Em um belo trabalho de Paulo Werneck e Raquel Cozer, a “Folha de S.Paulo” revela hoje a identidade do “jurado C”, que com suas notas esdrúxulas decidiu sozinho os três vencedores do prêmio Jabuti de romance. Trata-se, segundo o jornal, do crítico literário Rodrigo Gurgel, colaborador do jornal “Rascunho” e autor do recém-lançado “Muita retórica – pouca literatura” (Vide).
A manipulação do resultado ocorrida na fase final, em que suas notas extremas transformaram em peças nulas as avaliações dos colegas de júri, não seria tudo. O jornal sustenta que o jurado – aparentemente determinado a explorar a polissemia da palavra – contrariou os juízos que ele próprio emitira na primeira fase do julgamento: o livro de Wilson Bueno ganhou dele média 8,67 na etapa eliminatória e 0,33 na final; o de Luciana Hidalgo caiu de 9 para 0,83.
Em seu blog, está no ar neste momento uma entrevista em que Gurgel faz uma lista dos críticos literários que admira: “Samuel Johnson, Charles Moeller, Northrop Frye, Edmund Wilson, Lionel Trilling, Joseph Pearce e Marcel Reich-Ranicki. Entre os brasileiros, gosto de Álvaro Lins, Augusto Meyer, Lúcia Miguel-Pereira, Temístocles Linhares, Wilson Martins e, mais recentes, Alexandre Eulalio, João Alexandre Barbosa, Marisa Lajolo, Alcir Pécora e Moacir Amâncio”.
Um aspecto curioso do episódio é que o mesmo resultado – a vitória dos autores desconhecidos sobre os que são consagrados ou pelo menos detentores de maior cacife midiático – poderia ter sido atingido com a atribuição de notas em torno de 5 ou 6, que seriam defensáveis criticamente, aos livros destes últimos. As notas entre 0 e 1,5 parecem ter obedecido não só ao desejo de conceder o prêmio a iniciantes, mas também ao de ver o circo pegar fogo. A ponderação de que o incendiário também seria atingido pelas chamas, se existiu, foi estranhamente desconsiderada.
O episódio é o mais inusitado – e, sim, divertido num sentido espírito-de-porco – da história recente da literatura brasileira. Contudo, partir dessa constatação para admirar a atitude do jurado C, como tenho visto acontecer por aí, me parece um despropósito. Esculhambação não é artigo que esteja em falta, muito pelo contrário, nas premiações literárias, na literatura ou em aspecto algum da vida brasileira. Sem uma mínima fundação ética que inviabilize o vale-tudo e a crença de que os fins justificam os meios, qualquer crítica é irrelevante. Nossa crônica literária ganhou um palpitante mistério folhetinesco às custas de perder (um pouco mais de) credibilidade.
52 Comentários
Sei apenas de uma coisa: não é de hoje que conheço e admiro o trabalho do Rodrigo. Se for mesmo comprovado que é ele o Jurado C (e tudo leva a crer que sim), meu respeito e minha admiração por ele permanecerão inabalados.
P.s.: Sugestão, Sérgio: comentar a declaração magoenta e patética da Ana Maria Machado a respeito do episódio. Ficaria mal numa escritorazinha iniciante que estivesse leiloando sua virgindade literária; numa matrona à frente da ABL, dá bem a medida da nossa indigência literária.
O jurado exerceu plenamente a sua liberdade. No caso, a de ser idiota e trapaceiro.
Ainda mais lamentável é a decisão de José Luis Gold, da CBL, não anular o resultado quando clara e evidentemente houve trapaça. Não importa se a armação pode ocorrer devido a uma brecha no regulamento; o resultado em si é mentiroso e faz com que todos, sem exceção, percam – até mesmo o autor do livro vencedor, pois acho constrangedor (apesar de que certamente essa opinião não será compartilhada por sua editora) aproveitar-se de um prêmio que lhe caiu no colo por meios excusos.
