Autores como Guimarães Rosa, quando morrem fisicamente, morrem também literariamente. O Rosa não vai durar muito tempo, ele hoje só é lido nas universidades. Porque ele saiu dos trilhos, exagerou. Aconteceu isso também com o Mário de Andrade que, quando escreveu “Macunaíma”, queria ser o Dante da língua portuguesa. Quem me chamou a atenção para isso pela primeira vez foi o Graciliano Ramos.
É possível saber tudo de língua e nada de literatura? A entrevista do “imortal” Evanildo Bechara ao “Jornal do Brasil” (acesso livre) revela um gramático de 80 anos que, em suas idéias sobre o idioma, conserva-se surpreendentemente jovem e arejado – bem mais que a maioria dos jornalistas de 30 que eu conheço. Motivo de festa maior que este, só o fato de Bechara não ser crítico literário.
49 Comentários
Sinto dizer, mas concordo inteiramente com a crítica literária do Bechara. E, não por acaso, é paráfrase do Graciliano Ramos, quem melhor escreve em português, junto com dois ou três outros. O que o Guimarães Rosa, o Mário de Andrade do Macunaíma e o Joyce do Ulisses fazem é malabarismo, artesanato, esporte ou sei lá o quê. São inclusive grandes nesse ofício manual, mas não são homens de idéias. Dirão talvez que, precisamente por isso, são artesãos da palavra, ou seja, literatos puros. Mas não creio que literatura se faça só de maneirismos ocos. Dostoiévski é criticado por não ter uma linguagem rebuscada, e no entanto todos louvam a sua insuperável grandeza literária. Ora, não estaria a grande arte literária para além dos maneirismos pueris de Rosa, Mário-Macunaíma e que tais?
Maneirismos ocos, pueris ???? Você já leu Guimarães Rosa ??? Caso não, tem um livro dele chamado Grande Sertão Veredas… é fácil de encontrar…. dá uma olhadinha nele…
Abraço
Mindingo: eu sempre achei que a literatura costuma se dar muito mal com idéias exclusivistas. Se alguém diz que a “verdadeira literatura” se faz SÓ de experimentação de linguagem, eu desconfio. Mas se diz que toda experimentação é oca, puro malabarismo, desconfio mais ainda. Acho que Rosa até tem alguns momentos de maneirismo, sim. Mas quando acerta em cheio é um milagre, um dos monstros da língua portuguesa em todos os tempos. (Mario não, aí a história é outra.)
“Mas quando acerta em cheio é um milagre”
Sérgio, é isso que eu quís dizer, mas fiquei meio revoltado com a figura aí de cima. AHAHA.
Honestamente, ele acerta em cheio da primeira letra ao último ponto de Grande Sertão. Quando fechei o livro olhei para ele como para algo sagrado, sem querer ser piegas. Sagrado mesmo, sem metáforas. É como as Fugas de Bach. A fuga até então, e ainda hoje, é muitas vezes um malabarismo matemático do compositor. Uma capacidade que ele tem de mostrar todo conhecimento teórico. Só que o dia em que Bach conseguiu investir as suas de beleza e inspiração, elas se tornaram uma obra inatingível.
Agora, você tem razão sobre as idéias exclusivistas. Pa da mesma forma que pode ser enfadonho ler os malabaristas, também o é muitas vezes ler os autores sem estilo. Tudo depende de “quem” “quando” “onde”…sobretudo de “quem” escreve…
Antes que me acussem de ignorância, esclareço ao distinto público que li sim, li duas vezes Grande Sertão: Veredas; li também Sagarana, as novelas que integram o atualmente desmembrado Corpo de Baile, as historietas das Primeiras Estórias.
