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Ainda a decadêndia da leitura: zapping

04/10/2006

O que ainda pode haver de tão impressionante num fenômeno que todos sabemos que marca o nosso tempo – o do encontro de atenções cada vez mais dispersas com fluxos de informação cada vez mais acelerados?

É uma obviedade que, por alguma razão, nunca nos ocorre quando somos jovens: há livros demais, cada vez mais, e tempo de menos, cada vez menos. Solução não há, mas o zapping não deixa de ser uma digna resposta humana a essa perversidade de Deus.

Zapear, eu também zapeio. Mas não vou ficar surpreso se, exatamente porque o tempo anda tão curto e nossa atenção, tão impaciente, o romance longo vier a ganhar cada vez mais importância como santuário, como refúgio contra a tirania da velocidade.

Os trechos acima são de Zap não pula por boniteza, um artigo que publiquei aqui no NoMínimo há pouco mais de dois anos, logo após fazer a mediação de uma mesa na II Flip em que Sérgio Sant’Anna declarou que já não tinha tempo para ler: agora, disse, apenas zapeava entre os livros.

Tudo a ver com as observações de Daniel Galera sobre o, digamos, “rebaixamento do horizonte” da leitura como uma marca do nosso tempo (nota abaixo). O debate na área de comentários ficou tão bom que não pode haver dúvida: o tema tem incomodado muita gente.

Como se vê, não é de hoje. Podemos apostar que vai longe.

66 Comentários

  • Paulo 04/10/2006em12:57

    Caro Sérgio,

    Acho que a maioria dos leitores viciados faz isso mesmo: zapeia livros. As pessoas envolvidas com o mercado editorial também zapeiam. E é assim, de zap em zap, que fenômenos da superficialidade, como Marcelino Freire e seus minicontos, ganham terrenos.

    Ora, e não é que outro dia li em algum lugar que um grupo de poetas estava se organizando para vender haicais para as operadoras de celular? O assinante receberia um haicai por dia. Imagine a capacidade de se ler o tal do haicai.

    No final das contas, estou me convencendo de que a verdadeira vanguarda é mesmo o olhar passadista. Pegar um livro enorme, como Guerra e Paz ou mesmo Os Detetives Selvagens (que estou lendo em espanhol!) e saboreá-los para muito além dos meses. Sem compromisso com o próximo livro da fila.

    Não é fácil. O mundo nos cobra uma enormidade de leituras. Eu confesso que me sinto um tanto quanto burrinho cada vez que me perguntam se eu li Fulano ou Cicrano – e eu não li.

    Talvez seja a hora de inverter esta idéia de submissão do homem diante dos livros. Talvez seja a hora de pegar as rédeas da coisa. E de dizer que quem doma a literatura sou eu. E você. E o Galera. E o Sant’Anna. Cada um a seu tempo. Individualmente.

    Aliás, é interessante pensar que esta angústia da leitura apressada tem a ver com a homogeinização (é assim mesmo?) da leitura. A gente sente (olha o Zeitgeist aí!) que precisa ler o que os outros leram: o novo Rubem Fonseca, o livro daquele menino tolinho que foi capa do Prosa & Verso, a escritora indiana que ganhou o mais recente prêmio no Azerbaijão. E para quê? Para nos sentirmos incluídos numa espécie de sociedade secreta de leitores.

    Como disse, ando na contramão desta idéia. É difícil. É sofrido. Leio os suplementos literários e fico querendo ler tudo. Me sinto um cocainômano em crise de abstinência. Uma boa comparação, aliás.

    O negócio é ler a Odisséia e a Ilíada (não na tradução dos concretinos, é claro). Depois, ler um pouco de teatro grego.Depois, Virgílio. Dando um salto no tempo, Sheakespeare e, para quem gosta, Milton. Etc. Etc.

    Assim, quando eu tiver 99 anos, chegarei à época dos nossos. Mas daí serei inteligente o suficiente para saber que simplesmente não vale a pena (algo que, hoje em dia, apenas intuo).

  • Rafael Rodrigues 04/10/2006em12:58

    Aí também não… Zapear já é um pouco demais. Quer dizer, não acredito que alguém possa simplesmente “zapear” pelos livros. Mesmo você, Sérgio, tendo declarado isso, acredito que tenha sido uma força de expressão. Por mais que se tente, ou que se queira só “zapear”, um livro acaba nos prendendo, e finalizamos sua leitura. Aposto também que o seu xará Sant’Anna também não “zapeie” indiscriminadamente pelos livros. Sempre que recebo livros aqui, eu elejo aqueles que vou ler “já” e os que lerei depois. Muitos merecem ser lidos no momento, pois há a curiosidade em saber logo do que se trata, se é um bom livro; outros merecem ser lidos depois, com mais calma, depois da “tempestade”. Já alguns merecem ser apenas “zapeados”, uma olhada na orelha, uma lida nas primeiras páginas, e pronto, ei-lo lido. Acho que você e o Sant’Anna quiseram dizer isso. Ou não? Abraços!