Uma pergunta que eu não vi ninguém fazendo: e se o livro de Ana Maria Machado for realmente muito ruim?
Guilherme, acho que a pergunta é irrelevante diante das informações disponíveis. No mínimo é ingênua, pois toma pelo valor de face uma nota que evidentemente foi dada com espírito provocador e não de boa fé. De qualquer forma, ruim-zero eu garanto que não é, sem ter lido, porque ninguém é. Se fosse ruim-quatro ou ruim-cinco, podíamos discutir.
Polêmica à parte, o livro de Edival Lourenço “NAQUELES MORROS, DEPOIS DA CHUVA”, 2º lugar no Prêmio Jabuti, é realmente um livro muito bem construído e mereceu o prêmio da crítica. Edival tem densidade, escreve bem e já conquistou outros prêmios significativos, como o Prêmio Paraná de Literatura, com o romance “Centopéia de Neon”. Naqueles morros, depois da chuva é o primeiro livro de uma trilogia.
o cara acusa Machado de pernóstico e escreve “vezo de odor quiçá brasileiro”. Sério, não dá.
O “Nihonjin” é ótimo!
Premiação é um ato ridículo, pois são interesses que ditam o vencedor e nunca o melhor.A história tá cheia de exemplo e se existiu má fé, me admira um prêmio desse não trabalhar com desvio padrão. Não é possível que não saibam o que é desvio padrão.
Tudo bem, o tal jurado resolveu chutar o pau da barraca, só escancarou, com as notas mínimas, a palhada que são os concursos e prêmios literários. Difícil é ver a imprensa criticar o tal jurado C pq ele preferiu os desconhecidos em detrimento dos nomes consagrados. Não vi ninguém falar a respeito da qualidade das obras, tanto as que venceram quanto às que receberam menções esdruxulas. Então os autores eram julgados pelo seu passado literário ou pelo livro com o qual concorriam ao prêmio? Quais são os critérios desses prêmios que recebem de 300 a 400 livros para serem julgados, será que os livros dos Zés-Manés são ao menos lidos? Acho que as grandes editoras e os grandes nomes tanto do jornalismo quanto da crítica, estão acostumados demais a julgar o livro pela capa, ou pelo nome da capa. Ao menos o cara teve coragem e acho isso louvável. Um pouquinho de Antonio Candido:
“Em 1837 Liszt deu em Paris um concerto, onde se anunciava uma peça de Beethoven e outra de Pixis, obscuro compositor já então considerado de qualidade ínfima. Por inadvertência, o programa trocou os nomes, atribuindo a um a obra de outro, de tal modo que a assistência, composta de gente musicalmente culta e refinada, cobriu de abraços calorosos a de Pixis, que aparecia como de Beethoven, e manifestou fastio desprezivo em relação a esta, chegando muitos a se retirarem”. Acontece o tempo todo.
Louvar o estabelecido é fácil e cômodo.
Link de um texto meu onde trato um pouco destes assuntos:
http://www.musarara.com.br/a-literatura-em-crise
Aguardo o pronunciamento do cidadão C. A contradição dele na segunda fase pode ser uma defesa diante da manipulação do resultado pelos outros jurados. Não concordo com a decisão autoritária de um homem só. Menos ainda com a tirania dos grupos tendenciosos. De qualquer forma, o valor do Jabuti estaria comprometido.
Vamos começar com a Campanha devolve o JABUTI 2 a missão.Ano que vem Devbolve o Jabuti três.
Este cara, pra mim, é, com o perdão da expressão, um puta sem-vergonha, mau-caratismo é pouco pra ele.
Sérgio. Se a premiação ficou carnavalizada, como parece, sugiro a contratação dos serviços da Liesa para as futuras ‘disputas’. Com direito à apresentação da apuração em um dos sambódromos do Rio e São Paulo. E, aproveitar a ‘experiência’ do samba, onde a nota mínima é ‘oito, nota oito’. Lamentável tudo isso. Abraços saudosos.
