Matéria de capa da Ilustrada de hoje revela (só para assinantes) que a excelente cantora Adriana Calcanhotto, por causa de um surto psicótico – induzido por medicamentos – que sofreu durante viagem a Portugal, descobriu-se escritora. Com objetivos terapêuticos, enquanto era sitiada por ataques de pânico e delírio, Adriana começou a escrever feito uma doida e quando reparou, olha só, tinha nas mãos um livro chamado “Saga lusa”. Um livro que está prestes a ser lançado por uma editora nanica.
Adriana brinca, já se imaginando na Academia Brasileira de Letras, mas no fim volta a falar sério e decreta que a canção “é superior” à literatura. Tudo muito leve, divertido. Daria uma boa nota de coluna social, quem sabe até uma materinha de interesse humano, daquelas que os nacionalistas mais ferrenhos chamam de feature.
Pena que, tendo ido parar no espaço nobre da capa da Ilustrada, o surto psicótico-logorréico de Adriana Calcanhotto em Portugal deixe de soar como uma anedota para se tornar sintoma de uma síndrome grave: a da transformação da arte, qualquer arte, num acessório cada vez mais desimportante – e às vezes até ridículo, merecedor de todos os achincalhes – no magnífico desfile da Fama.
Vale a pena fazer um exercício. Imaginemos que, sei lá, Milton Hatoum desandasse um belo dia a cantar no banho e, empolgado com seus recém-descobertos dós de peito, acabasse gravando um CD caseiro, apenas para declarar ao fim da aventura que “o romance é superior à canção”. Mereceria o talentoso escritor amazonense o mesmo tapete vermelho na festa do jornalismo cultural?
É evidente que não. Na lógica da Síndrome, Hatoum mal existe, não é uma celebridade como Adriana. Aliás, em nosso país a literatura – coisa de gente maluca, como se viu – não costuma gerar celebridades; a música popular, sim. Não será justamente isso que Adriana Calcanhotto quer dizer quando afirma que a canção é “superior”?
E ainda nem mencionei o traço mais insidioso da Síndrome: com seu jeito fofo, simpaticão, faz a gente parecer apenas mal-humorado quando resolve chamá-la pelo nome certo.
42 Comentários
Fiquei assustada quando li a matéria. Não vou nem entrar no mérito da qualidade literária, mas me parece um perigo que alguém escreva sobre um surto psicótico como se fosse uma epifania que teve durante o Caminho de Santiago, uma iluminação iogue na Índia, sei lá. Caramba, isso é doença. E transformar doença em arte… bem, é uma arte. A própria Adriana admite que passou a vida inteira sem ler romances porque achava perda de tempo. E, de repente, se descobre escritora. Weird, pra dizer o mínimo. E, temo, irresponsável também.
Pois é, achei muito curiosa essa matéria. Gosto muito do trabalho da Adriana Calcanhotto. Ela é uma artista inteligente, talentosa e que consegue dar uma arejada na música. Mas me irrita essa banalização da literatura. Qualquer um pode ser escritor hoje. Escreve alguma coisa lá juntando crises existenciais suuuuupermodernas, urbanas é claro, e algum trocadilho esdrúxulo ou algo que consiga juntar, sei lá, Camões com monóxido de carbono e… Pronto, temos um escritor da novíssima geração. Se já vier de uma área emq ue ficou consagrado, então, não há espaço para contestação. O próprio Chico Buarque tem um pouco disso: nunca vi algum crítico dizer que os livros dele são uma grande porcaria (não com esses termos, claro, não está na moda ser incisivo a esse ponto). Não que necessariamente eles sejam: acho até que o Chico consegue fazer algumas coisas realmente boas também na literatura (na música ele tem sua importância já assegurada, claro). Mas criticar Chico Buarque não parece recomendável, mesmo que seja uma crítica pontual, sem que tire seus méritos enquanto compositor de música brasileira. Aí a criatura surta e escreve um livro!!! Perfeitamente: surtar está na moda, faz parte da modernidade (pós-modernidade para alguns) e, mais ainda, expor seu surto, glamourizar sua incapacidade de ordenar emoções, estetizar seu deslocamento no mundo, é extremamente “cult”. Viva!!!