Reconheço, e seria leviano negá-lo, em Guimarães Rosa o homem de gênio, poliglota, inspiradíssimo na tessitura de expressões verbais, criador de palavras infinitamente mais interessante que os concretistas. Mas equipará-lo a Bach…
O Bechara está correto quando diz que Guimarães Rosa é lido sobretudo nas universidades. Isso é fato. Tudo bem, não é um autor fácil, seu texto se abre em inúmeros obstáculos: a verbosidade incontida, o exibicionismo dos achados líricos, a overdose de metáforas, o culto barroco ao rebuscamento. O leitor comum desiste nas dez primeiras páginas do GSV, mareado pela ladainha incessante e hesitante de Riobaldo. Suas considerações metafísicas são enfadonhas e confusas: o livro se enriqueceria enormemente se o autor tivesse poupado o leitor de tantas especulações.
GSV é um livro irregular com passagens belíssimas ao lado de intermináveis parágrafos de pouco interesse. Riobaldo é, para mim, um personagem artificial: um homem do povo que não é um homem do povo, uma marionete na trama, que vai se modificando conforme as necessidades do enredo.
Não digo que os maneirismos de Guimarães Rosa sejam todos pueris; mas que há uma sobrevalorização de muitos dos jogos de palavras rosianos, disto não tenho dúvidas.
Rafael: o Bechara não diz que Rosa é lido sobretudo na universidade, o que seria uma banalidade, e sim que é lido só na universidade – o que é apenas falso. Culturalmente, embora não seja mesmo acessível à maioria dos leitores, o cara está mais vivo que muito escritor que anda e respira por aí. Quanto a Grande Sertão ser “irregular”, sua observação me lembra a de um amigo que, falando de uma mulher belíssima, objeto de desejo de meio mundo, insistia que o dedo médio de seu pé era feio. Obviamente, como meu amigo de libido esquiva, você não foi nocauteado pela obra-prima do Rosa como eu fui, o Pedro David parece ter sido e tanta gente, dentro e fora da universidade, também. Acontece, claro. Mas talvez esteja na hora da terceira leitura.
Acho que o prezadíssimo professor Bechara (o pouco que sei de sintaxe, devo a ele!) perdeu uma ÓTIMA oportunidade de ficar calado…
Que isso sirva de lição para (nos) lembrarmos de que ninguém é sábio em todas as áreas… rsrsrs.
De fato, ele é uma pessoa muito equilibrada e jovem para a idade que demonstra ter. É um fato raro nas nossas letras. Gostei da defesa que faz de todo tipo de comunicação. Uma agradável surpresa.
Discordo de Sergio Rodrigues quando sugere que o Bechara não saberia “nada” de literatura. A crítica dele pode ser exagerada, mas que Guimarães Rosa tem um grau de esterilidade manifestamente maior que a média, isso é ninguém pode negar. Não chego a concordar com a afirmação de que Rosa não durará muito tempo, mas o exercício de esteticismo puro que Rosa faz em Grande Sertão tem suas limitações muito pronunciadas. Eu acho absolutamente lindo o que Rosa faz em Grande Sertão, mas entendo a crítica de Bechara.
Eu nego o tal grau de esterilidade manifestamente maior.
Como este “post” trata de Rosa e, dias atrás, discutiu-se aqui o problema das “biografias não-autorizadas pela família”, achei interessante transcrever aqui um trecho de uma crônica publicada hoje no jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte. O autor é Manoel Hygino:
“[O livro de Alaor Barbosa] Com praticamente quatrocentas páginas, foi batizado de “Sinfonia Minas Gerais: A vida e a literatura de João Guimarães Rosa”, editado pela LGF, de Brasília, já nas livrarias.
Não é o primeiro trabalho de Alaor no reino mágico de Rosa. Não quis usar o adjetivo “encantado”, por óbvias razões. Soube, porém, que as filhas do celebrado autor de Cordisburgo, […] , entraram em juízo contra Alaor Barbosa e sua editora pela biografia.
O argumento é de que só as herdeiras poderiam publicar biografia de Rosa ou, no mínimo, deveria alguma outra passar pelo crivo de ambas, Wilma e Agda. O volume já se encontrava nas livrarias, mas a lastimável pendenga tem início, exatamente nos cem anos do autor cordisburguense.”