Caro Marquinho, não sei se você vai se lembrar, mas essa história me lembrou meu dia de jurado C, quando fiz a crônica (com notas!) da final da Taça Guanabara de 1986 no JB. Enchi o Vasco, campeão, de notas 2 e 3 e dei 10 só pro Romário, autor dos dois gols do jogo. Deixei que a dor de cotovelo de rubro-negro falasse mais alto. Você foi o único a me interpelar, dizendo gentilmente, mas com firmeza, que aquilo estava errado. Tinha toda razão. Mas eu tinha a desculpa da juventude, ao contrário do tal C. Dar nota é complicado. Grande abraço.
Para Daniel Lopes, Saint-Clair Stockler, e à todos aqueles que defendem a atitude do jurado: gostaria que o mesmo acontecesse com vocês. E não precisa ser num concurso literário não – poderia ser numa Loteria da vida, ou num concurso público, ou ainda numa simples eleição para síndico de condomínio – enfim, em qualquer concorrência onde os seus interesses estivessem representados. Aí sim gostaria de ouvir suas respostas, suas verdadeiras respostas. E todo o resto é bobagem e blá-blá-blá sobre “literatura em crise e indigência literária nacional”.
E concordo com Claudio Faria (24/10/2012 às 11:39): é constrangedor para um autor saber que foi premiado por causa da manipulação de um resultado. Se as premiações só contemplam “medalhões”, então que se critique as obras desses “medalhões”. Mas daí a compactuar com uma manipulação de resultado?! Fala sério. E é aí que se revela o verdadeiro caráter de muitos: Regras? Para os outros!
Dá pena dos “vencedores”, coitados…
Esse jurado é só a ponta do iceberg… Somente foi pego por ter feito uma manipulação muito grosseira.
Sugiro aos jovens escritores que somente participem de concursos literários que não envolvam prêmios em dinheiro, nem divulgação na mídia (que também equivale a dinheiro), nem publicação gratuita das obras (que também equivale a dinheiro).
Poderão perguntar: “Se for assim, qual será a vantagem de vencer um prêmio desses?”. Apenas uma: reconhecimento, ainda que por parte de um pequeno grupo. E isso é o mais importante.
Até mesmo nesses casos poderão ocorrer manipulações, mas, se o prêmio não envolver dinheiro, de forma direta ou indireta, a probabilidade disso ocorrer será muito menor.
Que estranho prazer sinto ao perceber, enquanto passo os olhos despreocupados pela minha estante de livros, que nenhum, entre os inúmeros volumes que orgulho de possuir, foi adquirido por força de algo tão circunstancial, contingente e arbitrário quanto um prêmio.
Quer dizer que se o sr. Rodrigo Gurgel tivesse dado notas altas ao livro de Ana Maria Machado ninguém estaria por aí a fazer beicinho, é isso? Essa turma precisa se emendar e, para além disso, ler um pouco mais, a começar por “Teoria do Medalhão”, de Machado de Assis.
Não quer dizer nada disso, Kosmo. Algumas pessoas acham que manipular resultados é perdoável se favorecer os poderosos. Outras acham que manipular resultados é perdoável se favorecer os oprimidos. Um terceiro grupo, por incrível que pareça, acha que manipular resultados é imperdoável em qualquer circunstância.
Vai continuar essa polêmica, só porque um descendente de japonês foi o ganhador? Isso é preconceito.
