A intrigante nota que o diretor de programação da Flip, Flavio Moura, publicou há poucos dias em seu blog sob o título “Proposta indecente” fala de um autor americano que fez exigências descabidas para vir à Flip – passagens de primeira classe para ele e seu assessor e 65 mil dólares de cachê. Discreto, Moura não dá o nome, mas adianta que o principal livro da figura ganhou um prêmio relevante há cerca de vinte anos, “teve papel importante na luta pelos direitos civis e alguma visibilidade recente por conta da eleição de Obama”. Foi o bastante para despertar o Dupin que dormita em meu cérebro habitualmente confuso. Juntando as pistas – e transformando aquele “autor” em genérico de “autor(a)” – tudo aponta para Alice Walker, de “A cor púrpura”, romance que foi adaptado para o cinema por Steven Spielberg e levou o Pulitzer de 1983.
17 Comentários
Não vejo nada demais, num encontro de celebridades, alguém exigir ser tratado como celebridade…
Toni Morrison não? O Beloved ganhou o Pulitzer em 1988.
Quem essa tal de Alice Walker pensa que é? Ernest Hemingway?
Se não fosse pelo Spielberg, ninguém saberia quem é esta pobre criatura…
Sérgio,
1. É só aguardar a reedição desta obra em breve, se não, meu caro detetive, junte novas pistas;
2. Para falar em Paraty eu iria no meu próprio carro e nem pediria restituição da Gasolina, mas antes eu preciso publicar um livro e ser respeitado;
3. Bom ver que alguem está ganhando dinheiro com literatura, afinal US$65mil é bastante dinheiro, imagino que até para os padrões norte americanos e europeus.
Se roqueiros, às vezes, drogadões, infernalmente barulhentos, cobram o que cobram, além de fazerem inúmeras exigências das mais estapafúrdias para virem se apresentar nestes tristes trópicos, por que não um(a) escritor(a)? Se ele(a) não vale o preço pedido, ou se não podemos pagar, nada feito, passe bem.
Sérgio,
não vejo nenhum problema em qualquer um, escritor ou não, exigir o que quiser para participar ou comparecer a qualquer evento. Cada pessoa sabe o seu valor. A direção do evento que decida se a pessoa vale a pena ou não. Se achar que vale, paga. Se não, não paga.
Não entendi bem qual foi o problema. Eu tb acho que um BMW não vale 100 mil dolares, mas nao quer dizer q eu ache o preco descabido. Eu só não pago, e pronto.
Alex
Fernando: ela vai ter seu livro relançado sim. Alice Walker é a cara, meu caro, Dupin está certo.
Jonas: Toni Morrison já veio.
Alex: cada um pede o que quer, concordo. Chamar de descabido é o mesmo que recusar. É descabido no sentido literal de que não cabe nas medidas do evento, e também na medida em que Toni Morrison – a Alice Walker que deu certo – não exigiu nada parecido para vir. Mas não se trata de crucificar ninguém.
Há fortes sintomas de umbiguismos pairando sobre a cabeça da “garota”…
rapaz, 120 mil reais para falar duas horas e ainda trazer o assessor…
Sérgio, compartilho um “causo”: há meses, trabalho para trazer ao Brasil a maior autoridade na obra de um grande autor russo-americano que, vivo, completaria 110 anos ontem [nem precisaremos de Monsieur Dupin para desvendar o mistério, não é?].
Uma das fantásticas resposta que recebi nesse processo [veio da organização de um dos evento literários que acontecerão em 2009] me veio na forma de uma inusitada pergunta: “ele já lançou algum livro no Brasil?”
Bem, a resposta é não, não lançou, mas e daí?
Bom, resumo da ópera: a moeda tem sempre dois lados.
Porém, para nossa alegria, é quase certo que ele venha ao Brasil sim, este ano ainda, e deverá participar de um congresso na UFRJ em setembro [o convite já está aceito].
E saibam que, apesar de não cobrar US$ 65K, tenho certeza de que ele terá muito a compartilhar com todos nós e, mais, virá também pelo prazer de conhecer de perto as belezas e o povo de um país que lhe chegou pela voz de Caetano Veloso [de quem ele é fã declarado] e também por Santos Dumont, de quem aquele certo escritor, o que aniversariou ontem, também era discreto admirador.
Eu, hein, Alice? Que coisa mais antipática!
Acho descabido, sim; acho absurdo, sim. E concordo: é antipático. Não compartilho da ideia de que as pessoas, porque se julgam “importantes”, e porque outros dão importância a elas, podem exigir o que bem entendem. Ô geração de gente mimada e imbecil!
Quem? Ah tá, lembrei. Mas tá viva ainda?
E daí?
Chegou a hora de um(a) autor(a) ser Star! Pop Star?! Com ou sem gloss? Meias de seda? Champagne… O luar de Paraty… Livros? Literatura? Papo-Cabeça?… Ah!… é…
Vale ressaltar que muitos iriam de graça, ou até pagariam para ir… Só pelo prazer de conhecer Parati (Paraty)…
Tem que cobrar mesmo. Se não quiserem, não pagam. Simples assi m. O resto é história de quem acha que literatura é missão e não trabalho.
Vai ver está precisando arrecadar algum para a lipo 🙂 Abs!