…Cláudinho sem bochecha, sou eu assim se vc… Quem teve coragem (cara de pau) de editar coisa tão desnecessária, deve realmente achar que pode tudo,
abração
Saí cedo de casa e a Folha nem havia chegado. Droga! Não dúvido que a Adriana Calcanhoto consiga escrever, digamos, direitinho. Como não duvidaria se um amigo, depois de meia dúzia de cervejas, me confidenciasse (como já fizeram antes) nome e sobrenome de um Ghost Writer. Preciso ler a reportagem, e quem sabe, escondidinho, folhar umas páginas do livro em alguma livraria para ter uma opinião certa. Porém eu dúvido que o Hatoum consiga acertar uma só nota dó. Não é nem um pouco a cara dele.
Sérgio, vamos montar um conjunto de Samba? Quem sabe viramos Celebridades? (C maiúculo proposital)
interessante este viés que o juliano puxou: raras vozes discordam do tom amigão de todas as críticas no brasil. o lulu santos era uma exceção, assim como o lobão, e também o tim maia. o resto é uma babação de ovo sem tamanho, improdutiva e babaca.
Juliano, só para constar. Os livros do Chico são bons. As peças dele eram boas. Indubitávelmente a música dele é melhor que tudo isso. Ou costumava ser.
Não sei porque todo esse espanto, num país onde Paulo Coelho se auto-intitula o “intelectual mais importante” e a mais alta estirpe literária, com assento na ABL, compartilha a imortalidade com Sarneys e Marinhos, qual o problema? A literatura brasileira, infelizmente, não abriga apenas Machados e Rosas, mas também alguns “loucos” e isso não é de hoje… De qualquer modo, prefiro não pre-julgar o trabalho e aguardar. Quem sabe, não teremos uma boa surpresa, ao descobrir que pessoas que escrevem lindas canções, também são capazes de escrever bons livros. Por que não?! O fato é que, enquanto alguns não têm ou não exploram nenhum de seus talentos, outros têm a feliz oportunidade de serem multi-talentosos… Até aí nenhum problema. Mas se aquestão é a “origem” da inspiração, quantos não escreveram sob efeito de algum alucinógeno e nem por isso foram considerados menos geniais? No fundo, isso é puro preconceito e não vale à pena ser levado em conta.
Por isso as letras das músicas dela são “sem pé nem cabeça”.
Meu reconheceimento à Adriana. Li os comentários acima e acho que as pessoas estão bastante recalcadas, inclusive o autor, visto que a intenção da matéria parece ser parcial e despeitada.
– Qual o problema de uma cantora, que sempre escreveu, escrever em outro formato?
– O mercado das editoras nanicas existe e funciona.
– Quem pretende ser celebridade , que seja, mas ela não é.
– Se não quer ler, não leia, mas sem ler, não critique.
– Algum de vocês gostaria de editar um livro? Trabalho em uma editora e vejo que muitas pessoas valorizam o próprio trabalho, apesar do baixo poder comercial das obras. E vejo principalmente uma maioria que especula o suficiente para sair dizendo que seu trabalho é muito bom, incompreendido, e que não queria mesmo lançar o livro por ali … mas estes textos que li aqui são aparentemente de pessoas frustradas ou receosas de popularizar qualquer criação com sua assinatura preocupadas com a aceitação. Parabéns para aqueles que buscam aquilo que acreditam, e REALIZAM.
E para terminar, a música, realmente é infinitamente superior à literatura (se é que é para comparar) visto que contém a literatura e outros elementos sem cor, nem cheiro mas que tem o poder de comover como poucas coisas disponíveis no mundo, exeercendo o verdadeiro papel da arte.