O Rafael aí em cima falou e disse, já que tem mais paciência do que eu para repisar o óbvio. Infelizmente, quem se emocionou com as profundíssimas poetadas e filosofadas do Guimaães Rosa o têm como santo – e aí já virou questão de fé, e não de razão, de modo que a crítica não é mesmo admissível.
Mindingo: engano seu, aqui neste espaço a crítica é sempre admissível, mesmo quando pouco fundada. Só que a crítica da crítica também é. Isso sim é óbvio, mas não custa repetir.
(Off-Topic)
Falando em críticas, Sérgio, você leu aquele conto – O caçador – de um autor obscuro de sampa?
Li, Tibor, e gostei. Não é fácil criar um futuro pós-apocalíptico nos dias de hoje sem que pareça uma refilmagem de Mad Max com Oscarito no papel principal, e acho que você consegue. O bando de crianças me lembrou um que aparece nas Benevolentes do Littell, num momento em que a derrota na Segunda Guerra mergulha a Alemanha em clima de vale-tudo semelhante. Se você não leu, vale a pena.
Ah, e pra que o pessoal não fique boiando, pode dar o link do seu conto aqui.
Valeu, Sérgio. Ainda não li As Benevolentes mas vou fazê-lo. Pro pessoal, aí vai o link: http://tmoricz.livejournal.com/689.html
Sérgio,
Sem querer polemizar, acredito que o só do Bechara não precisa ser levado tão ao pé da letra assim. Não me parece correto imaginar que o velho gramático queria significar que, afora os estudantes universitários, ninguém mais, ninguém mesmo leria Guimarães Rosa. Há leitores de Guimarães Rosa fora da Universidade, entre alunos do curso médio (especialmente os vestibulandos), entre aposentados, vadios, inúteis, humilhados e ofendidos, banqueiros, colecionadores de selo, filisteus, entusiastas da quiromancia, etc. Não acho que Bechara ignore o fenômeno.
Para mim, ele estava sustentando que o Guimarães Rosa é um autor apreciado principalmente nos círculos universitários, entre os estudantes de letra, que se maravilham com a destreza lingüística do autor mineiro.
Bechara fez uso de uma hipérbole.
Quanto à terceira leitura… quem sabe. Por ora tenho outras prioridades; o conturbado drama de Riobaldo e Diadorim não está entre elas.
Pronto, o Tibor hoje não vai conseguir dormir, por causa do elogio do Sérgio! Rsrsrsrs.
Acho que ele já encomedou 3 exemplares do As Fúrias… Rsrsrsrs.
P.s.: Sérgio, aproveitando o ensejo: posso anunciar aqui no TodoProsa o dia da defesa da minha dissertação, lá na Uerj? Como se trata de uma dissertação, digamos, “fora do convencional”, uma vez que ela é formada por um conjunto de contos, acho que tem tudo a ver com um site que se dedica à Prosa.
Posso?
Hein? Hein?
Pode, Saint-Clair.
Dissertação do Saint: leitura dos contos por Cid Moreira. Chazinho de cogumelo e canapés com patê de presunto e mortadela Cerati. Papo com o autor e autógrafos na saída.
Galera, essa é provavelmente a única chance que vocês terão de descobrir se “Saint-Clair Stockler” é ou não um pseudônimo, é ou não real:
No próximo dia 26, uma quarta-feira, às 13h00, no Instituto de Letras da Uerj (Rua São Francisco Xavier, 524, 11º andar, Maracanã) vou defender a minha dissertação, intitulada O amor e coisas piores. A orientadora é a professora Sílvia Regina Pinto e os professores convidados da banca são Flávio Carneiro (Uerj) e Lenivaldo Gomes (PUC).
Bem, tudo isso pra dizer que estão todos convidados!!!
