o famoso concurso anual de bad writing promovido pela Universidade de San Jose, na Califórnia, em que os participantes inscrevem “começos inesquecíveis” escritos, de propósito, com o maior número possível de clichês literários. Pois bem: o resultado do Bulwer-Lytton Fiction Contest 2009 acaba de sair e os vencedores podem ser lidos aqui – vai um trechinho traduzido do grande campeão:
Dizem que se você apurar bem os ouvidos quando a lua cheia está no mais alto do céu, o vento sopra no Estreito de Nantucket vindo do nordeste e os cães uivam por nenhuma razão terrena, conseguirá ouvir os gritos terríveis da tripulação do Ellie May…
10 Comentários
É brega. É clichê. Mas é bonito.
*
Quando eu fazia segundo ano do ensino médio tinha lá a Zildinha. Linda. Brega. Adorava clichês.
*
Eu nunca gostei de clichês. E a Zildinha nunca gostou de mim.
“Uma livraria é uma das provas mais contundentes de que as pessoas andam pensando constrangedoramente mal” – Le Petit Saint
(autor daquela outra frase também imortal: “Ce qui n’est pas Saint-Clair n’est pas français”)
rsrsrs
Que nunca usou um bom clichê que use o primeiro ponto-e-virgula…
Se este concurso fosse realmente “sério”, Paulo Coelho ganhava todos os anos (isto é sério, não é um ataque infundado e deliberado a quem tem telhado de vidro!).
Bons clichês devem ser perdoados e tratados em clínicas de letras. Em três meses ele sai de lá curado e ninguém o nota
Esse é visual e melhor que certas frases sensatas e aparentemente saudáveis de alguns escritores multi uso por aí.
Os bons clichês estão em extinção, ou será o contrário? Vai ver nada se cria, tudo se copia. Abraços.
http://www.eriolword.com/
http://eriolmala.blog.uol.com.br/
Eu já tinha lido sobre esse concurso divertido. Minha preferida é a vencedora na categoria de “fantasy fiction” (é ficcção científica, Sérgio?).
“A quest is not to be undertaken lightly–or at all!–pondered Hlothgar, Thrag of the Western Boglands, son of Glothar, nephew of Garthol, known far and wide as Skull Dunker, as he wielded his chesty stallion Hralgoth through the ever-darkening Thlargwood, beyond which, if he survived its horrors and if Hroglath the royal spittle reader spoke true, his destiny awaited–all this though his years numbered but fourteen.”
gostei da entrevista ontem com o grande Maurício
Luiz Gianesini
Brusque/SC
Complementando o meu comentário do post anterior (o do algoritmo versus heurísitca) corroboro a lúcida declaração de Schopenhauer em “Sobre a escrita e o estilo”: o pretexto do autor para escrever é (deveria ser) ter algo a comunicar.
Eu acabei lendo em um jornal antigo sobre o ganhador de 2007, achei interessante que pesquisei mais sobre o assunto =)
a frase da ganhadora da época era a seguinte:
“Gerald começou – mas foi interrompido por um assobio cortante que custou a ele 10% de sua audição permanente, como aconteceu a todo mundo em um raio de 10 minhas de erupção, não que isso importasse muito porque para eles ‘permanente’ significava os próximos dez minutos ou até eles serem enterrados pela lava ou sufocados pelas cinzas – a mijar.”
O pior começo de livro do mundo! « O Blog do Dino =)