Rafael Cavalcanti, quando é que esses concursos foram sérios? Só vc mesmo que é muito ingênuo para acreditar. É tudo uma grande indústria para promover os interesses das grandes editoras e dos autores que já nascem em berço de ouro. Adorno já destrinchou essa papagaiada inteira há uns 80 anos. Sem contar que o jurado de hoje é o concorrente de amanhã. Eles são todos amigos, saem pra fofocar juntos. Será que vc não percebe a imensa panela que isto tudo é? A literatura brasileira é uma rede deconchavos e mais nada. Ninguém nem anda lendo essa mentirada que está sendo escrita. Não foi o jurado que fez a falcatrua, menino, ele só tirou sarro para que vcs vissem a palhaçada que é. Quanto aos meus interesses, jamais vão ferir, pq não participo de prêmios literários e tb não espero nada de ninguém. Como diria o Milton Nascimento “Vou seguir sempre sozinho pq ninguém nunca me ajudou”. Sofri violências muito maiores, mas aprendi a assobiar. E o destino de toda essa porcariada, dessa literatura preguiçosa e enjoada, sem sangue e sem fel, politicamente correta e apadrinhada até umas horas que se faz hj é a lata do lixo. Sem contar que a qualidade dos nossos críticos tb é de dar pena. Estou mais preocupado em aprender… Tb não sei pq as pessoas estão preocupadas em defender Dalton Trevisan, Lygia Fagundes Telles e todos os outros. São elefantes não precisam do apoio das formiguinhaZ ou dos jurados C.
E ridiculo quem diz que o premio tem “grupos tendenciosos”. Entao e so escolher nao concorrer… O que nao da e desmoralizar pessoas que tenham genuinamente se esforcado, e poderiam ate ter ganho… Daqui a pouco quem e bom vai ter que pedir desculpa por isso. Claro, os “medalhoes” sao mais favorecidos. O que nao quer dizer que os novatos sejam aleatoriamente favorecidos… Mas o jurado C tem que participar do premio? Nao pode simplesmente se abster e criticar? Imagino o dia em que nao basta ganhar o Nobel, so vai poder ganhar estando em uma universidade em certo lugar, sendo de certa raca, e sendo “desconhecido” rssssss
Depois que deram o jabuti pro esperto irmão da futura ministra da cultura … qualquer coisa que surgir não será surpresa …
E tem o grupo que só aparece para reclamar quando alguém da patota toma um não. Temos aí o embrião da geração y, uma turma sem superego, não acostumada a receber críticas. Curioso, Sérgio Rodrigues, é que ninguém parece ter lido o injustiçado de Ana Maria Machado. No fim, ela deveria agradecer ao Gurgel: sem dúvida, agora, os livros vão vender um pouquinho, e os jornais/revistas/blog vão mobilizar a discussão por uns dias…quem sabe até alguém arrisque a comprar a obra…
DEVOLVE O JABUTI CHIQUINHO BUARQUINHO
Não sei porquê, mas me lembrei do PT!
Gracias pela menção, Sérgio! Já comentei que acho boa essa sacudida no prêmio, apesar de tudo. Inclusive comecei a ler o Nakasato (que estou achando bem bom). Sobre os votos do C, ele tem todo o direito de não gostar da Ana Maria Machado, mas as diferenças nas notas do Wilson Bueno e da Luciana Hidalgo na primeira e na segunda fase ele terá de explicar quando puder falar…
Raquel, não há de quê, parabéns pelas matérias. Temo que uma sacudida seja pouco, a necessidade é mais de um desfibrilador. Acredito (e torço para) que o Nakasato seja bom mesmo, depois me diz. É uma pena que a premiação tenha sido maculada desse jeito. Um abraço.
Ficou claro porque o Chico Buarque de HoLLanda também ganhou o prêmio Jabuti.
JABUTI NUNCA MAIS!!!
Jeitao brasileiro, atacando até os ditos intelectuais. Quando a falta de moral e etica compromete todo um premio e talvez alguns jurados serios.
E mais,como ler as noticias e fingir que nao entende:
“Mário – 24/10/2012 às 15:30
Vai continuar essa polêmica, só porque um descendente de japonês foi o ganhador? Isso é preconceito.”
Rodrigo Gurgel é um dos melhores críticos literários do país. Se as notas poderiam ser atribuídas entre 0 e 10, qual a surpresa se um jurado atribuiu 10 a uma obra, e à outra 1,5? Creio que o jurado tenha imputado as notas de acordo com seu conhecimento, sua reputação, sua opinião e sua liberdade de julgo. Ou então agora o jurado deveria votar de acordo com a “média” dos outros, aquela mediocridade típica brasileira, onde o ruim não pode ser péssimo, e o bom nunca pode ser ótimo.
