A correspondência entre J.M. Coetzee e Paul Auster, que começou em 2008 e que os teria transformado em “grandes amigos”, será lançada em maio sob o título Here and now (Aqui e agora) pela editora Faber.
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Não sou um grande fã de cartas de escritores, embora reconheça o valor de algumas correspondências, mas adorei essa que Honoré de Balzac escreveu em 1840 para sua noiva, a condessa polonesa Hanska, no meio de uma de suas famosas crises financeiras:
Cheguei ao fim da minha resignação. Penso deixar a França e levar meus ossos ao Brasil numa empresa louca, e que escolho por causa da sua loucura. Não quero mais suportar a existência que levo; basta de trabalhos inúteis. Vou queimar todas as minhas cartas, todos os meus papéis (…). Darei procuração a alguém, deixá-lo-ei explorar minhas obras e irei buscar a fortuna que me falta: ou voltarei rico ou ninguém poderá saber o fim que eu tiver levado. É este um projeto excessivamente fixo, que será posto em execução este inverno, com tenacidade, sem remissão.
O projeto não foi posto em execução, nem naquele inverno nem nunca. Foi só por meio de seus personagens, como lembra Paulo Rónai no delicioso “Balzac e a comédia humana” (Globo Livros), que o romancista francês veio fazer fortuna no Brasil ou em outros países igualmente exóticos.
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Nisso, Balzac foi um precursor de Nabokov – que também não veio.
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O perfil (em inglês) do crítico James Wood assinado por Jimmy So no Daily Beast o compara a Edmund Wilson.
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E a nova lista da Flavorwire é de… fotos de escritores na neve! Parece falta de assunto, mas é só o fim do ano – com perdão da redundância.
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Nesse departamento, melhor ficar com a metalinguagem de uma lista dedicada a listar listas: as cem melhores de todos os tempos, segundo a “New Yorker”.
2 Comentários
Também não vejo muita graça em cartas de escritores, mas como sou muito fã do Coetzee até que fiquei tentada.
E Balzac…no Brasil?
Teria sido um show.
Xará: desejo um ótimo ano pra você! Escrevo só pra dizer que acabei de ler, nas férias, a correspondência do Auster e do Coetzee na tradução espanhola, que saiu antes do “original” em inglês, por conta das maluquices do mercado editorial. Parece que os dois vendem muito bem no mercado de língua espanhola e assim a Anagrama (Auster) e a Mondadori (Coetzee) fizeram uma edição conjunta. O livro é bom, sem grandes revelaçoes sobre nenhum dos dois, mas bacana como registro da amizade deles. Se não quiser esperar até o livro sair em inglês, taí a dica. Abração.