  • BCK 04/10/2006em13:21

    Tem que ver que o Sant’Anna também é muito mais contista do que romancista, o que certamente influencia na forma dele ler. Não é possível zapear contos.

    (o dia que isso for possível é que estaremos realmente perdidos)

  • Jonas 04/10/2006em14:22

    Todos zapeamos. Mais do que ser o que lemos, somos o que escolhemos ler. Não dá: é livro demais e tempo (e dinheiro) de menos. Não adianta negarmos o zap, propormos que estamos abertos a tudo. É hipocrisia, é auto-engano. Dia desses eu folheei numa livraria o último romance do André Sant’Anna – só para ficar em família. Li alguns trechos, várias páginas, mas não me empolgou a ponto de querer cinqüenta reais nele – é um caso ainda mais grave por ser um livro longo.

    Agora, isso não quer dizer que não vou lê-lo. Pelo contrário, assim como o Galera (que eu li um trecho no site da Bravo! e não me comoveu tanto), tão logo o livro do André caia na minha mão, arranjarei um tempo para ele. Mas se formos ler tudo o que queremos ou achamos que devemos, não há dinheiro que vença. Por isso também é bacana ter interlocutores, como o Galera afirmou que tem (tinha?): é possível trocar livros, emprestar, fazer um intercâmbio de idéias e material.

    Repito: é livro demais, não adianta negarmos que zapeamos, pois não há maneira de ler tudo. Li vários dos Contos Negreiros de Marcelino Freire e não gostei. Falha minha talvez, mas não quero ler o resto.

    Estou com o Paulo: “Leio os suplementos literários e fico querendo ler tudo. Me sinto um cocainômano em crise de abstinência”.

  • Jonas 04/10/2006em14:23

    “a ponto de querer cinqüenta reais”

    faltou o verbo gastar, claro.

  • Marcelo Moutinho 04/10/2006em14:25

    Pelo que me lembro, ele comentou isso no contexto de uma mesa sobre contos(gênero que, aliás, faltou a programação da Flip deste ano), não? Acho que era mais uma maneira de ilustrar sua preferência pela narrativa curta, algo raro no meio literário, que muitas vezes – e lamentavelmente – mede a qualidade de uma obra pela espessura de sua lombada…

  • berger 04/10/2006em14:50

    O Paulo disse tudo.Seria preciso viver enfiado na biblioteca para ler tudo que se apregoa como indispensável.Nesse particular,estou com o Paulo Francis,que dizia ter lido pouquíssimos livros de cabo a rabo,na suposição de que toda obra teria no máximo 1/3 de conteúdo aproveitável,o resto seria mera encheção de linguiça.Não sei,mas confesso que só mesmo temas de meu específico interesse me levam a ler um livro inteiro,o que não evitou que com um monte deles não passasse das primeiras páginas.Como o mago Paulo Coelho,por exemplo,cujo sucesso para mim,francamente,é um grande mistério.

  • Sérgio Rodrigues 04/10/2006em15:42

    Marcelo, leia o artigo linkado na nota. Verá que foi numa mesa de contos, sim. Mas a idéia da leitura-zapping não tinha nada a ver com contos. O Sérgio estava falando sobre falta de tempo para a leitura em geral; principalmente, claro, de romances. Como disse o BCK aí em cima, zapear contos também já seria demais. Não estou tirando nada do contexto, pode ficar tranqüilo.

  • Maurício 04/10/2006em15:43

    As vezes é muita ansiedade pela falta de tempo pra ler tudo que se pretende. Minha idéia em janeiro é alugar um quarto em uma pousada em Visconde de Mauá, deixar mulher e apartamento, levar um monte de livros e me esbaldar.

  • Marcelo Moutinho 04/10/2006em15:50

    Ah, sim. De fato: se não me engano ele disse que não tinha mais paciência para certos romances, o que deu certa polêmica na ocasião (rs). Abs, Sérgio

  • Clarice 04/10/2006em16:07

    Eu não tenho mais paciência com nenhum caderno “Idéias ou Prosa e Verso”.
    Ao contrário. As resenhas atuais destes cadernos afastam o leitor do livro.
    Eu sempre zapeei romance. Acho que só quem lia mesmo começo-meio-fim era o pessoa do século 19 que era obrigado a seguir os folhetins.
    Eu tenho uma lista de romances que já li 3 ou 4 vezes e ainda vou ler mais vezes antes de morrer.
    Cada leitura me diz uma coisa diferente.
    Engraçado são os livros que são vendidos na Siciliano, por exemplo, que você lê uma vez e fica com aquele calhamaço na estante e sabe que nunca vai voltar a ler. Coisas como “Quando Nietszche Chorou”. Alguém aí não leu? Eu mando pelo correio. Quem quiser também tenho o “Código da Vinci”.
    Contos eu revisito, revisito…
    Eu gosto mesmo é de reler e ficaria grata se as editoras fizessem uma sinopse contando a história do romance.
    A primeira leitura é sempre rápida e com este intuito.
    Seria uma mão na roda já saber quem matou quem, quem casou com quem… estas coisas que não tem a menor importância para leitores como eu.
    O Sérgio é muito engraçado. Reparem no nome de “Glauco Matoso”… GlaucoMa-toso… glaucoma…
    Foi uma escolha intencional. Isto me contou o Sérgio há uns 20 anos atrás.