Estão agora a julgar o juiz? Quando será que essa mediocridade será extirpada da consciência cultural nacional?
Compartilho a excelente contribuição de Paulo Roberto Pires ao debate, no blog do IMS: “O jurado C da vez”:
http://blogdoims.uol.com.br/ims/o-jurado-c-da-vez-por-paulo-roberto-pires/
O que houve então? Em que se baseou a crítica para inversão de valores? Há algo maior do que responder questões como estas, pequenas diante de tamanha desfaçatez!
‘Agora vou ter de provar competência’, diz vencedor do Jabuti « VEJA Meus Livros – VEJA.com
Kosmo Cramer, eu li o livro da Ana Maria Machado, sim. Não o considerei espetacular, mas sem dúvida, é um bom livro. Nem sou qualificado para dizer que é o melhor entre os livros concorrentes, mas certamente não é livro para notas próximas a zero.
Além disso, seu argumento é completamente errado e incoerente porque o PRÓPRIO jurado dera notas altas na primeira fase para livros que ele posteriormente jogou ao chão. Logo, não se trata dele ter gostado ou não dos livros dos “medalhões”, como você se refere. Ele simplesmente quis derrubar alguns e – será? – em detrimentos de outros. Me pergunto se ele realmente quis favorecer o livro vencedor ou tão somente derrubar os outros?
Além do mais, a questão, como bem respondeu mais abaixo o Sérgio Rodrigues, não é “quem sofreu com a manipulação”, mas sim a própria manipulação em si. Ao que parece, se o prejudicado fosse o autor que venceu… aí você teria ficado indignado, afinal, ele não é um “medalhão”, certo? Nesse caso pode???
Houve fraude e isso é um erro. Simples assim.
E, aproveitando, não se trata de “julgar o juiz” simplesmente, como postou o Milton Xavier, aqui embaixo. O juiz deu notas 8,67 para o livro de Wilson Bueno na etapa eliminatória e 0,33 na final; e no da Luciana Hidalgo “mudou” de 9 para 0,83. É ÓBVIO que ele não deu as notas que julgou justas na etapa final. Ou alguém realmente acredita que , incrivelmente, ele deixou de reconhecer o valor dos dois livros assim de forma tão rápida e vertiginosa? Ele quis manipular e conseguiu. Não foi imparcial e lambuzou tudo. O curioso é que ainda haja que o defenda. Aliás, não é curioso; é lamentável mesmo.
Daniel:
Para quem diz andar assobiando, você guarda muito rancor. “Rede de conchavos”, “panela”, “mentirada” – de leve você não tem nada. Detona a literatura brasileira atual E os críticos! Em que terra arrasada – no meio das cinzas – você vive? E isso é maneira de um jurado tirar sarro, se é que foi sarro? E se fosse com um time do seu coração – supondo que você tenha time e ainda tenha um coração batendo? Você acharia tudo muito normal, só pra mostrar o ridículo de tudo? Tenho pena de você: se velho, a vida te deixou amargo; se novo, a vida te tirou a esperança. Tsc, tsc.
Milton Xavier:
Faço à você as críticas que fiz ao Daniel Lopes e ao Saint-Clair Stockler: queria que acontecesse com você. Aí sim eu gostaria de ouvir sua verdadeira resposta. Ou a vida te deixou amargo também? Contra tudo e todos? Não esperando nada de ninguém? E porque não julgar este juiz? – aliás, jurado: corrijo sua palavra. Isto não é um STF literário! A mediocridade brasileira que você aponta está justamente no contrário: no achar que as regras só valem para os outros, que os fins justificam os meios, que o velho jeitinho é algo normal e válido.
São vocês que representam a velha geração: se não são fisicamente velhos, suas idéias e moral são velhas.
E se acham que todas as críticas ao jurado são descabidas, sugiro que mudem pra Papua-Nova Guiné: lá não tem concurso literário, nem jurados, nem críticos, nem regras de concurso. Lá vocês podem viver andando e assobiando, longe da mediocridade brasileira.