Eduardo, calma lá meu caro! Recalcadas? Frustradas? Receosas? Coitado de nós, pessoas que comentamos por aqui. Acho que o objetivo do artigo, e muito bem atingido pelo Sérgio, é de questionar os valores culturais, principalmente da mídia, de dar mais destaque a um livro escrito em arroubos inspiratórios de uma cantora (muito boa por sinal) a um escritor multipremiado no Brasil e exterior. Em que um quadrinista pop é o destaque principal do Festival Literário mais importante do País. De não darmos valor a um Milton Hatoum, um Raduan Nassar, um Cristovão Tezza, um Marcelino Freire, uma Beatriz Bracher, como um dia demos a um Drummond, a um Vinícius (Poeta, Cronista, Diplomata, Músico, com qualidade em todas essas áreas), um Monteiro Lobato. Como eu disse, para falar da Obra, preciso ler, como lí cada um dos autores que citei. Mas eu continuo concordando com o Sérgio, tem algo de errado com os valores desse País.
Eduardo, você entendeu (quase) tudo: morro de inveja da Adriana, queria ser cantor ou marinheiro e só consegui ser escritor, cultor dessa forma menor e mesquinha de arte. Mesmo assim, convém ler o post mais algumas vezes, até entender que não está em questão o tal livro dela, que não li (nem a Folha). O que está em questão, e como está, é o jornalismo dito cultural.
Hoje você está especial, caríssimo Sérgio, Milton Hatoum cantando no chuveiro soltando um dó de peito. Você vestido de marinheiro (ahg!!! My eyes!!!).
O post me deixou confuso, também. Sem compreender direito onde está realmente o problema. Antes de julgar que o leitor aqui é pouco inteligente para chegar a um entendimento, vale a pena repensar a clareza da idéia e/ou do texto. Eu li no uol a matéria e não vi nada que me fizesse pensar em Hatoum cantando ou algo assim. Apenas uma cantora que decidiu se arriscar na literatura e com um senso de humor que já a coloca na frente de um monte de outros escritores que querem se arriscar mas se levam a sério de mais.
A propósito, os livros do Chico Buarque evoluíram do bom para o excelente. Budapeste é maravilhoso. Talvez seja por isso que ninguém ceda à tentação de criticá-lo.
Olá pessoal!
Tá pensando que é só Deus que mata? nananinanão. A inveja também, viu? Muitos beijos.
Obrigado, Fernando, mas poupe sua imaginação. Embora tenha sido um fã precoce do Popeye na primeira infância, nunca quis ser marinheiro a não ser na hora de fazer uma brincadeira com aquela canção do Antônio Cícero, sucesso da Adriana. Abraço.
Tive que deixar de ser um leitor silencioso do blog pela qualidade do post.
Surto psicótico? Acho que ela vai acabar ganhando algum prêmio literário do multishow ou coisa que o valha…
Comentário do sujeito aí de cima: “A propósito, os livros do Chico Buarque evoluíram do bom para o excelente. Budapeste é maravilhoso. Talvez seja por isso que ninguém ceda à tentação de criticá-lo.
Pelo visto, as groupies abandonaram o “MetTaL PeSaDo” e migraram para a literatura ilegível…
Sabe aquela história da Billie Holiday ? Ela foi procurar emprego e enumerou suas qualidades: “sei dançar, posso servir de garçonete, etc”…Só que o patrão quís saber: ” E cantar, você sabe ?” Ela disse: ” Claro. Cantar todo mundo sabe.”
Escrever todo mundo “sabe.” Tirante nossos analfabetos mil. E todo mundo tem direito a escrever – e publicar, havendo quem queira. Agora, o que está em questão realmente é nosso jornalismo cultural. Não podemos esquecer que imprensa trabalham com tempo e espaço. Logo, as celebridades tomam espaço e tempo que poderiam ser dedicados a outros autores e artistas. Tenho como princípio o seguinte pensamento: a expressão artísitica, seja ela “maior” ou “menor” – mas sendo sempre artísitica – nunca vai ser tamponada. Independentemente de condições sociais, falta de espaço, oportunidade, ou surtos piscóticos, toda manifestação aertísitca acaba vindo a tona. O que acontece, é que muitas vezes ela passa despercebida às pessoas de sua época. Esse comportamento da mídia no Brasil e no mundo, possivelmente, vai fazer com que nossa época seja vista no futuro como tempos de extrema ignorância e frivolidade, resumidos na seguinte frase:
” Quero uma canção fácil, extremamente fácil, pra você e eu e todo mundo cantar junto.
Jota Quest.”
