O impagável mistério da falsa carta de amor que enganou AN Wilson, biógrafo do poeta inglês John Betjeman (veja abaixo a nota “O poeta, a amante, o biógrafo e o cafajeste”, de 29/8), chegou ao fim: a elaborada fraude – que formava em acróstico a frase “AN Wilson é um merda” – foi obra do escritor Bevis Hillier, 66 anos, que deu entrevista ao “Times” de Londres (aqui, em inglês) assumindo a trapaça.
A confissão não surpreendeu os meios literários britânicos. Embora a princípio tivesse jurado inocência, Hillier era o suspeito número um: escreveu uma longa biografia de Betjeman antes do rival e foi espinafrado por ele na imprensa na época do lançamento. Mesmo assim, tem valor a candura com que o falsificador assumiu seu ciúme: o ego ferido, como se sabe, é um poderoso motor secreto da literatura. “Quando um jornal começou a dizer que o livro de Wilson era o maior, passou dos limites”, disse Hillier.
8 Comentários
Esse é um exemplo – tudo bem, eu maior escala – do que acontece um pouco em tudo quanto é lugar, nos meios literários. Inclusive aqui…
Pois é… nesse grande mistério eu jamais teria suspeitado que existiam DOIS biógrafos do tal poeta oficial da Coroa britânica.
Algumas dúvidas pendentes:
– A obra de Betjeman presta?
– Como ele coonseguiu forjar uma carta e colocá-la no material de pesquisa do outro rapaz?
Flávio, não conheço a poesia de Betjeman. A carta foi enviada pelo correio para AN Wilson, tendo como remetente uma certa Eve de Harben, francesa. Eve dizia ter herdado a carta de seu pai, grande amigo da amante de Betjeman. A verdade é que Wilson não checou nada. O estilo da carta era tão betjemaniano que ele engoliu na hora.
Ingleses…são de uma candura!… Deve ser por isso que brincam de rei e rainha até hoje.
Agora só faltou publicar o famigerado acróstico…
O acróstico está publicado, Flávio. É só reler as notas.
Sérgio, na nota de 29/08 @ 3:51 P.M. vc só colocou o AN WILSON IS A SHIT. Mas na verdade eu tinha curiosidade de ver o poema inteiro… Pelo menos pra saber se ficou bom…
Seguindo o link disponível na primeira nota você chega à íntegra da carta. É em prosa, não em versos, e longa. Chata, basicamente.