Pergunte ao supercrítico americano Harold Bloom se ele concorda com a tese consagrada de que o fenômeno Harry Potter representa uma esperança para a literatura, para o futuro do hábito de ler bons livros. Paulo Polzonoff fez isso, e a resposta foi veemente:
Não, não, não. Eu discordo. Isso é um desastre. Geralmente as pessoas que dizem isso argumentam que pelo menos as crianças estão lendo. E que no futuro, se elas criarem o hábito, lerão coisas melhores. Mas a resposta para este argumento já foi dada pelo “Harry Potter de adultos”, um escritor horrível, deplorável: Stephen King, que resenhou um dos livros de Harry Potter no “Sunday Times Book Review”, e disse: “É maravilhoso!”. Bem, se isso é o que as crianças estão lendo aos 9, 10, 11 anos, então aos 12, 13 elas estarão lendo Stephen King. É o que elas estarão preparadas para ler.
A entrevista completa de Harold Bloom pode ser lida no site de Polzonoff, aqui. Quem quiser uma visão mais profunda de Bloom sobre o trabalho de J.K. Rowling pode achar instrutivo o artigo (em inglês) que ele publicou no “Wall Street Journal” em 2000, com o significativo título de “35 milhões de compradores de livros podem estar errados? Sim”.
22 Comentários
O engraçado na ótima entrevista é quando Bloom pede a Polzonoff sugestões de bons autores brasileiros contemporâneos. Polzonoff foi enfático: não há.
Embora conservador, acho que Bloom está essencialmente correto quando aponta o paradoxo: hoje há informação demais, porém um interesse cada vez mais raso nos grandes cânones culturais.
Vale, para todos os efeitos, o consumo da cultura fast-food. Tudo tem que ser preparado para consumo rápido e desinteressado. Um paradoxo, dada a complexidade da vida contemporânea. São tempos realmente estranhos, como disse Bloom.
Se culpado houver nessa história, quero apontar um bom suspeito: o cinema americano (o blockbuster, bem entendido), que idiotizou e continua idiotizando muita gente.
Polzonoff não enveredou por aí na entrevista, mas não é difícil imaginar a resposta do bom casmurro Bloom.
Não é nenhuma surpresa que ele descarte Harry Potter como leitura inteligente para crianças. E, dentro de sua perspectiva de crítico conservador, não admira que detone a obra de Stephen King.
Agora, em que tipo de leitor se transformará a geração que lê hoje o bruxinho inglês com tanta avidez, só o tempo dirá.
Esse Harold Bloom é um chato.
Harry Potter sim que é um Chato, Stephen King nunca conseguiu igualar ou passar de Lovecraft! Sinceramente quem ler Harry Potter hoje, amanha vai ser mais um cliente da Mtv, Mcdonald’s, Coca Cola….podemos considerar que se ainda criar um habito de leitura já é lucro!
É Sergião, mais uma vez você lança mão da crítica contra o bruxinho Harry Poter. Já se disse, mais de uma vez, que o problema da crítica é a inveja o despeito.
Viva J. W. Rokwling que conseguiu tirar meu filho da frente de um playstation!
E quanto a Harold, bloom!!!!
Háhaha.
Já li muito Stephen King e hoje leio Ian Mcewan, Philip Roth, Saramago, García Marquez, Joseph Conrad, Lobo Antunes , Vargas Llosa, Kazuo Ishiguro etc. Será que o Bloom também os coloca no mesmo saco?
Não vejo perigo nenhum em ler Harry Porter. Perigo é não ler, ou ler as chatices que o Bloom recomenda. Por exemplo, aqueles “Contos e Poemas Para Crianças Extremamentes Inteligentes de Todas as Idades” é um feito: jamais vi algo tão chato, tão nonsense, tão desestimulante.
A literatura contemporânea sempre é ruim, desde a época de shakespeare. Como só os melhores ficam, muita gente pensa que na época só existia eles. Pra cada Machado de Assis havia 30 outros infelizes na ABL escrevinhando porcarias.
Potter pode não ser nenhum livro cheio de conteúdo culturalmente falando, nem nada disso, não acrescentar nada, mais eu pergunto, o que o mundo quer é pegar uma ficção pra polemizar?
O que o Código Da Vinci trás para nós?
Não dá no mesmo?
Além de estimular o hábito da leitura, tira as crianças emuitas pessoas do marasmo, da tv, do videogame, até mesmo do omputador em maior escala.
Faz fluir a imaginação, sem o uso de drogas diga-se de passagem.
Me parece um comentário besta, apenas criticando algo que talvez nem tenha lido ainda, e se leu e não gostou, respeito, mais então que vá ler a Bíblia, ou vá ler livros de auto ajuda, que lhe parecem mais indicados(adoro livros de auto ajuda, nada contra).
Acho que o Diego leu muito Harry Potter.
