Pronto, aconteceu: a Flip 2008 teve sua primeira mesa para ser lembrada por muitos anos. “Você estava naquela mesa do Ovalle?”, muita gente perguntará ano que vem, dedicando então, em caso de resposta negativa, um olhar de pena ao interlocutor. E por que foi tão boa a tal Conversa de Botequim entre Humberto Werneck e Xico Sá, com mediação de Paulo Roberto Pires? Bom, qualquer tentativa de dissecar friamente esses momentos de alegria, e ainda por cima no calor da hora, é arriscada. Mas vamos lá:
Para começar foi seguramente a mais engraçada de todas as que já vi em Parati. A mais desaconselhável para menores de dezoito anos também. Xico Sá, cronista famoso pela verve, começou pegando um pouco pesado nos palavrões para os padrões flipescos, e um bom punhado de sobrancelhas erguidas refletia o temor de que aquilo pudesse desandar. Não desandou: decolou.
Jayme Ovalle tem muito a ver com isso. O personagem-tema do livro de Werneck, “O santo sujo” (mais sobre ele aqui), é uma figuraça que por si só estimula o clima de conversa vadia. E o autor, jornalista de renome, se revelou um exímio contador de casos.
Mineiramente elegante, com um humor mais baseado no timing que na ênfase, Werneck acabou sendo um contraponto cool para a ebulição de Xico Sá, que depois do início excessivo encontrou seu equilíbrio no palco. Estava lá, como até a programação oficial tinha anunciado, para desempenhar o papel de Ovalle do século 21, mestre daquele tipo de sabedoria que se esbanja na mesa do bar. E desempenhou. “Escrever é uma forma de humilhar a Gisele Bundchen” e “Bebo pra caralho e escrevo socialmente” são algumas de suas frases que merecem sobreviver à ressaca.
8 Comentários
Por causa de papos como esses é que todo um evento essencialmente chato como um de literatura acaba dando certo…rs
Pena que não estive lá para dar ótimas risadas.
a divertida frase final lembra aquela outra do irlandês Brendan Behan: a drinker with a writing problem.
Ainda bem que esse ano vai tudo pro youtube! Ou pelo menos assim eu espero.
Do Tutty, sobre essa mesa:
Sexo cabeça
por Tutty Vasques
Terminou agora há pouco uma mesa sobre sexualidade na Flip.
No final, alguém da platéia sugeriu que ano que vem a festa literária promova sexualidade sobre mesa em Paraty.
É impressionante como intelectual só pensa nisso.
Não faz, mas pensa!
“Escrever é uma forma de humilhar a Gisele Bundchen”.
Será? Com a beleza dela, acredito que até Shakespeare se sentiria humilhado… Já imagino o velho Bardo, diante de tamanha perfeição da natureza, repetindo, balbuciante, as palavras do pobre Romeu:
“Thy beauty hath made me effeminate / And in my temper soften’d valour’s steel!”
clap, clap, clap (para Rafael)
O senhor Sá já foi engraçado…
Walter, a mesa a que o Tutty é a “Sexo, Mentiras e Videotape”, com Cíntia Moscovich, Inês Pedrosa e Zoë Heller.
“Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros, que nós queremos sambar”!
isso é que é!