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Cachações

18/10/2007

“Chega, vá!” é um grande argumento crítico-literário.

O relato de Ivan Lessa sobre a troca de cachações (por enquanto apenas metafóricos) entre o escritor Martin Amis e o crítico literário Terry Eagleton, ambos ingleses, está impagável – mesmo porque o site da BBC Brasil é gratuito. Amis, que vai se firmando como o grande porta-voz mundial da islamofobia, foi apanhado pelo adversário de guarda, mais que baixa, nanica.

Só Ivan para nos lembrar que supercílios abertos, de um lado, e gargalhadas ferozes, do outro, salvam o debate literário desse tédio brasileiríssimo que nem a anunciada – e já revogada – venda de Jorge Amado para Harvard conseguiu abalar.

Falando nisso, Gonçalo M. Tavares ganhou o Portugal Telecom. Faz sentido, viva a lusofonia, coisa e tal. Mas a vaga de um prêmio literário peso-pesado para a literatura brasileira volta a ficar aberta. Alguém se habilita? Brasil Telecom, talvez?

Ainda PT: será que só eu fiquei constrangido com os clichezões trevisânicos enfileirados por Dalton Trevisan, o segundo colocado, na mensagem “emocionante” que enviou para ser lida na cerimônia de premiação? “Quem me dera o estilo do suicida em seu último bilhete”? Uau.

Não foi à toa que o Ivan se mandou.

23 Comentários

  • joao gomes 18/10/2007em10:39

    As polemicas daqui sao somente sobre árbitros de futebol; camélias do distrito federal; sobre qual roteirista de novela é melhor …ou pior.

    Pois é Sergio nao entendi isso. O premio era só para escritores brasileiros que escreviam em portugues e agora é para todo o mundo lusofono?

    Dê uma palhinha do bilhete do D.Trevisan, vai?

  • Sérgio Rodrigues 18/10/2007em10:50

    João, desculpe, tinha esquecido link para a matéria que reproduz a mensagem. Agora está lá.

    Sim, o Portugal Telecom agora é um prêmio da lusofonia.

    Abraços.

  • joao gomes 18/10/2007em11:28

    o povo quer saber:
    D.Trevisan ao mandar bilhete com colagens de seus contos está esnobando a premiacao ou inflando seu ego?

    …ou ainda tristim porque nao colocou a mao nas 100 milhas?

    “o estilo do suicida em seu último bilhete” é um paradoxo. Se é “o último bilhete” deixa de ter/ser estilo.

  • vampiro... sei... 18/10/2007em12:34

    Não foi mas mandou alguém pra receber o prêmio… é louco mas não rasga dinheiro… sei…

  • Stephen 18/10/2007em12:39

    Gostei do bilhete. Vai lá, é uma empilhação, e também uma empulhação de clichês, mas ainda prefiro os caladões misteriosos aos escritores mordidos pela mosca azul do Veloso.

  • Jonas 18/10/2007em15:03

    Eu gostei da inclusão dos portugueses. Até porque ano passado não saiu nenhum livro nacional do nível de Jerusalém.

  • Lucas Murtinho 18/10/2007em15:41

    Ivan Lessa pode ter se mandado por bons motivos, mas não custava ter pesquisado um pouco mais antes de escrever sua coluna. O trecho que ele cita como parte de um ensaio do Amis não veio de ensaio nenhum, veio de uma entrevista, e foi precedido pelas palavras: “Há definitivamente um desejo – você não o sente? – de dizer: A comunidade islâmica terá que sofrer”, etc.

    Ou seja, Amis não está defendendo essas medidas. Suas palavras continuam sendo incômodas, mas o contexto é outro, e Lessa deveria ter lido o ensaio de Amis antes de escrever sobre o assunto. Ele preferiu confiar no que Eagleton escreveu, embora o erro já tivesse sido apontado por todos os grandes jornais britânicos. Bola fora.

    Abraços,

    Lucas

  • Athayde 18/10/2007em15:54

    O cara se recolheu ao silêncio aí pelos anos 50 do século passado, ganhou prêmios e mais prêmios e sempre mudo como um caramujo. E de repente, assim, não mais que de repente, resolve se manifestar, ainda que por vias indiretas. E o monumento misterioso que atraía nossa curiosidade com estranho e poderoso magnetismo, mostra-se frágil, titubeante, tossindo inspiração de colegial. Que pena, Dalton, achar de abrir a boca. Logo agora, que você dobrou a esquina dos oitenta anos? Não precisava disso, meu caro!

  • Felipe 18/10/2007em16:35

    Gostei do bilhete também. É pelo menos uma satisfação. Estranho seria se ele fosse lá, pimpão, pegar o prêmio…

  • Lucas Murtinho 18/10/2007em17:28

    Ele podia ter ido e não falar nada. Ou soltar um palavrão.