  • Clarice 04/10/2006em16:13

    Claro, se for Bravo e Mais eu leio.
    O Rio de Janeiro está sem jornal.
    Aliás falta muita coisa na cidade maravilhosa.

  • Sérgio Rodrigues 04/10/2006em16:26

    Não era “falta de paciência para certos romances”, Marcelo. Isso seria de uma banalidade dolorosa. Mas talvez sua memória daquele debate na Flip seja melhor que a minha. Eu apenas fiz a mediação da mesa.

  • Noga Lubicz Sklar 04/10/2006em16:32

    felizmente ou não (paradoxal, meus caros, paradoxal) está ficando cada vez mais na moda afirmar que a ficção brasileira está em crise, em baixa, ou seja: ruim. deu até no Joaquim. pelo menos assim a falta de tempo hábil para ler tudo que a midia recomenda não deixa a sensação de se estar realmente perdendo alguma coisa. melhor ir pra praia.

  • Noga Lubicz Sklar 04/10/2006em16:32

    sem levar o livro, claro. pra dar um bom mergulho mesmo.

  • Marcelo Moutinho 04/10/2006em17:12

    Sérgio, se nao me engano ele se referia particularmente ao Machado e isso eu até certa grita na platéia. Não ter paciência no sentido mesmo de achar enfadonho. Mas minha memória pode estar ficcionalizando rs

  • Marcelo Moutinho 04/10/2006em17:13

    Clarice, queria mesmo entender qual a diferença das resenhas da Bravo para as do Prosa e Verso, exceto que as primeiras privilegiam semre o mesmo grupo de autores.

  • Marcelo Moutinho 04/10/2006em17:14

    Consertando: “e isso deu até certa grita na platéia.”

  • Sérgio Rodrigues 04/10/2006em17:20

    O Sérgio de fato fez críticas ao Machado, disse estar com pouca paciência para ele, mas o papo de zapear não tinha a ver com isso.

  • Marcelo Moutinho 04/10/2006em17:32

    Sim, sim. Eu me referia exatamente a isso, não ao zapping

  • Glauco 04/10/2006em18:55

    Olha, tem muita gente zapeando livros, claro que tem. Existem pessoas que vão a livrarias como vão ao supermercado e enxem seu carrinhos com um pouco do que está na moda ler. Alguns livros viraram moda, é chique ler algumas coisas, então essa é uma forma de zapear livros também. Quem não tem um repertório, uma base, acaba zapeando livros. É o tal do “passei os olhos”, isso não é ler.

  • vinicius jatobá 04/10/2006em19:03

    Aqui e ali nos comentários tanto desse post e como do anterior salta a idéia de que a literatura brasileira hoje está ruim das pernas. Não acredito nisso. Temos Milton Hatoum e Beatriz Bracher; contistas recentes como Bettega Barbosa e Marçal Aquino; há poesia de qualidade; projetos estéticos ambiciosos como esse ciclo de romances de Luiz Ruffato; nosso romance policial está chegando na maturidade; os textos teatrais que alimentam a rica cena paulista são oriundos de todo país; para onde olho vejo autores que, apesar da certeza de que não compensa, ainda assim se dedicam e escrevem. Poderíamos fazer uma Flip inteira apenas de autores nacionais, e ela seria rica de propostas, intensa. E temos autores para duas ou três festas de altíssima qualidade.

    Nossos autores mais velhos já criaram obras-primas; nada indica que entre os jovens que brigam por espaço hoje não exista em germe outras. O primeiro romance de Ubaldo anunciava ‘Sargento Getúlio’, ‘Povo Brasileiro’? Aquilo é ruim que dói, e depois ele vem com uma obra-prima. Temos que cuidar mais do país, de seu rico patrimônio, e dedicar aos nossos jovens o mesmo olhar de estímulo que dedicamos aos jovens estrangeiros que vêm aqui e… são tratados com clima de festa… intensidade que nem recebem em seus países de origem…

    Coloco minha mão no fogo numa aposta: apesar de todo clima de indecisão, nunca vi tanta gente interessada em escrever, gente séria e dedicada, e todo esse grupo chegará a maturidade mais ou menos em dez anos e produzirão uma literatura intensa e muito diferente de tudo que foi legado a eles. É um novo Brasil, que precisa de novas vozes: elas estão em construção. Vejo a imprensa muito ansiosa para encontrar um novo grande escritor, e ela não percebe que nessa busca negligencia propostas novas e recentes que ampliariam mais e mais as possibilideades de leitura nesse país. Até entendo que a estratégia da imprensa é tentar ganhar o máximo com pouco (é mais prático fechar três ou quatro nomes, e pronto), no entanto será que é porque o suplemento afirma algo que essa maneira de se apropriar do cenário cultural é a única válida? Afinal, da mesma forma que cada um monta sua própria biblioteca é evidente que pode-se dizer ‘não’ ao que determinado grupo impõem como possível.