(Não resisto a um comentariozinho maldoso:
consegui NÃO escrever uma dissertação cujo título tenha dois pontos, tipo “Óxidos e paradoxos: Guimarães Rosa à luz da Neurolinguística”. Rsrsrsrs. Vocês captaram o lance? rsrsrsrs)
‘brigado pela gentileza, Sérgio! Você também está convidado 🙂
Boa tarde Sérgio e demais amigos do TP.
A questão, pelo que entendi, era relacionada a “revoluções na língua”. Guimarães sobreviverá bem menos pelas revoluções no idioma (nesse ponto concordo com o professor Bechara) do que pelo mergulho profundo na alma humana, destilada através das mais de 800 páginas de seu GS:V e também em outros momentos inspirados de sua obra.
A linguagem que desestrutura, perturba a familiaridade de nosso pensamento (diria Foucault). O francês se sentiu abalado pela estranha taxionomia criada por Borges para uma “certa enciclopédia chinesa” e por isso escreveu “As palavras e as coisas”.
Rosa nos abala a idéia preconcebida (e ignorante) que temos do sertão. O sertão não é um espaço, é o tempo e o espaço. Não é um lugar, é o mundo. Mas como ele nos poderia mostrar isso através de meras palavras? Palavras não esgotam as coisas. Ainda assim, ele tentou, e por ter assumido essa hercúlea tarefa, devemos aplaudi-lo.
Vejam que trechos soberbos de GS:V: “O sertão é do tamanho do mundo (…) Sertão é o penal, criminal (…) Sertão é isto, o senhor sabe: tudo incerto, tudo certo (…) Sertão é quando menos se espera; digo (…) Sertão é o sozinho (…) Sertão: é dentro da gente (…) Sertão: estes seus vazios”.
Pena que Guimarães seja visto, primordialmente, como um revolucionário da língua. Bechara, do alto de seus 80 anos, reconhecidamente o maior filólogo brasileiro vivo, sabe disso.
Rosa não revolucionou a língua, isso, é bem provável, nunca foi seu projeto, ora, ninguém revoluciona o rio, ou o tempo, e a língua também é um fluxo. Como é o pensamento.
Mas, o que nos desestrutura é que Guimarães, paradoxalmente, parece ter inventado uma certa maneira, bastante peculiar, de pensar (e repensar) o pensamento.
Por isso, GS:V não tem um fim em si mesmo. É travessia. E enquanto há vida, sabemos, há travessia.
Não deixa de ser um certo tipo de eternidade: eterna, enquanto dura…
Falando em dissertações, o CS acaba de fazer a dele… e sem canapés.
Grande Tibor… longe disso 🙂 Aproveitando: parabéns por O caçador. E boa sorte ao Saint na defesa de sua dissertação.
Se neguinho atravessou as trocentas páginas do GS:V e não percebeu que Rosa falava do grande sertão da alma, tem algo errado. Não com Rosa, mas com o neguinho (ou branquinho, amarelinho, tanto faz).
Bach? Entendo a comparação, mas prefiro outra, no campo da música: Villa-Lobos. Grande, grandecíssimo, com todos os barroquismos e excessos. Qual minimalista pode ser comparado?
Rafael: sua teoria da mera hipérbole vem por terra quando Bechara diz: “morre também literariamente, não vai durar muito tempo”. Isso não é algo que se diga de um escritor que é lido pelas pessoas espontaneamente, como você mesmo admite, e não só por obrigação. (Certamente são palavras fortes demais para quem me parece, ao lado de Machado e Drummond, um dos três maiores escritores brasileiros da história.)
Bom comentário, C.S., mas dessa vez vai ser difícil exercer seu espírito conciliatório, que eu aliás admiro. Bechara, que eu também admiro, cometeu um deslize e tanto falando de Rosa do jeito que falou. Na boa. Até quem não é lá muito fã do estilo do homem pode reconhecer isso.
Saint-Clair: taí algo que não consigo imaginar, defender contos diante de uma banca. Quem sabe eu vou lá ver como é. Boa sorte.
