Acaba de sair, com patrocínio da Kleenex, o aguardado “Manual do cafungador de livros: teoria e prática da resistência bibliósmica” (Nova Cosac Naify, 556 páginas, R$ 2.899,00), suma teológica do movimento surgido espontaneamente nas primeiras décadas do século 21, quando multidões em todo o mundo elegeram seus aparelhos olfativos o último bastião de resistência ao então nascente livro digital.
Lançado, claro, apenas em edição de papel, o livro traz um apêndice que ensina os cafungadores calouros a reconhecer os 102 aromas básicos entre os milhares catalogados pela Bibliosmia (almíscar, tanino, funghi, repolho, rolha seca, poeira do sótão, poeira do porão, urina de traça, sêmen de baleia etc.) e relacioná-los aos gêneros literários dos quais emanam.
Requinte supremo: o capítulo dedicado a cada eflúvio pode ser, além de lido, cheirado. O que é talvez obrigatório, se procederem as informações de que os cafungadores lêem cada vez menos, chegando a apresentar alta incidência de analfabetismo e cegueira total ou parcial – em compensação, sua exuberância olfatométrica humilha até a dos enólogos.
Cheiro de sucesso editorial no ar.
20 Comentários
AHAHAHAHAHAHAHAHAHA!
O preço do livro inflacionou 1.000 reais da primeira versão do post pragora, a despeito do livro de ter ganho patrocínio.
Excelente cutucada contrafetichista!
Pô, Elton, não precisava entregar. O release que eu recebi aqui estava com o preço errado, mas corrigi logo.
Desculpa a indiscrição, Sérgio, é que eu tinha acabado de cheirar um livro espetacular e acabei me empolgando.
será que a gente vai empregar a metodologia pra cafungar
lencinhos de papel?não tá meio caro pra aprender cheirar papel higienico?
Sérgio, acompanhando o manual, iria um desses… http://smellofbooks.com/
boa. só falta a edição especial de textura; pros entendidos em gramatura de couché.
quando sai a versão para kindle? e o que dizer de versões envelhecidas em sebos selecionados? o céu é o limite!
A editora não poderia ser outra…
rs…
Tem mesmo por aí esse fetiche do livro ” objeto”… Eu mesmo sofro dele, confesso. E verdade seja dita, é bem possível que se venda mais livros para adornar estantes do que para serem lidos…
Desde eu li o Seminarista, em que numa determinada situação ele debocha de uma mulher sem livros em casa, eu chego na casa dos outros e procuro logo a estante…
Uma coisa curiosa é que algumas figuras que gostam muito de livros – e lêem de fato – não os deixa na sala…
Vai ver é por ciumes mesmo…rsrsrs
Falando nisso, salvo engano, você não postou nada sobre o Seminarista, tirando a notícia de que ele foi lançado com Twitter, kindle e cia…
Ele entra na lista dos melhores de 2009 ?
Abs…
Pedro, não entra nem na minha lista de melhores de novembro.
Deixar livros na sala, pra aquelas visitas chatas ficarem perguntando detalhes sobre uma história que você leu faz uns 5 anos? Além de pedir emprestado e nunca mais devolver? Tô fora.
R$ 2.899,00!?
Gostei!
Deus… Quanta besteira! rs
Medo de como podem cheirar alguns livros por aí!
Sérgio, dei uma cafungada no meu Kindle. Não é que tem um cheirinho de plástico ozonizado,com um leve toque de curto circuito iminente? Vou pesquisar as variações nos flavors e bouquets para cada livro carregado e lançar uma versão desse manual para cafungadores digitais. Será qeu a Aneel patrocina?
hahaha mto bom… A galera do “cheirinho de livro” anda tomando mais esculacho que a brava juventude emo… Sacanage cazcriança!
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hahaha! Gosto da crítica, mas queria fazer um parêntese: eu tenho um bom amigo que tanto é um cafungador-fetichista quanto um leitor voraz!
Só pra mostrar o óbvio – que toda regra possui sua exceção…
Eu não sou um cafungador porque tenho rinite – mas devo admitir que o papel me apraz muito. Mas não diminui o valor da literatura numa tela de neon…
Se ganhar na mega sena da virada , compro 1 para cada comentarista deste post!!!!
Podem cobrar!!!