O escritor suíço (radicado em Londres) Alain de Botton, autor de “Como Proust pode mudar sua vida” (Rocco), praticamente inventou um novo gênero literário, a auto-ajuda podre de chique (AAPC). A AAPC permite ao cidadão fazer aquela leitura utilitária típica da auto-ajuda mais rasteira – “como este livro pode me melhorar?”, pensa, calculando o custo-benefício de cada volume – e ao mesmo tempo desfrutar de uma sensação de refinamento intelectual que apaga qualquer culpa que tal pedestrianismo pudesse causar. Em termos comerciais, a AAPC é coisa de gênio. Como leitura, há quem goste.
Não é o caso da crítica Rachel Aspden, da revista New Statesman (acesso livre, em inglês). O último livro do autor, “A arquitetura da felicidade”, um passeio pela história da arquitetura em busca daquilo que pode – claro – melhorar a nossa vida, é recebido por ela a golpes de marreta: “(O livro) é como um capuccino plastificado da Starbucks: consiste de 65% de banalidades acachapantes apresentadas sob uma espuma de polissílabos alatinados”.
9 Comentários
AAPC foi a melhor definição que eu já li do Botton. Que, aliás, já apareceu grafado na sua outra coluna “A Palavra é”.
Não entendi, Dani. Vai ver que aconteceu, mas juro que não me lembro de ter falado do Botton na Palavra É.
Finalmente alguém definiu o Alain de Botton como ele merece. AAPC é sensacional.
A piada foi minha, quando eu li Botton, na “A palavra é”, achei que fosse uma crítica ao moço. Nem me lembrava que a palavra era associada ao tal do broche. Se não me engano, comentei isso contigo.
Ah, é verdade. O ‘button’ que no Brasil virou ‘botton’…
Entre a cruz e a espada, ou seja, entre Lair Ribeiro e Botton, eu prefiro a espada, isto é, Botton.
Ah! Sérgio, todos os vivas para a Rachel.
Quando eu penso que esse rapaz estudou filosofia setecentista francesa na Inglaterra, (Cambridge) escreveu pelo menos dois interessantes livros sobre o romantismo como corrente filosófica, e do nada, esquisitíssimamente me sai com o tal livro do “Proust…” eu realmente fiquei aturdida.
Até fiz um post sobre isso.
Mas o que é(ra) o Sub Rosa diante do Washington Post que o chamou de “Sthendal dos anos 90”!?
Agora, veja, alastrou-se!
Eu me pergunto que desvio esse rapaz terá tido. Ou o que causou esse desvio…
Pode acrescentar à sua sigla um I final, que tanto serve para imbecil quanto para inútil.
Um abraço
M.
Meg, acho que o “desvio” a que você se refere é a velha glória, pode chamar de reconhecimento ou prestígio. Dinheiro, parece, não é o caso porque o Botton já tinha de sobra, confere?
Abraços, apareça sempre.
Sérgio
…mas o A Arte de Viajar é bem interessante!