Rafael, você leu GS: V duas vezes e diz que as considerações metafísicas do livro são confusas. Você acha que Riobaldo é um homem do povo que não é um homem do povo. Será que a ambigüidade não é importante no livro?
Uma coisa que o Bechara de certa forma levanta e que a tigrada aqui comenta diz respeito à intocabilidade dos grandes autores, no caso específico o JGR.
A questão é que esses grandes autores, acho mesmo que TODOS eles, cometem bobices, sim. Muitos dos grandes livros estão recheados de besteiras, exageros, partes nitidamente colocadas pra
“encher linguiça”, dar volume ao volume, se é que me entendem.
E acontece também que o cara, depois de escrever um grande livro, se vê diante do drama de manter o nível, e nem sempre, ou quase nunca, consegue.
Acontece que muita gente, principalmente nas academias, não admite que o grande autor tenha perpetrado porcarias.
E perpetra, como perpetra…
Sérgio,
Eu também nem imagino como será. Pra ser franco, nunca assisti a uma defesa na minha vida… rsrsrs. Tenho a impressão de que deve ser insuportavelmente tedioso (por isso, sempre fugi o máximo que pude). Mas, nesse caso, é claro que estou assumindo riscos, o que deve tornar a coisa mais divertida: oferecer contos como material, ainda mais quando um dos professores da banca é o Flávio Carneiro, é uma atitude suicida… rsrsrs. Enfim, nada demais pra alguém que teve pai suicida… Tá no sangue.
Vai ser ótimo se você for.
Eu nego a importância da ambigüidade no GS:V.
“Mario não, aí a história é outra” – Sérgio, que coisa estranha. Você elogia um monte de pseudo-escritores, mas bate sistematicamente no Mário de Andrade. É algum trauma de infância lá de Minas?
Da infância do Sérgio nada sei. O que sei é que o Mário de Andrade… ele é um porre!
De minha parte, fico com o divertido Oswald, o único autor da geração de 22 (não incluo Manuel Bandeira no rol) que ainda consigo ler.
Uma curiosidade: Guimarães Rosa achava Mário de Andrade um escritor grosseiro, assim como alguém que pretendia muito e entregava pouco. O documento está numa carta que ele escreve a Mary Lou Daniels, autora de uma tese universitária sobre Rosa, publicada pela José Olympio. Não sei se ela inclui a carta na tese, mas sei que a publicou num artigo sobre o autor de “Grande Sertão: Veredas.”
Rosa resolveu um problema fundamental da literatura “sertanista” brasileira, no que diz respeito à distância entre narrador primitivo e leitor culto: como introduzir a linguagem caipira sem o “folclorismo exótico” da ridicularia fonética de um Catulio da Paixão Cearense, ainda vivo mesmo nos melhores momentos de Coelho Neto. Afonso Arinos, num conto magistral, “Pedro Barqueiro,” havia proposto uma filtragem (o narrador caipira conta a história a um letrado, quase totalmente encoberto, que a transmite para nós, respeitando o vocabulário, mas traduzindo a fonética para o português urbano culto), porém, ao fazer isto, é igualmente obrigado a distanciar ainda mais o narrador caipira do leitor. Rosa percebe que o problema era mais de sintaxe que de fonética: mantém o código com sua fonética culta e experimenta com a sintaxe do linguajar caipira. O resultado é excelente: Riobaldo se expressa sintaticamente como caipira dentro de um sistema literário com código fonético de escrita conservadora universal.
“divertido Oswald”? Esse, sim, é completamente datado. O Mário tem umas coisas boas, sobretudo alguns contos, como “O peru de Natal”. Aquilo ali é literatura.
A geração de 22 inteirinha é datada, incluindo seus dois mais eminentes representantes, a dupla andradesca.
O Oswald é algo suportável porque não se levava tanto a sério; o Mário, com suas pretensões de fixar os parâmetros da cultura e língua brasileiras, envelheceu completamente.
Calma gente!