Ah, tem outra boa:
” Nem QUE FOR só por uma noite.” ( sic )
Chorão ( Charlie Brown J.R )
O Cara que escreve um verso desses tem que pegar dez anos de cadeia, no mínimo.
Bom, vou ficar por aqui, que estou mal-humorado e apocalíptico. daqui a pouco vou ter um surto psicótico.
Escritor escreve. Celebridade celebra (!?)
Sérgio. Imaginação não tem jeito. Quando viu, já foi. ´Quando damos sorte dá para juntar uns pedaços de imaginação soltas e escrever umas linhas.
Rodrigo: Eu acho o Chico acima da média como escritor. Sério mesmo. Mas o cara é um músico tão bom, mas tão bom mesmo, que por mais que se se torne escritor excelente, será eternamente um músico genial. E entre a excelência e a genialidade tem muito chão.
Claudio: Me parece que as Celebridades só celebram mesmo. Cartola que pegou duro no batente, nunca foi uma celebridade.
Tricia: Inveja pode matar ou pode estimular. Vou ser sincero, cada vez que vejo o resultado do prêmio Jabuti me dá uma inveja das boas. Vou lá, leio o livro e aproveito tudo que o laureado fez de certo. A minha inveja, nesse caso me torna um cara melhor e mais focado.
Pedro: Acredite em mim, tem gente que não nasceu para cantar. Eu sou um deles. Também não nasci para jogar futebol. O Chico faz as três coisas.
Acredito que ela não teve a intenção de diminuir a literatura. Acho que foi uma forma dela expressar que compõe melhor do que escreve ficção e assumir-se como uma escritora de menor importância. Afinal de contas, não precisa ser um Saramago pra ter o direito de escrever e publicar um livro.
Caraca! os pseudos cantores agora deram pra escrever livros? Stop Please Paul Rabbit já encheu meu saquinho, gostava mais dele quando fumava seu baseado e sentava na mandioca do Raul Seixas, quantas madrugadas passamos juntos naquele pedaço da Major Sertório o Raul cantando ele fumando e eu como músico do Raul escutava as merdas que o Paul vomitava, agora ele é intelectual? então dou a mão a palmatória e digo: fumar um baseado, encher o cusão de whisky ter um surto de diarréia e começar a escrever, logo Fabio Jr. Tiririca, Falcão e um monte de Ex cantores vão colocar aquela ridiculosidade de fardão e sentar naquelas cadeiras duras da academia tomar um chazinho de milícia ou hortelã e vomitar asneiras em papel e…pasmem!!! ficar ricos a custa de trouxas metidos a intelectuais.
Loser Manos, quanta sagacidade, sarcasmo e perspicácia, tudo isso rechado com uma agressividade contundente. Será que você não é um idolo do roque? Sabe como é, groupies estão sempre à espreita.
Gente,
Vamos reconhecer, talentos à parte, falta critérios à mídia. Enquanto as variações a respeito de John se avolumam, não me furtei a esse fugaz surto psicótico estimulado pela “qualidade do post” (concordo, Loser Manos, terminei de ler extremamente bem-humorada) para registrar como é mortalmente gostoso ser ilustre porém desconhecida enquanto exerço a igualdade jurídica que me é garantida: canto ao dirigir, danço debaixo do chuveiro, escrevo para exorcisar-me sem a menor pretensão de publicar (e, se for prá invejar, que seja a Cecília Meirelles e Adélia Prado), não sei jogar bola nem peteca, “ouço” as rosas (ah! elas falam, sim, Cartola) e pego no batente todo dia…
Comuns que somos, dialeticamente, vamos todos celebrar a nossa intelectualidade nesta vasta rede de inteligência coletiva – ninguém aqui se chama Raimundo mas não nos esqueçamos: o sertão é dentro de nós.
Sérgio, a falta de referências impede a intertextualidade: é chato ter que se explicar… A literatura é coisa de doido, eu e Machado de Assis concordamos com você.
Não sou metida a nada, críticas à vontade mas réplicas e tréplicas deixei de lado quando abandonei os tribunais.