    A nova literatura brasileira é muito mais ampla do que o espaço que a imprensa tem para lidar com ela. E isso, afinal, não é bom? Ou algum leitor de verdade necessita realmente de que lhe falem como e com quê deve gastar o rico dinheiro que conseguiu com seu próprio trabalho? Não é zappeando de pé nas livrarias que encontramos no livro as prendas que justificam o gasto desse dinheiro nele?

  • Paulo 04/10/2006em19:41

    Vinicius, já vi Poliana, mas igual a você, nunca. Oxalá tudo o que você diz se concretiza. Mas, para ser sincero, aposto o que você quiser como não, este cenário paradisíaco que você constrói é apenas… ficção.

  • lao 04/10/2006em20:11

    Se você é um editor, livreiro, bibliotecário ou afins, eu recomendo que leia a orelha, contracapa e sumário. Claro, também uma “zapeada” pelo miolo. É o suficiente. Indico o mesmo também para todos que querem “ficar por dentro” dos últimos lançamentos e poder dizer “ah, eu já li” com aquele sorrisinho bobo.
    Mas se vc é um leitor que procura conhecimento, prazer.. cai na real: a vida é limitada pelo tempo e espaço. E então? Tá realmente afim de gastar parte desse tempo (vida) com a leitura?
    abrs,

  • Marcelo 04/10/2006em20:39

    Se o Vinicius é “poliana”, tbm sou, Paulo. Melhor do que estacionar no passado confortável e criticar aquilo que nem sequer se tem a curiosidade de conferir…

  • vinicius jatobá 04/10/2006em20:47

    Antes de se concretizar algo deve-se sonhar e desejar; parte-se sempre do sonho, e se batalha para a concretização dele. Mas os novos escritores estão se esforçando sim, e é natural que se deseje que o trabalho resulte em bons frutos. Agradeço a estória de ser Poliana, não conheço essa forma de elogio. Acredito que o caminho mais cômodo é sempre falar mal, desacreditar; elogiar é difícil; e acreditar gera um compromisso que poucas pessoas são capazes de assumir. Por quê abdicar do desejo de ter um cenário cultural saudável durante minha existência? Fatalismos e cataclismas são para padres e carolas. Trabalho com jornalismo cultural a seis anos já; e creio que a cada ano surgem mais escritores bons, melhores livros. Paulo, está lançado o Movimento Poliana Literário (MPL). Tenho até o slogan: Por um futuro melhor.

    O mundo vai acabar; estamos em decadência; o Brasil é uma titica; nossos escritores não são profundos; cadê o novo Rosa, Clarice; se um livro tem tecnica, falta emoção; se tem emoção, falta técnica… Nos últimos anos escutei certamente mil vezes cada uma dessas frases acima. Onde essa atitude vai nos levar? Estamos esperando quem antes de valorizar o que temos, um novo Machado? Até na literatura teremos essa postura messiânica verdadeiramente ingênua? Para os azedos da discórdia desejo mesmo polianismo na cabeça…

    Paulo, acho que você vai perder a aposta.

  • träsel 04/10/2006em23:01

    VINÍCIUS: concordo contigo na questão de elogiar [mas confesso que nem zapeei pelos comentários, vai ver alguém já disse isso]: como todo jornalista sabe, a melhor maneira de criticar qualquer coisa é ignorá-la. se o livro é ruim, nem vale a pena aparecer no pouco espaço de um caderno cultural. que fique no ostracismo.

    a não ser nos casos de claro estelionato literário, quando o resto da imprensa está elogiando algum picareta. aí, sim, vale a pena detonar um livro.

    enfim, meio que no assunto do post anterior: o pessoal todo está reclamando que ninguém mais é capaz de discutir literatura, mas imaginem só como sofre quem gosta de artes plásticas, dança ou até teatro? nessas áreas, sim, é é quase impossível encontrar alguém que saiba do que se trata, até para um papo superficial.

    talvez estejam levando a discussão sobre literatura muito a sério: livro é pra ler, antes de mais nada.

  • Jonas 04/10/2006em23:21

    Pera lá Vinicius, que já começamos a partir para outra discussão, a dos novos autores. Você fez alguns comentários interessantes, mas de certa forma sob suspeita, já que você próprio é um novo autor – e parece um bom autor; pelo menos eu achei bem interessante aqueles trechos que saíram na EntreLivros. E você é uma exceção por escrever tanto ficção quanto crítica (outro dia li um texto muito interessante seu, sobre Kundera, para o Estadão).

    Mas jornalista não tem comprometimento algum com escritor. Ou com geração. Ele não tem que fazer pensamento positivo (ou negativo) para que os novos autores sejam expostos na mídia. O comprometimento dele é com a literatura e com os leitores. Dissecar os bons – ou ou os maus – livros e tentar elucidá-los para o leitor. Só isso.

    O que eu acho é que não pode haver preconceito. Jogar os novos autores num balaio de suposta ruindade e renegá-los todos. O bom crítico tem que ter o olho aberto para o presente, afinal, nada mais fácil que elogiar Machado, Faulkner ou Tolstói. Edmund Wilson soube perceber as qualidades de autores como Fitzgerald (seu ex-colega de faculdade, vejam a proximidade) e Hemingway desde o começo. E em Castelo de Axel ele já reconhecia o gênio de Proust. Porque ele não teve preconceitos.