Ninguém precisa ler em português que pode ser muito chato para alguns. Mas podem ler as traduções nas seguintes línguas:
Dinamarquês
Djaevelen pa Vejen [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Peter Poulsen. Kopenhagen: Samlerens Bogklub, 1997.
Eslovaco
Vel’ká Pustatina [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Ladislav Franek. Bratislava: Vavrín, 1980.
Espanhol
Gran Sertón: Veredas [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Angél Crespo. Barcelona: Seis Barral, 1975.
Alemão
Grande Sertão: Roman. [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Curt Meyer-Clason. Munique: DTV, 1994.
Francês
Diadorim [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Jean-Jacques Villard. Paris: Albin Michel, 1965.
Diadorim [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Maryvonne Laouge-Petorelli. Paris: Albin Michel, 1991.
Holandês
Diepe Wildernis: De Wegen [Grande Sertão: Veredas]. Tradução August Willemsen. Amsterdam: Meulenhoff, 1993.
Inglês
The Devil to Pay in the Backlands [Grande Sertão: Veredas]. Tradução James L. Taylor e Harriet de Onís. New York: Knopf, 1963.
Italiano
Grande Sertao [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Edoardo Bizzarri. Milano: Feltrinelli, 1970.
Norueguês
Den Store Sertão [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Bard Kranstad. Oslo: Gyldendal, 2004.
Tcheco
Velká Divoc(ina [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Pavla Lidmilová. Praha: Odeon, 1971.
Velká Divoc(ina: Cesty [Grande Sertão: Veredas]. Tradução Pavla Lidmilová. Praha: Mladá Fronta, 2003.
Eu não entendo por que tanta tradução para um romance literariamente morto.
Ai meu Pai! Que desperdício! Os franceses, iitalianos e os tchecos fizeram duas traduções… que perda de tempo!
E ainda tem tradução de outros livros do Guimarâes Rosa: Sagarana em Norueguês ou Alemão, alguém se habilita?
Confiram aqui:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_lit/index.cfm?fuseaction=biografias_texto&cd_verbete=5177&cd_item=50
Ih!
Lá vai o Saint-Clair começar a falar embolado.
Depois do Doutorado ele não aparece mais aqui. Vai empinar o nariz e só escrever para os seus pares.
E o Tibor continua fazendo propaganda e marketing.
Como profissão, claro!
Ele trabalha nisto.
Que gente mais maldosa…
“O francês se sentiu abalado pela estranha taxionomia criada por Borges para uma “certa enciclopédia chinesa” e por isso escreveu “As palavras e as coisas”.”
Calma Cláudio!
O Foucault fez é o contrário. Usou o texto do Borges para demonstrar não só que tem senso de humor como também, como todos os filósofos estes invejosos dos literatos, para demonstrar seu ponto de vista.
Não foi pelo Borges que ele escreveu As Palavras e as coisas…
Depois ele usa o Mallarmé para ficar tudo em casa. Tem Sarraute também…
talvez muita gente ainda esteja no mundo das representações. rsrs
O Bechara certamente.
Estou estarrecida.
Eu jurava que o Bechara tava morto!
O Celso Cunha já se foi. Pensei que fossem da mesma época.
By Linda Oskam “dutch-traveller” (Amsterdam Netherlands) – See all my reviews
(REAL NAME)
This is maybe the best book I have ever read and certainly the one which I discussed the most with other people who have read it.
In this book Riobaldo, a man who has long been a bandit travelling the interior or Brazil, tells the story of his life and love to an unknown listener. In first instance he seems to be a simple man, but this impression is deceiving. Behind it is the story of a man struggling with the Big Issues of life: the devil, life, love, friendship and trust. This is set against the gorguous background of this part of Brazil.