Pedro, entendo o seu inconformismo porém, quando o cara sair da cadeia, ele vai convidar prá “dançar com o tigrão”… “Nem que for só por uma noite”! E a mídia não vai explicar aos nossos iletrados mil que essa manifestação cultural acontece onde se encastelam os representantes do poder paralelo organizado, muito mais organizado, diga-se de passagem, que o poder instituído, nem admitem impunidade (“a lição sabemos de cor, só nos resta aprender”)… Então, a mídia também é coisa de doido. Bom… fiquei mal-humorada.
Com um sobrenome desses, esperar o quê?
acho q vou bater uma punheta com a canhota.
Fica aqui só entre a gente. Mas não gosto de Budapeste não.
E como diria alguém ‘o jornalismo cultural saiu para comprar cigarros e não voltou’.
Abs!
é “Bochecha sem Claudinho…”
Por favor, não deturpem uma obra poética.
Ah, Sérgio, e o pior é que é capaz do livro da Calcanhoto ser melhor do que 80% do que está sendo produzido, por “verdadeiros” escritores, hoje em dia…
Me lembro de ter lido na década de 80 – acho que na Status; ai, como estou envelhecendo! – uns textos do cantor Belchior. E nunca mais me esqueci: eram textos ótimos, cheios de humor, imaginação, e extremamente bem-escritos. Lembravam um pouco o – infelizmente, esquecido – José Cândido de Carvalho. Se a memória não me trai, tinha até uns desenhos do próprio Belchior… Fiquei tão impressionado com o nível literário dele que nunca mais me esqueci da leitura.
E o Caetano (quando ainda era gente, e não um deus) também andou escrevendo – na clave do pastiche – uns textos danados de bons…
Saint, o caetano tem um blog:
http://www.obraemprogresso.com.br
Descobri por dica de um colega, li quase nada ainda. Tenho uma má vontade danada com a produção desse grupo que se convencionou chamar de mpb, seja música, filme, livro, blog, franquia de brinquedos, etc.
Olha, sicneramente, Calcanhota é ruinzinha pra daná como cantora, é ruinzinha pra daná como compositora..e deve ser ruinzinha pra daná como escritora, embora tenhamos que ver pra crer.. mas o pedigree…
Mas ela tem o direito de cometer suas coisas, sejam músicas sejam textos, teatro, cinema, e o que mais o talento da moça comporte, né verdade?
O que mais me irrita na Calcanhota é a pose, ela tá sempre se achando…rssss… ela acha que é intelectual, acha que é descolada, acha que saca tudo, que sabe de tudo, que entende tudo… quando se sabe que realmente é entendida…rssss..puxa, que maldade minha..
Agora, o jornalismo dito “curtural” no BR tá ruinzinho pra daná, tá não?
Sérgio tá certo nisso.
Saint-Clair, me lembro desses textos do Belchior..rss..o cara é bom mesmo. MAs também, o gajo tem um nível de leitura sensacional, vc sabe disso, né? Então uma coisa puxa a outra, né verdade..
Belchior e outra historia: seu objetivo inicial *era* ser escritor (poeta, se nao me engano), mas so conseguiu estourar na musica (oh, pobre infeliz). Se nao me engano, ele tem um disco apenas musicando Drummond. Ou seja: o caso dele esta a leguas luz de ser um ¨surto psicotico¨. No mais, aplausos ao Sergio pela critica no post ao jornalismo cultural brasileiro, que vai de mal a pior.
Caros, reconheço que devo desculpas a todos que contribuem para estas discussões que eu adoro. Inclusive ao autor da matéria. Realmente Sérgio, me excedi no meu comentário, escrito num momento tomado por um sentimento de quem acabou de assimilar algo importante pra si, porém que o contradiz. Sendo assim, venho lapidar minha opinião:
Após reler o texto, conforme sugestão do Sérgio, vejo que o problema realmente não é da Adriana escrever (tomei as dores dela…) mas sim de ela estar na capa de um caderno de cultura de um jornal…. Gente, as publicações existem e em meios especializados vocês encontram o que quiserem com uma busca rápida, todo mundo sabe que a mídia massiva é assim. Será por isso também que os blogs ganham cada vez mais espaço? Isso se repete em várias áreas artísticas e até acho que na literatura acontece menos. Então, como me pediram, também peço a todos que me dêem um desconto, à Adriana e até à Folha, por que não?