    Há bons autores no Brasil sim. Gosto bastante do Milton Hatoum, por exemplo. Já li coisas interessantíssimas de Bernardo Carvalho, Rubens Figueiredo, Cristovão Tezza, Antonio Fernando Borges, alguns contos do Bettega. Tenho muita vontade de ler o livro do JP Cuenca. Mas particularmente não gosto do Mirisola, do Marcelino Freire, do Joca Terron, do livro de contos do Galera (ainda não li Mãos de Cavalo). E não vou elogiá-los só para não parecer azedo ou pessimista.

    E Vinicius, você disse uma coisa pertinente: “Não é zappeando de pé nas livrarias que encontramos no livro as prendas que justificam o gasto desse dinheiro nele?”. Concordo plenamente. Por isso citei o livro do André Sant’Anna, que não me empolgou no “teste da livraria” o suficiente para comprá-lo, mas ainda assim tentarei lê-lo por outros meios, como empréstimo de amigos.

    Só acho que os novos autores ficam com mania de perseguição. Conheço vários críticos que têm amizade com eles. Mas não pode haver um que não goste que já é chamado de todo tipo de coisa (e o caso do Jerônimo Coelho x Marcelino Freire está aí para isso). Já chega os próprios autores puxando saco um do outro em seus blogs, sem qualquer critério que não o da amizade. Isso é tão grave quanto o crítico preconceituoso.

  • Jonas 04/10/2006em23:23

    No caso, Jerônimo Teixeira. Confundi com uma figura histórica de Santa Catarina, Jerônimo Coelho. Perdão.

  • vinicius jatobá 05/10/2006em00:34

    Bom, Jonas, fiquei uma hora lendo seu blog e suas críticas e tenho que respeitar muito uma pessoa que escreve como você. Tem lá uma resenha maravilhosa sobre ‘Herzog’, meu livro favorito. Concordo com você que como jovem escritor talvez minha opinião possa ser lida de forma política; mas não é não. É que torço mesmo. Não escrevi nem como crítico; mais como torcedor mesmo. Veja só: me divirto com essas coisas. Quê fazer? Queria muito um maior positividade no meio; cansa tanto pessimismo. Nunca fiz política literária: das mais de 70 resenhas que escrevi apenas quatro falam de autores nacionais. Então é mesmo um torcedor querendo que seu time ganhe. O Sérgio mesmo outro dia escreveu uma ótima nota sobre um ano em que a literatura brasileira publicou muitas obras-primas; senti nela um desejo de que a coisa se repita… Somos profissionais, mas também somos seres humanos. Quê fazer? Mas parabéns pelas suas resenha; todas elas muito boas. Os leitores do blog do Sérgio são todos muito bons; sempre gosto de ler os comentários, sempre tem algo interessante! Estou achando tudo ótimo. Pode ser a lua; ou deve ser porque o Nobel está chegando por aí e… quem sabe, né? Esses suecos podem endoidar e… Só de pensar… será?

  • Jonas 05/10/2006em02:12

    Brigadão pelos elogios, Vinicius, mesmo.

    Eu também gostei bastante do post do Sérgio sobre as obras-primas de 1975, deu um friozinho na barriga. Mas acho que essas safras acabam vindo naturalmente. Acho que não pode haver pessimismo, má-vontade ou preconceito, e dá para ser assim sem assumir compromisso com os autores.

    E putz, Nobel. É sempre em alguma quinta de outubro. Caso não saia amanhã, fica a dica para o Sérgio abrir um post de apostas.

  • João Paulo 05/10/2006em06:26

    Estou aqui em dúvida se coloco ou não meu humilde comentário entre tantos cobras e devo adiantar que gato escaldado tem mêdo até de água fria né meesmo, Sérgio Rodrigues?
    Mas com a coragem dos desavisados lá vou:
    Quando começo a zapear um livro é pq já não me agradou, então deixo para outra ocasião ou para sempre.
    Realmente comprar tudo o que se quer ler fica caro e haja espaço para guardar. Além do eterno comentário das esposas sôbre “esta livraiada esparramada por todo lado”
    Achei então uma grande idéia as lojas de multileitura que locam livros, pois a gente lê o livro -quase sempre rápidamente- e depois se gostar, compra. Diminui a despesa e o risco de comprar e não gostar.
    É lógico que nem sempre a gente encontra os lançamentos digamos, mais sofisticados de literatura, mas na que eu frequento dá muito bem, para encarar.
    Aviso que sou só um leitor comum, que lê resenhas e que volta e meia dá com os burros na água ao comprar os livros sugeridos. Mas acho que é assim mesmo. Então a idéia das locações, acho, não seja tão ruim assim.
    Sérgio Rodrigues: Bati muito nesta tecla de locação para limpar a barra do cara lá da minha locadora que até hoje está de bico com você. Falou? rsrs.