The language used in the book is not easy: the author uses the spoken language, which means repetitions and innovative new words and the book is one big monologue. But please, read on, because once the book has gripped you, it will not let you go. And you are in for a big surprise at the end…
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5.0 out of 5 stars Grande Sertao, January 12, 2005
By Driver9 (New York, NY USA) – See all my reviews
Grande Sertao, or Gran Serton en Espanol, is one of the great, and almost forgotten works of the 20th century, in a similar category with Paradiso, by Lezama Lima. It is a wild, untamed, explosive piece of writing, hard to compare with anything else, as it springs from the soil of the northeast, where things are different. This work is very much a creature of its environment. I especially remember being transfixed by one of the characters, Diadorim, an amazing creation of the life force which Guimaraes brings to life with mercurial power.
When I was younger and had more brain cells, I read parts of the Spanish translation, never the original Portuguese. Unfortunately, the English translation leaves a lot to be desired. Even the title itslef “the Devil to pay” instead of “Hell to pay” is a big mistake. The rest is equally archaic and stiff, as though it had been translated by an aging high school english teacher. The translator also fails to capture to local dialects or slang and opts instead for British sounding idioms. Gadzooks! And what a sadly missed opportunity. The Spanish version captures some of the electricity of the original Brazilian-Portugueseas.
The translation is like looking at the Bayeux Tapestries from behind, a vague outline being all that is visible. Still, it is better than nothing. This work is a genuine masterpiece and is still a powerful and valuable experience.
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Estas são duas das 5 resenhas da Amazon.
Quem quiser comprar a edição em inglês:
The Devil to Pay in the Backlands (Hardcover)
by Joao Guimaraes Rosa. $ 100,00
Pede logo aqui:
http://www.amazon.com/Devil-Backlands-Joao-Guimaraes-Rosa/dp/9997555449
Vou pesquisar nas outras línguas e depois eu ponho aqui.
Calma Sérgio…
Tô brincando…
Quem quiser outra língua pesquise lá.
Inté.
P.S. – Vou procurar as traduções do Macunaíma…………
Uma amiga deu aula de literatura brasileira na França e até que fez sucesso por lá.
Eles gostam destas coisas de índio.
… nós somos muito mais ‘sofisti’cados.
Agora eu vou…
Só isto:
Tem este livro aqui do Guimarães:
João Guimarães Rosa: Correspondência com seu Tradutor Alemão Curt Meyer-Clason (1958-1967)
de João Guimarães Rosa
Preço: EUR 19,95 (conversor)
http://www.webboom.pt/ficha.asp?ID=107397
Deve ser chato demais!
Pena que cheguei tarde!
Mas deixo o registro: um elogio em inglês, alemão, mandarim ou urdu vale rigorosamente o mesmo que um elogio em português.
Acreditar que uma resenha, por ter sido escrita em inglês e por ter sido publicada na Amazon, é prova insofismável do elevado valor literário de um livro – francamente, isso é coisa de gente provinciana.
Se o número de traduções fosse critério válido para aferir a qualidade de uma obra, livros como Código Da Vinci, O Segredo e o Caçador de Pipas
Digo:
Se o número de traduções fosse critério válido para aferir a qualidade de uma obra, livros como Código Da Vinci, O Segredo e o Caçador de Pipas seriam o ápice do engenho humano.
Certo, Rafael. Por outro lado, traduções e resenhas empolgadas em outras línguas são ótimos desmentidos à tese do livro de laboratório, literiamente morto, que só a estufa da academia mantém respirando por aparelhos. Acredito que tenha sido contra essa besteira do Bechara que a Clarice se insurgiu.
Tudo bem, nunca mesmo achei que Guimarães Rosa fosse um autor cuja obra sobrevive graças ao zelo médico de meia dúzia de acadêmicos abnegados. Ele é lido, há pessoas que se entusiasmam demais com ele, um entusiasmo fanático, religioso, como se suas páginas tivessem sido inspiradas pelo sopro divino (vide alguns comentários feitos neste tópico). Aí é que discordo. Os livros de Guimarães Rosas são importates para literatura brasileira, abriram novas veredas estéticas, etc. Mas são, ainda assim, superestimados.