Lendo hoje a matéria do Globo antes de ler este post, engraçado, fiquei até com uma impressão simpática do livro da Adriana C. (que não li), mas sei lá por quê: deve ser algum tipo louco e imbatível de bom humor serrano, não me ofendeu nem um pouco o fato de ela estar ali na primeira página e em página inteira — com seu imbatível Converse vermelho —, vendendo o seu peixe como qualquer um de nós, vamos combinar, gostaria de tê-lo vendido. O que achei interessante, inédito mesmo, foi o livro dela ter sido publicado por uma editora nanica. Será que ninguém mais se interessou? Estranho. As grandes editoras deste país costumam adorar uma celebridade (como condição sine qua non de qualidade), Sérgio, me desculpe (não é o seu caso), mas inclusive a que te publica: uma posição inclusive oficial do corpo editorial. E por falar no assunto, li no outro dia no NY Times que Will Self se tornou um escritor bem menos interessante depois que largou as drogas, que espanto, mas, ui, sou careta, viu, gente? Sempre fui, ah, bom. Deve ser por isso, etc, etc.
Ah, agora entendi! O problema não é a cantora – boa por sinal, como cantora e letrista – que nunca escreveu nada, numa jogada de marquetingue barato, tirar foto para o caderno cultural do jornal com cara de tereré-olhando-o-horizonte e tentar escrever um livro sobre um surto psicótico? Óquêi, não é.
O problema é a critica incompetente encalacrada no jornalismo cultural que legitima a dona Partimpim ! Eh isso?
Livro sobre surto psicotico seja da Adriana, do Didi, do Deleuze, do Compadre uóxinton do tchan ou da Madre Teresa de Calcuta… deve ser um livro ruim e desinteressante, sim. Mas deixa eu ficar quieto, pois nunca se sabe se pode vir um novo Catatau?
Uau, agora tá rolando pós censura por aqui?
Novidade interessante.
Teste
Que interessante, Sérgio. Fui colocado no seu Index? Precisei mudar de e-mail e alterar o nome para conseguir postar esse teste. Sério, achava que seu blogue era um lugar democrático, lugar que fosse possível falar livremente de literatura. Mas ai de quem te questiona, né?
Pois é, achei que foi mágoa de cabocla o teu post. Ora, questionar a indústria cultural fazendo parte dela é fácil, né? Não estou entrando no mérito da ‘literatura’ da Adriana. Nem sou muito fã de sua música, mas sua argumentação tem mais rancor que lógica. Continuo a ser seu leitor do blogue e dos livros. Mas vi que você é tão chegado numa egotrip quanto a Calcanhoto.
Thiago Candido.
Thiago:
Naturalmente, você tem o direito de achar o que quiser da minha crítica à materinha sobre o livro da Adriana Calcanhotto. Mas o direito de acusar o Todoprosa de censura, isso não tem. Se alguma mensagem sua se perdeu no filtro anti-spam, que ainda estou aprendendo a regular aqui na casa nova, lamento. Mas leia os comentários acima e verá que não lhe falta companhia nessa linha de argumentação, aliás corriqueira, do quem-critica-é-despeitado. Que história é essa de “Ai de quem te questiona”, rapaz? Um pouco mais de responsabilidade, por favor.
O Post foi publicado. E sumiu depois. Dai fui refaze-lo e apareceu um ‘aguarde a aprovação do moderador’, num blogue em que isso não existia. Minha suposição de censura não era infundada. Mas retiro-a, já que você deixou publicado meu comentário.
Todo blog de audiência significativa tem filtros. O Todoprosa sempre teve. Infelizmente, o volume diário de lixo não deixa alternativa. Mas se é verdade que seu comentário chegou a ser publicado e depois desapareceu, o caso é realmente insólito e merece investigação. Quando foi isso? Não vi nenhum comentário seu antes desses aí.
Thiago, seu silêncio sugere que as coisas não se passaram exatamente da forma que você, em sua exaltação, sustentou de início. Acontece, qualquer um pode se enganar. Mas da próxima vez tenha mais cuidado antes de fazer uma acusação tão grave.