  • Claudio 05/10/2006em12:24

    Confesso que não entendi direito o “x” dessa discussão. Acho que a tal “síndrome de abstinência” a que alguém se referiu aí em cima tem mais a ver com certa sede de consumo própria da nossa geração do que com a propalada “falta de tempo” dos dias atuais. Ora, gente, convenhamos: nunca se teve tempo pra ler tudo. Hoje isso piorou um bocado, sem dúvida, mas a cultura literária sempre se fez mais pela eleição de determinados autores e correntes do que pela leitura exaustiva da produção. Borges – que era um leitor enorme, dos maiores da história – nunca leu Guimarães Rosa. E daí? Qualquer pessoa que se predisponha a ler “bem” um livro vai obrigatoriamente deixar um monte de coisa de lado, e isso faz parte da vida. Precisamos ter a liberdade de poder dizer que não lemos determinados autores. Essa obrigação de estar a par de todas as coisas é que leva à superficialidade a que o Galera se referiu.

  • Tatarana 05/10/2006em12:32

    Caro Sérgio,
    Pois eu estou na contra-mão do tempo. Nada, nada mesmo, me desvia ou substitui um momento de leitura.Agora mesmo quem está na fila de espera é o tijolaço (1.035 páginas!) “A Canção do Carrasco”, de Norman Mailer, isto depois dos “Sete Pilares da Sabedoria” e de uma releitura do “Grande Sertão: Veredas”. Quem tem pressa que vá ler folheto de cordel, que só precisa de uma piscadela.

  • träsel 05/10/2006em12:59

    JONAS: acho que os autores estão fazendo o jogo deles, ao elogiar uns aos outros. nada de mal nisso. grave mesmo é se sentirem ofendidos com qualquer crítica mais contundente.

    o galera, por sinal, que deu origem a essa discussão toda, escreveu um texto muito bom sobre essa questão. o jerônimo detonou com ele e, ainda assim, galera não fez beicinho. mas os amigos dele fizeram. vai entender.

  • Laila 05/10/2006em14:54

    Jonas, adorei teus comentários neste post e gostaria muito de ter o teu endereço de blog para ler as resenhas, que pelo dito pelo Vinícius, já sei que serei brindada com uma bela leitura. Grata.
    Laila

  • Clarice 05/10/2006em15:04

    Vinicius,
    Estou lendo o seu Blog.
    Parei no Gabo por que confesso só consegui ler “O Outono do Patriarca”.
    O “Cem Anos de Solidão” não consegui ler.
    Agora, acusar a obra de alguém de: “falta de rigor técnico que emana das narrativas”?
    Estou às gargalhadas.
    O que que isto quer dizer? Kkkkkkk
    “- Olha aqui meu Sr. Seu livro é muito bom mas não poderemos publicar por falta de rigor técnico.”
    Quem disse isto deveria publicar “Cânones dos Rigores Técnicos da Narrativa”.

  • Clarice 05/10/2006em15:06

    Marcelo,
    Fui ver o teu Blog também.
    Por causa do “Pentimento”.
    Queria ver se você ia citar a Lilian Hellman. Tá lá.
    Este é o texto do início do filme “Julia”.
    São minhas duas paixões: literatura e artes plásticas.
    Em terceiro, filosofia.

  • Clarice 05/10/2006em15:27

    Jonas,
    Tô vendo o teu Blog também.
    Agora quero ver o Ikiru do Kurosawa.
    Gosto muito do “A Morte de Ivan Ilitch”.
    Felizmente não procuro no filme o livro. Acho a discussão “filme melhor que o livro/livro melhor que o filme” um erro imenso.
    “Angústia”, bom livro para revisitar…
    Acho que você gosta de literatura, música e cinema.

  • Clarice 05/10/2006em15:36

    Quanto Blog bão!!!!
    (queria ver o que era a tag “a”

  • Clarice 05/10/2006em15:41

    Quanto à decadência da literatura brasileira… eu quero me juntar ao (MPL) do Vinicius.
    Mas sinceramente acho que a crise é mundial. Nas artes. Em todas as artes.
    Música… algo de interessante acontecendo? Apontem-me, por favor.
    Cinema: alguma coisa de genial….?
    Artes Plásticas,…
    A impressão que tenho é que depois do final dos anos 90 culturalmente o mundo empobreceu.

  • Marcelo Moutinho 05/10/2006em16:10

    Clarice: não só do filme, mas tbm do livro dela, a autobiografia, que se chama justamente “Pentimento”

  • Marcelo Moutinho 05/10/2006em16:12

    Clarice, ainda: pô, a músia brasileira atual me parece bem melhor que a dos anos 80. Exemplos? Nilze Carvalho, Pedro Miranda, Yamandu Costa, Fabiana Cozza..

  • Clarice 05/10/2006em17:08

    Marcelo,
    Eu não li o livro. Sei que é o início do livro também. Deve ser muito bom. Mas ainda não li.
    Pedro Miranda é o do Pedro e a Parede?
    Se for é meu colega de faculdade e eu o conheço como “Pedrinho”. Fica difícil chamar de Pedro o Pedrinho.
    Ele sempre chegava com o violão, calmo, na dele, pouca conversa, uma pessoa muito linda.
    Não conheço as outras que você falou. Tô meio por fora, né?

