Sincronicidade na era digital: enquanto sai pela Penguin-Companhia uma nova e caprichada edição da tradução que fiz há muitos anos (para a extinta Lacerda Editores) de “O emblema vermelho da coragem”, o clássico de Stephen Crane sobre a Guerra Civil Americana, é publicado na Espanha – como me informa a resenha empolgada de Vicente Molina Foix no “Babelia” – um romance do ótimo escritor americano Edmund White que havia me escapado ao sair em inglês, em 2007. Trata-se de Hotel de Dream, que recria ficcionalmente a morte precoce de Crane, aos 29 anos, de tuberculose. Corro para o Kindle e, trinta segundos depois, estou lendo o livro, que até agora escapou também às editoras brasileiras. Ainda estou no capítulo 5, mas já posso declarar que se trata de delícia pura. A caricatura que White faz do afetado Henry James, amigo de Crane, já vale o ingresso. Algo me diz que vou voltar a esse assunto.
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“O conto não está passando por um renascimento. Nossa recente e tão discutida saturação contística do mercado não tem a ver com nenhuma devoção real ao gênero. A situação existe porque os muitos escritores que treinamos simplesmente não sabem escrever nada além de contos.” É provocante o artigo publicado no “The Millions” por Cathy Day, ela própria contista e professora num daqueles incontáveis cursos universitários americanos de creative writing, sobre como o ritmo da vida no campus, com sua divisão por períodos, está matando as narrativas de fôlego.
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Ufanistas, rejubilai-vos! A revista americana “Publishing Perspectives” destaca o crescimento prodigioso da venda de livros de porta em porta no Brasil e pergunta se a estratégia poderia funcionar também nos EUA.
8 Comentários
Tive a mesma vontade que você (de ler o livro) e fiz a mesma coisa: corri para o Kindle. Só que, para minha surpresa, ele não existe no formato e-book da Amazon. Gostaria de saber como você fez a mágica.
Amelia, a resposta está seguindo para o seu email. Abs.
Ué, na Amazon this title is not available for L. Am.
CURIOSIDADE – Li, há muito tempo, artigo de um professor brasileiro denunciando a apropriação que o poeta gaúcho Fontoura Xavier, de fins dos século XIX, fez dos poemas de Stephen Crane, que traduziu e publicou por aqui como se fossem seus.
Caro Sérgio, o livro é mesmo muito bom. Ao contrário dos leitores abaixo, em um click comprei o livro e em 30 segundos estava com ele comigo também.
Sergio, tive o mesmo problema relatado pela Amelia; não encontrei “Hotel de Dream” para o meu Kindle. Alguma dica?
Obrigado e abraços.
Carlos, experimente criar um endereço internacional no cadastro da Amazon. Abs.
Saquei, Sergio. Obigado. Vou tentar.