É muito esclarecedor este artigo (em inglês) publicado na “Salon.com” por Gerald Howard, sob o título “Eu sei por que Bret Easton Ellis odeia David Foster Wallace”. Howard editou os dois autores americanos quando jovens, admira ambos e acredita que eles sejam os mais brilhantes representantes de dois lados antitéticos da mesma geração – com DFW na extremidade que acabaria por se provar culturalmente vitoriosa. Mesmo assim, reconhece que os tweets cheios de fel que o autor de “Psicopata americano” disparou em sequência, a propósito da biografia de DFW recém-lançada por D.T. Max, deixam-no na posição indigna de chamar um morto para sair no braço. Dois exemplos:
A fajuta “sinceridade” do Meio-Oeste de David Foster Wallace, em que uma geração de bebês se reconhece, é a coisa que eu mais odeio como escritor.
Tudo bem que David Foster Wallace seja mais esperto do que eu e um escritor melhor, mas ele era tão mais frio do que eu jamais fui. Ele era uma farsa. Quase.
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Por falar em David Foster Wallace, cuja morte acaba de completar quatro anos: sai no mês que vem, pela Companhia das Letras, “Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo”, coletânea de seus suculentos ensaios traduzidos por Daniel Galera e Daniel Pellizzari, com organização e prefácio do primeiro. A revista “piauí” deste mês adianta um dos textos, Pense na lagosta, aqui (um microaperitivo que só assinantes conseguem transformar em prato cheio).
A tradução do romance-tijolaço Infinite jest ainda demora a sair, mas Caetano Galindo já estreou uma coluna no blog da editora para ir dando notícias da viagem – que imagino ser capaz de parecer mesmo infinita, embora de brincadeira não tenha nada.
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A Amazon aposta pesado na ressurreição do folhetim, com reedições serializadas de Charles Dickens e tudo, mas também encomendando romances em capítulos ganchudos a uma bateria de novos autores. Um deles, Neal Pollack, conta (em inglês) por que está adorando o trabalho.
Um comentário
Muito interessante a notícia sobre os folhetins. Espero que a iniciativa tenha retorno. Foi um formato bastante popular que nos legou obras impressionantes como ‘A Feira das Vaidades’ e ‘O Conde de Monte Cristo’.