  • Clarice 05/10/2006em17:14

    Marcelo,
    Assim não vale!
    O Eucanaã Ferraz também foi da minha época na Faculdade.
    Eu o chamo Eucanaã.
    Mas quando ele chegava a coisa era diferente. rsrs
    Ele fez uma antologia com letras do Caetano, né?
    Bem a cara do Eucanaã.

  • Clarice 05/10/2006em17:15

    Sabe que não é o primeiro Blog que vejo este trecho da Lilian Hellman?
    Ou será que passei pelo teu blog alguma vez?
    Não sei.

  • Clarice 05/10/2006em17:16

    5:15, já?

  • Clarice 05/10/2006em17:17

    Moutinho tem a ver com a Gloria ou Sonia?
    Acho que não mas não custa perguntar.

  • Clarice 05/10/2006em17:21

    Vi uma entrevista com a Lilian Hellman e ela disse que ficou furiosa quando o personagem joga a máquina de escrever pela janela.
    Ela disse que era muito apegada a máquina dela, que era o meio de trabalho e jamais faria uma coisa destas.
    Mas cinematograficamente é bonito. E leva a amal não quem já não quis jogar a máquina pela janela?
    Agora é só o teclado, sai baratinho (o problema é jogar a CPU, aí…)
    Quem já não quebrou lápis, pincel ou jogou a caneta de nanquim pela janela (baratinho também).

  • Marcelo Moutinho 05/10/2006em17:21

    Clarice: tá vendo? tem coisa boa, sim, mas nem todo mundo conhece, infelizmente. Por isso é que falo sempre que a visão “passadista” não resiste a um exame mais minucioso. O Pedrinho é o Miranda, não o Luís (rs). Talvez vc tenha passado lá pelo blog num google desses da vida. Ao que eu saiba, não sou parente delas, não. Mas tbm sou escritor – contista como o Sergio – com um livro publicado pela 7Letras e outro a sair em novembro pela Rocco.

  • Leandro Oliveira 05/10/2006em17:32

    Bem, acho que estou chegando atrasado para a discussão, mas vamos lá: acho que uma pessoa gastar um precioso tempo da sua vida lendo algo ruim somente para poder criticá-lo é insano. Por mais que eu leia, sinto que morrerei sem ler tudo o que gostaria. Portanto, se há a necessidade de se fazer uma triagem, qual é o problema em zapear livros? Obviamente, somente zapear livros e não ler aqueles que para nós vale a pena, parece algo improvável. Enfim, gastamos tempo com aquilo que nos chama atenção. Quanto aos novos autores, concordo com o Vinícius. Existem bons e ruins autores, do passado e contemporâneos, basta escolhê-los. Seja zapeando, seja de outro modo.

  • Clarice 05/10/2006em18:59

    Marcelo,
    Então eu vou ter de te ler.
    Adoro conto e pelo que vi no teu blog e sua participação aqui não pode ser ruim.
    Amanhã vou te zapear na livraria mais próxima…. rs

  • Jonas 05/10/2006em21:03

    Clarice, gosto de literatura, música e cinema sim.. vícios que deveriam ser até menores. Mas não consigo dedicar menos tempo a eles.

    Ikiru é excelente. Oficialmente não é adaptação do Ivan Ilitch, é apenas inspirado. Por isso não procurei fidelidade e acabei gostando muito do filme. Quero muito ver O Idiota, esta sim uma adaptação do Kurosawa, daquele romance colossal do Dostoiévski.

    Quanto a decadência das artes.. sempre tem alguma coisa boa. Na literatura eu citei alguns autores que eu gosto lá em cima: Hatoum, Carvalho, Tezza.. na música temos a Mônica Salmaso e o André Mehmari. É pouco, claro. O cinema argentino, por exemplo, está muito melhor que o brasileiro.

    Acredito que ainda teremos coisa boa. O grande autor desta geração ainda não surgiu. Mas vai surgir.

  • vinicius jatobá 05/10/2006em22:05

    Poxa, que discussão ótima e saudável! O negócio aqui esquentou, que maravilha!

  • Joaquim Nabuco 05/10/2006em22:23

    Tenho críticas quanto ao posto orginal do Daniel Galera:

    1) Ele foi um autor que se beneficiou muito justamente de resenhas ou comentários superficiais e curtos que diziam basicamente: “Leia Galera, veio da internet, adaptação Beto Brant, nova geração, Leia Galera, novo”. Autores como Galera e Cuenca se beneficiaram da curiosidade da imprensa sobre o potencial dos blogs e da internet em geral. Agora esse interesse caiu um pouco, mas Galera e Cuenca já estão estabelecidos em editoras convencionais.

    2) Senti no post um atitude meio blasé: “olhem enquanto todo mundo fica lendo e comentando livros superficialmente, eu estou aqui lendo livros longos, lineares, olhem como sou foda”.