Caro Sérgio,
Vivo fora do Brasil e visito com frequência seu blog para atualizar-me sobre as questões literárias que ocorrem por aí. Sobre a questão do Jabuti, tenho algumas considerações:
– o regulamento do prêmio precisa de urgente revisão;
– lamentável a atitude do crítico;
– lamentável ainda mais, no entanto, o fato de as chamas do circo que pega fogo atingirem um autor iniciante (Nakasato), que pode ficar indelevelmente marcado com essa história;
Incêndios, incidentes e brigas literárias sempre aconteceram. Sempre acontecerão. Ao fim de tudo, porém, quando as chamas derem lugar a cinzas, o que restará é a boa (ou má) literatura. Não foi sempre assim?
Considero teu trabalho um dos mais sérios do país. A exemplo do que foi feito recentemente pelo blog “Mundo Livro”, que avaliou os vencedores da Granta, que tal fazer uma crítica das obras que chegaram à fase final do Jabuti? Tenho certeza de que você faria isso com grande competência e isenção.
Abraços,
Rastignac
Caro Rastignac, agradeço a leitura, as palavras gentis e a sugestão. Um abraço.
A resposta de Claudio Faria, feita às 10:02, resumiu a questão em poucas linhas e respondeu a todos que ainda tentam defender o que é indefensável.
A manipulação ocorreu de forma óbvia, grosseira mesmo.
Esse cara que prefiro chamar de Jurado C conseguiu o que queria: Aparecer, prefiro nem mencionar seu nome, muito baixo o que fez em busca de holofortes.
Sujar a imagem do prêmio acho muito difícil( as edições anteriores já fizeram isso muito bem)
Vai continuar essa polêmica, só porque um descendente de japonês foi o ganhador? Isso é preconceito.
Mário 15:02
Esse merece o prêmio Jabuti de comentário mais ingênuo do Mundo, fala sério tudo vcs queram atribuir a preconceito, pense num pensamento rasteiro!!
CAMPANHA: DEEM UM JABUTI PARA A BRUNA SURFISTINHA!
Ninguém sabe exatamente as notas dadas pelo tal jurado na fase inicial. Por isso, o que você escreveu é pura especulação maldosa e irresponsável.
Outra coisa é o vazamento da identidade do jurado. Sendo ele ou não o tal Rodrigo Gurgel, o fato é que alguém vazou a informação para prejudicar a pessoa.
Não, Mauricio, não é assim que funciona. A informação sobre a identidade do jurado e as notas foi publicada pela ‘Folha’ (vazou, certamente, ou você acha que alguém chutaria centésimos?) e não foi desmentida pela CBL. Não fiz especulação alguma, muito menos “maldosa e irresponsável”, apenas um comentário (dos mais comedidos) sobre uma informação publicada, citando a fonte.
Sérgio,
Permita-me pisar no movediço e traiçoeiro terreno das hipóteses. Suponha que, na primeira etapa da avaliação, o nosso querido Jurado C, movido pelo impulso de proferir um juízo justo e correto sobre as obras que foram submetidas ao seu escrutínio, deu as notas que, no seu íntimo juízo estético, considerou as mais adequadas.
Agora suponha que, iniciada a segunda etapa do certâmen, o intrépido Jurado C tenha sido convidado para um cafezinho (não se sabe a identidade do outro participante desse encontro) e, como que casualmente, alguém lhe sugere que, para agradar o patrocinador X, seria necessário dar uma nota generosa para Y e Z, autores de indiscutível calibre literário, consagrados pela mais rigorosa crítica venal. Os demais jurados, assim diz o misterioso interlocutor, já estariam de acordo, movidos, evidentemente, por estritas considerações pecuniárias, quer dizer, estéticas.
O pobre Jurado C descobre que estava participando ingenuamente de um jogo de cartas marcadas.
Que faz ele? Chuta o pau da barraca!
