O último burburinho nos meios literários anglófonos é o conto-do-vigário em que caíram duas editoras de respeito – a Duckworth na Inglaterra e a Overlook nos Estados Unidos – ao comprar como uma legítima obra de não-ficção um livro chamado An incomplete history of the art of the funerary violin (Uma história incompleta da arte do violino funerário), do inglês Rohan Kriwaczek. O livro conta em detalhes, com fotos, partituras e fac-símiles de documentos, a história de um gênero musical menor, o do violino funerário, que teria sofrido perseguição da Igreja Católica no século XIX até ser virtualmente extinto, sobrevivendo apenas como culto secreto numa organização chamada Sociedade dos Violinistas Funerários.
O livro vai ser publicado este mês, embora tenha sido denunciado por historiadores e músicos como uma completa invenção, segundo reportagem do “New York Times” (aqui, em inglês, mediante cadastro gratuito). “Verdadeiro ou falso, é o trabalho de alguma espécie de gênio louco. Se é uma fraude, é uma fraude brilhante, brilhante”, defende-se Peter Mayer, editor da Overlook. O autor não quis falar.
16 Comentários
Eu já toquei um.
Meio Borges, isso, né?
É só mudar a prateleira, não?
Já adicionei à wishlist. Mas na Amazon diz que o livro só será publicado em janeiro de 2007.
Só não entendo por que desperdiçar um bom livro de ficção (se é tão brilhante quanto diz o editor) afirmando ser de não-ficção (onde ele se torna picareta). Assume e pronto. A não ser que o burburinho seja a intenção do autor, vai saber.
Qual é o problema nisso tudo? Tem gente que acha o lixo que Dan Brown escreveu em “Código DaVinci” verídico… e pior ainda, acha bom…
Acredito que a história ai do violino é bem melhor do que “código”… e o autor, espertalhão ou não, deve de longe escrever melhor q o senhor Dan…
well, se ainda nao foi comprovada a veracidade da suposta fraude, nao tenho comentario algum a fazer…
so resta esperar…de resto eh uma palavra contra a outra….
Sendo apresentado como legítimo e depois descoberto que é uma ficção, imagina só o que não deu de Ibope para o livro e autor??? Provavelmente era esta a intenção.
Os ingleses adoram isto. Lembram da tradução dos Poemas de Ossian feita por James MacPherson?
Para quem não “lembra”:
http://solomonspalding.com/SRP/Ossian/MacPhr00.htm
Vivemos a época de ouro do caoísmo, ainda não perceberam? Pra quem não conhece a palavra, “caô” é mentira, papo, historinha.
Vinicius,
Adorei o teu texto sobre Kafka. Lembrar do humor que a palavra “kafikiano” fez esquecer é sempre bom.
Realmente “O Castelo” que você descreveu é como eu o leio.
Aliás, outra releitura. rsrs
Não conheço W. G. Sebald. Agor vou acrescentar à lista o “Vertigo”.
Deve ser fascinante pelo que você descreveu, me deu urgência de ler.
Tem o “F for Fake”…
Poxa, Clarice, que maravilha ter gostado tanto assim do meu blog.
Me lembra Borges, que escrevia ensaios sobre livros (pessoas, seitas, filosofias) que não existiam. Brilhante. Eu compraria.
Vinicius,
Gostei mesmo. Ainda não li tudo.
Estou com muitos por aqui. “Enganar” a editora é o de menos. Vai que essa história toda foi premeditada. E, no final das contas, o povo não está sem aí se a história é falsa ou verdadeira.