O Bloom está cada vez mais cri-cri. Tudo bem que Harry Potter não é a melhor literatura que existe, mas vejo pela minha prima que pode, sim, levar a algo. Ela já leu todos os livros dele, e com afinco. Depois, atacou vários da Coleção Vagalume. Engatou com as Crônicas de Nárnia e já começou com o Senhor dos Anéis. Ela acabou de completar 12 anos. Se com 13, 14 ela estiver lendo Stephen King, ótimo, não vejo problema nenhum, até porque ele escreve pra adultos. Minha prima, hoje, é alguém que gosta de sentar no play e ficar lendo. Isso, pra mim, é um milagre. Peço desculpas ao Bloom se o que ela lê não é O Casamendo do Céu e do Inferno.
well….Harry Potter,Senhor dos Anéis,Cronicas de Nárnia…..quanta merda junta!!
O argumento de que Harry Potter pode levar à “prazeres mais difíceis” (copyright by Bloom) é tão estatapufúrdio quanto o argumento que ouvir Chitãozinho e Chororó prepara para a audição de Mozart.
Isso significa que não exista um lugar para os “prazeres simples” na vida? Na minha, ao menos, embora não existam Browns e Rowlings, existem vários Grishams, alguns Crichtons e um Clancy ao menos. E não creio que estes “prazeres simples” me garantam uma ajoelhada no milho ou coisa parecida.
O comentário de Marco Aurélio e Paulo Lima é interessante.
E acrescento: nem todos tem o privilégio, quando criança, encontrar em suas bibliotecas escolares um Kafka.
Coleção vaga-lume! Que evolução!
Existe um fato na característica humana que o dito cujo aí não considerou: tudo o que fazem, o fazem primeiramente por prazer. Incentivar a leitura apenas pela cultura nunca funcionou e nunca funcionará, principlamente tratando-se de crianças. A sensação de obrigação que é incutida no hábito de ler é que é o problema. Acho a escritora de Harry um fenômeno. Li todos, gostei e me diverti muito. Não acrescentou nada, é verdade. Mas foi muito divertido.
As crianças que lêem Harry Potter podem, sim, vir a ler livros com mais conteúdo. Agora, o aluno que se limita a isso, daí não sai nada.
quem lê harry potter na infncia fica que nem o diego. decidam aí.
eu diria pro bloom que no brasil só tem dalton trevisan, já que o viado do ivan lessa não escreve um romance de jeito nenhum!
Sou um leitor voraz desde os 8 anos – estou com 47. Comecei com Monteiro Lobato, passando por E. R. Burroughs, Alexandre Dumas, Poe, Maupassant, Hesse, Hermilo Borba Filho, J. Amado, Joyce, Sartre, Johnn dos Passos e Henry Miller antes dos 15. De tempos em tempos, gosto de voltar ao Lobato – mesmo hoje. Esses dias pedi emprestado dois volumes de Harry Potter para formar opinião. OK, a trama é interessante – os filmes de HP sã uma excelente diversão – mas o texto… SOCORRO! Não é um texto para crianças, é um texto pueril, pobre, quase bobo.
Não, eu não acho que este seja um bom incentivo à leitura. E recomendo: Se o seu filho anda lendo Harry Potter, ou se ainda não leu nenhum livro, experimente presenteá-lo com as “Histórias de Tia Nastácia”. Depois, pode continuar com Reinações de Narizinho, Caçadas de Pedrinho, Serões de Dona Benta, O Saci, a Chave do Tamanho, etc. Além de histórias fascinantes que são um incentivo à leitura, a gurizada de lambuja vai levar uma boa dose de cultura brasileira e de boa literatura.
Não quero parecer chatinha, mas esse negócio de Harry Potter ser o único senhor e salvador para incentivar a leitura da criançada é coisa de quem não tem outros livros dentro de casa. Antigamente, a estante era o principal móvel da sala de estar, e os pais liam um livrinho antes de dormir. A criançada seguia o exemplo naturalmente, na base da curiosidade. Como o Renato, li muito Monteiro Lobato. E, antes, os irmãos Grimm. Daí pular para um “calhamaço” de David Copperfield e O Morro dos Ventos Uivantes antes dos dez anos foi um pulo.
Com disse a Deise Guelfi, esse negócio de incentivar por incentivar não funciona. É como as hordas de crianças que passam o dia na Bienal, chegam em casa cansadíssimas e vão ver novela com a mãe.
No meu comentário, em lugar de aluno leia-se adulto.
O Bloom está de mal com a vida. Parece que está na fase: ” Recordar é viver”
Será que, amanhã, acharei os livros do Jô Soares melhores do que hoje?
tá vendo: não leiam bons autores como Monteiro Lobato quando criança senão vocês acabam lendo Jorge Amado!!!
Joyce, Kafka, Sartre, G Rosa para …crianças?
Eu pensei que todos fossem a favor de se incentivar novos leitores…