Essa hipótese é verdadeira? Acredito que não, embora não seja de todo inverossímil. O mais provável é que o Jurado C tenha sido movido pelo espírito-de-porco. Ma chi lo sa?
Caaaaaaaaaaara, só a dentadura da Ana Maria Machado já merece um prêmio. Alguém dá um prêmio pra ela.
O ganhador do Prêmio Jabuti, em entrevista à Folha de Londrina no último dia 20, mostrou-se constrangido com a polêmica gerada pelo jurado C. Disse Nakasato: “Sei que todo mundo vai questionar a atitude desse jurado, por isso minha felicidade em ter ganho esse prêmio não é completa.”
Não desmentir, não significa confirmar. A regra é que as informações serão todas divulgadas no final do mês que vem. A coisa vazou? Por quem? Confirmada? Não. É especulação pois a informação não é confiável. Se você não quer admitir que especula maldosamente e quer jogar isso no colo da fonte que citou, assumindo o papel de repassador, então é apenas irresponsabilidade da sua parte ficar propagando algo que pode destruir a vida de alguém. Como queira.
Maurício, em jornalismo eu te dou zero, com muito mais propriedade do que o jurado C a Ana Maria Machado. Nunca ouviu falar em off? Cada um responde – sim, responsabilidade quer dizer isso – pelas informações que divulga. No caso, dei curso às que me consta (não preciso dizer como nem por quê) serem verdadeiras. Se amanhã se provarem erradas, eu perco. Até lá, vá perturbar outro.
Caro Sérgio:
Como dissera o CLAUDIO FARIA, às 10:02:
“O juiz deu notas 8,67 para o livro de Wilson Bueno na etapa eliminatória e 0,33 na final; e no da Luciana Hidalgo “mudou” de 9 para 0,83. É ÓBVIO que ele não deu as notas que julgou justas na etapa final. Ou alguém realmente acredita que , incrivelmente, ele deixou de reconhecer o valor dos dois livros assim de forma tão rápida e vertiginosa?”
Diante do que houve, a manipulação é óbvia. Se algum sujeito não quiser ou não conseguir ver isso, ou é idiota mesmo, ou é mau caráter. Ou então é daqueles que gostam de “dar o contra”, para chamar a atenção por uma questão de vaidade, o que também nos remete para o primeiro caso.
Nem perca seu tempo!
abço
Sérgio,
Sua lúcida e breve análise está – nem precisaria dizer não fossem os ataques gratuitos – alinhada com o bom jornalismo… Só acho que faltaram “entrelinhas”.
Abraço grande!
O jornalismo que você defende é que acabou com a vida dos donos da escola Base e outros inúmeros inocentes. Agora, você pode ajudar enterrar a vida de mais um e dormir tranqüilo. Aliás, nem sei porque estou te perturbando. Nisso você tem toda a razão. Não sei porque perco meu tempo discutindo com gente que sempre está certa.
Também não vou perder o meu.
Mauricio, acho sempre bom leitores que questionam os jornais, que não acreditam em tudo o que leem, e por isso mesmo esclareço: as notas da primeira fase do jurado C são oficiais, confirmadas pela CBL. Ninguém tinha publicado antes da Folha porque ninguém tinha pedido essa informação à CBL. Nem eu tinha, até o comunicado da Objetiva questionando se o jurado C conhecia as notas do A e B na primeira fase me deixar de orelha em pé. Todos esses números são anunciados abertamente nas apurações do Jabuti, faltava só bater as duas fases. Quanto ao Gurgel, é ele, não há o menor risco de erro nisso, te garanto. Isso a CBL não pode confirmar oficialmente, mas a suspeita inicial do Paulo acabou confirmada por três pessoas ligadas ao processo todo, ou não teríamos publicado.
Putz! “ESCOLA BASE” virou um chavão de uso automático, que já ouvi ser usado até para defender a inocência do José Dirceu… Ridículo.
Eu sou daquelas que acham que manipular resultados é imperdoável, seja para quem for.