A lista de sugestões de livros para as férias de verão (deles), publicada no fim de semana pelo “Financial Times”, faz um bom retrato da atual configuração, digamos, geopolítica da literatura mundial – na qual o Brasil vai mal, mas vai mal demais. É importante ressalvar que a qualidade não tem necessariamente a ver com isso. E que listas como essa do FT – dividida por áreas geográficas, simulando as viagens que o leitor poderá fazer em pessoa quando as férias chegarem – não passam de bobagens de interesse meramente jornalístico. Mesmo assim, diz muito sobre a predisposição dos leitores do hemisfério Norte, que quarenta anos atrás mal podiam esperar o próximo lançamento latino-americano, o fato de a categoria “Américas Central e do Sul” ter apenas dois títulos, contra sete (sete!) da África, quatro do Oriente Médio e quatro da China. Ainda bem que, dos dois gatos pingados latino-americanos, um é brasileiro: City of God, de Paulo Lins. Mas não vamos nos iludir: o livro só foi parar lá por causa do sucesso do filme de Fernando Meirelles.
5 Comentários
Acho que nesse assunto vale a pena ler a resenha postada no amazon.com por um tal de Maurice Williams sobre o livro do Rubem Fonseca, “Vastas Emoções e Pensamentos Imperteitos”.
http://www.amazon.com/gp/product/0880015837/qid=1149951158/sr=2-2/ref=pd_bbs_b_2_2/104-6836886-7491901?s=books&v=glance&n=283155
isso porque ainda nao conhecem ainda a obra inedita do editor de
http://cavernadeplatao.blig.ig.com.br
e seus amigos. Geracao D.C. Depois de Collor.
um dia estaremos dominando estas listas. Porque o Brasil Colosso, deitado eternamente em berco esplendido se levantara antes da segunda vinda do cometa Halley.
Quem sabe o resto do mundo nao se interessa mais pela America Latina e nao figurar nessa lista e’ so’ um reflexo disso.
Débora, você não poderia estar mais certa do que agora. Na década de 1960 houve um crescimento muito grande do interesse europeu e norte-americano pela América Hispânica e pelo Brasil em vista da possibilidade de tomada de poder pela esquerda (época da “guerra fria”). Hoje, com o fim do enfrentamento soviético-americano, os EUA e a Europa passaram a interessar-se apenas pelo folclore destes nossos países – violência nas favelas, samba na Bahia, etc.. E a tomada do poder pela “esquerda” populista, que já está acontecendo por todo lado, é algo que até interessa aos americanos e europeus, já que permite a continuação de colonialismo econômico – caso do petróleo venezuelano, que continua escorrendo para os EUA; ou dos produtos agrícolas brasileiros, que lotam mercados por todo lado; ou da nossa política econômica que beneficia bancos e especuladores internacionais. Um amigo meu, que lecionou nos EUA na década de 60 e recentemente voltou lá em visita, disse-me que ficou estarrecido com a FALTA de interesse pelo Brasil que viu na sua antiga Universidade. E, no comércio, não mais encontrava os bons e elegantes sapatos brasileiros, mas sapatarias inteiras dedicadas apenas a produtos chineses….
É mesmo, figurar em listas é relativo. Importa é o que temos e o que possuimos nos orgulha imensamente.