    3) Acho louvável o atual esforço de certa editoras em lançar autores estrangeiros que estavam negligenciados. Eu não consigo acompanhar os lançamentos, mas não vou menosprezar que os comenta, mesmo rapidamente.

  • Joaquim Nabuco 05/10/2006em22:57

    Ia me esquencendo,

    5) No próprio blog do Galera, há dezenas de comentários superficiais sobre os livros que ele gostou. Quase todos de literatura americana/inglesa contemporânea. Acompanhar um pouco mais os lançamento do mercado editorial brasileiro dariam a ele um pouco mais de diversidade.

  • Kafka 05/10/2006em23:19

    Tudo que não é literatura me aborrece. Até as discussões sobre literatura.

  • vinicius jatobá 06/10/2006em09:50

    Daniel Galera, sim, é muito bom escritor.

  • Breno Kümmel 06/10/2006em12:11

    Quanto a música, ao menos quem gosta de jazz não pode reclamar de falta de novidades. The Bad Plus, Medeski Martin & Wood, Brad Mehldau, Wibutee…

    O Galera lê muito autor estrangeiro porque ele é tradutor, ora. É de se esperar que ele busque novidades para poder ter o que sugerir pras editoras.

    É impressionante como escritor contemporâneo sempre tá errado: quando o cara fala de autor nacional, é coleguismo; quando fala de estrangeiro, é um elitista e alienado.

  • Daniel G. 06/10/2006em12:26

    Joaquim,

    1) Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Apontar uma relativa falta de diálogo e crítica mais profunda sobre livros no dia-a-dia das conversas e da internet não implica em condenar as indicações ligeiras e elogios pontuais, que são uma característica positiva dos blogs e outras publicações culturais. E não sou do tipo de pessoa que aprova uma coisa somente porque ela me beneficia – se um debate mais profundo sobre os livros implicar em críticas ao meu trabalho, que seja. Seria um mundo melhor do que este em que tanto o elogio quanto a crítica vêm com muita facilidade.

    2) Isso me soa mais como complexo de inferioridade teu do que atitude blasé minha. Somente isso explica que um desejo de compartilhar uma experiência boa seja confundido com arrogância.

    5) Em geral, quando chego ao ponto de comentar um livro no meu blog, é porque julgo que tenho algo interessante a dizer sobre ele. Leio muita literatura inglesa e norte-americana não apenas porque gosto, mas porque trabalho com isso, e gosto de compartilhar, eventualmente, minha opinião sobre um livro muito bom que li e não foi lançado no Brasil ainda, por exemplo. Sei que muitos leitores do meu blog acabam indo atrás desses livros, assim como eu leio blogs dos outros para conhecer coisas que talvez eu não pudesse conhecer de outro modo. Além do mais, compartilhar entusiasmo sobre um livro é prazeroso. Não acho que os comentários de livros que faço no Ranchocarne sejam “superficiais” (tampouco são análises profundas), mas enfim, é a tua opinião, tudo bem. Mas supor que eu não acompanho o mercado editorial brasileiro apenas porque não tenho hábito de comentar livros brasileiros no meu blog é de uma ingenuidade comovente.

    Na verdade, tudo que eu queria dizer é que livros não merecem ser consumidos e discutidos com a ansiedade do consumo que caracteriza a vida moderna. Gosto de pensar nos livros como âncoras no meio desse temporal de fragmentos e cortes velozes, e esse pensamento parte da minha experiência de leitor – quando leio com calma, tenho mais prazer e retenho mais coisas. O post é (ou pretende ser, pelo menos) sobre essa minha necessidade pessoal de buscar conscientemente essa calma em meio a tanta velocidade e ansiedade.

  • Clarice 06/10/2006em14:10

    Ficou meio esquisita esta história. Parece que o Joaquim acusou o Daniel de escrever para vender livro.
    Meninos, entendam-se. Nada de briga.

  • Clarice 06/10/2006em14:11

    Mas acho que é preciso que vocês discutam para não ficar na picuinha.

  • Joaquim Nabuco 06/10/2006em17:41

    Poxa, pessoal, não achei que iam levar o meu post a sério. Pensei que a “lógica” dos argumentos e o nickname bastavam para o post ser lido como gozação. Quis provocar o homi, brincando, no melhor estilo “blogueiro ferino”, sem nexo e cheio de presunção. Não achava que o Daniel se daria ao trabalho de responder racionalmente às bobagens. Isso só mostra como ele é sério e educado. Mal aí….

  • Daniel G. 06/10/2006em20:54

    Eu tendo a levar tudo a sério, mesmo. Pô, ninguém me chama de “blasé” e fica sem resposta, hehe.

  • Joaquim Nabuco 06/10/2006em21:35

    Rs, não era para a brincadeira ter ido tão longe, mas pelo menos valeu para ler mais sobre o que você pensa a respeito do assunto. O final da sua resposta é ótimo.

  • Clarice 07/10/2006em15:10

    Quem é que não gosta de elogio?
    Quem é que não fica chateado com qualquer crítica?
    Ser humano, somos carentes sempre. Mesmo cercados de amigos, amor a gente quer é mais. Todos têm de gostar da gente. Ora! É claro!