  • joao gomes 18/10/2007em17:48

    Lucas, acho que ele soltou um Grande Palavrao! tipo: “Maldito Barriga Verde!” .

    Deveria entao, já que decretou o fim de sua auto-reclusao, a)gravar um vídeo fazendo seu discurso e encaminhar; b) discursar por videoconferencia; c)passar o discurso para um robo que sairia formal e impessoal do mesmo jeito (a foto dos tres ganhadores e representante me leva a pensar isso. além de poder ser em uma das línguas oficiais da ONU). Quiçá a venda do Castelo de Conde Vlad Drácula tem algo a ver com isso?

  • francisco 18/10/2007em18:35

    Oi

    Colagem de frases da própria obra não significa “clichê”. Dalton Trevisan é excelente contista e mantém seu nível literário melhor do que Rubem Fonseca.

    PS: Conheçam o contista Moreira Campos, autor cearense já falecido. Numa noite, assisti à leitura de um conto seu pela atriz Maria Luísa Mendonça na tv Cultura.

  • BCK 18/10/2007em22:23

    Dalton Trevisan é, infelizmente, relíquia viva dos anos 60 e 70. Pena que não parou por lá.
    Sua obra, sendo escrita hoje, faz pouco sentido.

  • Rafael Rodrigues 19/10/2007em01:11

    Daqui a pouco vão dizer que Dalton escreveu esse bilhete há décadas, já prevendo que ganharia um prêmio desse porte, e foi escrevendo os contos ao longo dos anos, usando as frases do bilhete.

  • joao gomes 19/10/2007em09:14

    Rafael,
    quem pode sabe? lógica de vampiro…

  • Bemveja 19/10/2007em10:30

    Ivan Lessa e meio chato as vezes, alem de ser, conforme observa o Lucas, unreliable no que tange a atribuicao de pontos de vistas de terceiros, que ele as vezes reporta de uma forma um tanto idiossincratica.

    Mesmo morando ha oitocentos seculos na Inglaterra, o vetusto Lessa ainda nao aprendeu a escrever de forma clara nem a ordenar suas opinioes de modo sobrio e desapaixonado.

    O conflito Amis-Eagleton sera melhor acompanhado caso se recorra ao debate tal qual exercido ate o momento, e de preferencia de modo isento, sem cheerleading por um lado ou pelo outro.

  • Cláudio Soares 19/10/2007em11:29

    Olá Sérgio. Olá comentaristas.

    Sendo esta uma comunidade de escritores (publicados ou não), envio uma dica que talvez lhes interesse: uma utilíssima widget para publicação (protegida) de textos on line (docs, pdfs, etc) que pode ser incorporada aos seus blogs.

    Caso queiram divulgar o
    link do conto “La Sindone”, agradeço antecipadamente a gentileza. 🙂

    Acesse o Scribd aqui:
    ( http://www.scribd.com/doc/406903/La-Sindone-conto-de-C-S-Soares )

    Forte abraço!
    Claudio Soares
    http://www.pontolit.com.br

  • Rafael 19/10/2007em11:56

    Meio chato?

    Bemveja, você está de muito bom humor, hein?

  • Sérgio Rodrigues 19/10/2007em12:28

    Sumido Bemveja, o Ivan é meio maluco, sem dúvida, mas chato – um cronista de humor tão gauche e texto tão delirantemente lúdico? Tem gosto pra tudo, é claro, mas não me parece a melhor escolha vocabular. Agora, se é uma piada (ser chamado de chato por você bate algum recorde mundial de hipérbole, sei lá), tudo bem. Apareça de vez em quando.

  • Jeferson de Andrade 21/10/2007em12:01

    Como não encontrei maneira de me comunicar com Sérgio Rodrigues particularmente, uso o espaço para solicitar um endereço para remessa de meu recente romance Nunca Seremos Felizes.
    De meus tempos de editor de livros de autores brasileiros da Editora Record, 80 a 86, convivi com Dalton Trevisan, no Rio e Curitiba. Só mesmo convivendo com ele para perceber o seu alto senso de humor. Aposto que ele sorri enquanto se discute seriamente o seu bilhete.

  • Sérgio Rodrigues 21/10/2007em16:07

    Jeferson, respondi da primeira vez, mas imagino que você não tenha visto. Me escreva por favor no sergio@todoprosa.com.br. Abs.

  • Bemveja 22/10/2007em13:22

    Caros Sérgio e Rafael, eu acho o Lessa ocasionalmente chato pelo mesmo motivo porque acho Marco Sá Corrêa e Christopher Hitchens chatos; são muito self obsessed! Cada palavra controversa e cada construção sintática desnecessariamente complicada revelam um narcisismo irresolvido, que atrapalha a inteligência e o juízo deles.

  • Bemveja 22/10/2007em14:56

    motivo por que