As pinturas religiosas do século XIV foram as primeiras a retratar cenas de danação em que pessoas acima do peso vagavam pelo Inferno, condenadas a saladas e iogurte. Os espanhóis eram particularmente cruéis, e durante a Inquisição um homem podia ser condenado à morte por rechear um abacate com siri.
Nenhum filósofo chegou perto de resolver o problema da culpa e do peso até que Descartes dividiu mente e corpo em dois, para que o corpo pudesse se empanturrar enquanto a mente pensava: “Quem se importa, esse não sou eu”. A grande questão filosófica continua sendo: se a vida não tem sentido, o que fazer a respeito da sopa de letrinhas?
Deu para reconhecer o estilo? O trecho foi retirado de um livro inédito de um dos maiores filósofos da história, o “Livro de dieta de Friedrich Nietzsche”, cujo manuscrito foi descoberto recentemente em Heidelberg por Woody Allen – ou pelo menos é esse o ponto de partida da crônica de humor filosófico (em inglês) que ele publica no último número da “New Yorker”.
4 Comentários
Humm… entendi agora por que Bosch só pintava gente magérrima!
Até hoje me arrependo de não ter comprado um livro com a Prosa Completa do Woody Allen lá na Travessa (olha o merchandising aí, galera!). O cara é um monstro, escreve bem demais.
o tipicamente nova-iorquino Allen consegue fazer rir a qualquer um, onde quer que esteja… rs – afinal, as dores e os amores da mesa acontecem também para todos. faz sentido: por que não pensar o que se come? muito engraçado.
Deus estaria morto… de fome?
Fantástico! Um homem que trata das questões mais graves da humanidade sem jamais – em qualquer obra, por uma página que seja – deixar o bom humor de lado.