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Aqui está todo o Todoprosa
Posts / 22/12/2020

O Todoprosa é um blog sobre literatura que atualizei por dez anos, de maio de 2006 a outubro de 2016. Mesclava resenhas com notas, comentários, links. Por uns anos eu o renovei todo dia. A princípio no NoMínimo, depois no iG e na Veja.com, o TP virou referência e ponto de encontro quando as redes sociais ainda não dominavam o mundo. Não será mais renovado, seu tempo passou. Também não pretendo tirá-lo do ar. Foi um tempo bom.

Bob Dylan é o mesmo. O Nobel, não
Posts / 14/10/2016

Que o prêmio Nobel de literatura para Bob Dylan tenha deflagrado uma polêmica quente nas redes sociais não espanta ninguém. Polêmica em redes sociais, de preferência bem polarizada e estridente, é o novo padrão-ouro do sucesso no mundo digital. É provável que estivesse nos planos da Academia Sueca o quebra-pau entre a facção do “lindo reconhecimento a um gênio” e as hostes da “lamentável rendição ao pop”. Não deixa de ser uma atualização do cansado e pouco midiático refrão “quem já ouviu falar desse poeta uzbeque?” que vinha dominando o Nobel ano sim, ano não. Como ocorre com a maioria das polêmicas polarizadas e estridentes, os dois lados têm argumentos respeitáveis. Sim, Robert Allen Zimmerman, que adotou seu nome artístico em homenagem ao poeta galês Dylan Thomas, é um dos grandes nomes da canção do século XX e um letrista prolífico e nada menos que genial. Talvez seja um dos maiores seres humanos vivos em qualquer campo da arte. Além disso, como lembrou com erudição curiosamente defensiva a secretária da Academia, Sara Danius, os poetas Homero e Safo “escreveram textos que deviam ser ouvidos, executados, muitas vezes com instrumentos…”. O que é verdade, mas soa forçado. Desde então houve alguma…

ATÉ BREVE
Posts / 27/09/2014

Estou de férias. O Todoprosa voltará a ser atualizado no dia 11 de outubro. Um abraço e até lá!

ATÉ BREVE!
Posts / 01/03/2014

O colunista está de férias. O Todoprosa volta a ser atualizado no dia 22 de março. Até lá.

O paradoxo do moleque no país do futebol
Futebol & literatura , Posts / 12/06/2013

Molecagem baiana. Capoeiragem pernambucana. Malandragem carioca. “Com esses resíduos”, escreveu o sociólogo Gilberto Freyre, autor de “Casa grande & senzala”, obra clássica sobre a formação da sociedade brasileira, “é que o futebol brasileiro afastou-se do bem ordenado original britânico para tornar-se a dança cheia de surpresas irracionais e de variações dionisíacas que é.” Atenção: o autor pernambucano não estava embriagado pelos vapores de uma grande vitória esportiva quando escreveu isso. O texto é de 1947. Além de ostentar como maior feito internacional um terceiro lugar na Copa do Mundo da França, em 1938, a seleção – algo que hoje parece mais grave – ainda envergava como uniforme uma camisa branca. Ou seja, o “país do futebol” ainda não o era. Hoje, depois de cinco títulos mundiais e da introdução da camisa amarela como um dos mais poderosos ícones da mitologia esportiva em todos os tempos, o problema é outro. Comenta-se pelas esquinas que o “país do futebol” já era. Será? A possibilidade não deve ser descartada. Dentro e fora do esporte, os destroços de potências decaídas entulham a história. Mas é curioso observar como a velha retórica otimista do sociólogo, com suas “surpresas irracionais” e “variações dionisíacas” (uma referência a…

ATÉ BREVE
Posts / 02/01/2013

Deixando a todos meus votos de um 2013 feliz e cheio de bons livros, dou uma pequena folga aos leitores. O Todoprosa voltará a ser atualizado no dia 16 de janeiro. Até lá!

ATÉ BREVE
Posts / 24/09/2012

Sérgio Rodrigues está de férias. A coluna volta a ser atualizada no dia 8 de outubro.

Para ‘país de leitores’ e ‘potência olímpica’, falta trabalho
Posts / 15/08/2012

Quem vê televisão aberta já deve ter esbarrado com o filmete em que Elisa Lucinda, poeta e declamadora, fala da importância dos livros em sua infância e adolescência. Em torno do bordão “Leia mais, seja mais”, está no ar (mais) uma campanha de incentivo à leitura promovida pelo Ministério da Cultura, com investimentos, este ano, de R$ 373 milhões – leia mais aqui. Sempre fico meio triste diante de iniciativas do gênero. Não que elas não sejam importantes e necessárias: até hoje me lembro da campanha “Ler é sonhar, ler é viver”, dos anos 1970, que tinha um jingle maneiro. Não sei se ela formou algum leitor, mas levava sobre a atual a vantagem de não apelar para um contraproducente imperativo – “Leia! Seja!” “Eu não!” – e me ajudou a me sentir menos extraterrestre, eu que era um solitário leitor compulsivo rodeado de não-leitores sarcásticos. Se as iniciativas são simpáticas, concentrar em campanhas culturais o esforço da “formação de leitores” é semear em solo árido. Sem um profundo – lento, custoso e politicamente pouco rentável – avanço educacional, os resultados serão sempre magros. E esse avanço não está no horizonte. Aqui e ali, isoladamente, uma semente mais bem dotada…

Pop de sexta: a segunda chance de João Grilo
Posts / 08/06/2012

httpv://www.youtube.com/watch?v=av8k5e07Qtw O Pop Literário de Sexta homenageia Ariano Suassuna, que o Senado apontou na semana passada como candidato brasileiro ao Prêmio Nobel de 2012, e traz a cena do julgamento post-mortem de João Grilo (Matheus Nachtergaele) na excelente adaptação da peça “O Auto da Compadecida” dirigida em 1999 para a TV por Guel Arraes. Bom fim de semana a todos.

Ah, a língua…
Posts / 10/03/2008

Autores como Guimarães Rosa, quando morrem fisicamente, morrem também literariamente. O Rosa não vai durar muito tempo, ele hoje só é lido nas universidades. Porque ele saiu dos trilhos, exagerou. Aconteceu isso também com o Mário de Andrade que, quando escreveu “Macunaíma”, queria ser o Dante da língua portuguesa. Quem me chamou a atenção para isso pela primeira vez foi o Graciliano Ramos. É possível saber tudo de língua e nada de literatura? A entrevista do “imortal” Evanildo Bechara ao “Jornal do Brasil” (acesso livre) revela um gramático de 80 anos que, em suas idéias sobre o idioma, conserva-se surpreendentemente jovem e arejado – bem mais que a maioria dos jornalistas de 30 que eu conheço. Motivo de festa maior que este, só o fato de Bechara não ser crítico literário.

Bienal e… até breve
Posts / 17/09/2007

Como os leitores habituais terão reparado, o Todoprosa vem ameaçando há duas semanas virar um devezenquandário. Pois é: a idéia não é e nunca foi essa, mas a correria da vida pós-NoMínimo tem exigido adaptações. Para recuperar o fôlego, estou tirando duas semanas de férias. Deixo aqui, para quem se interessar, a agenda de minhas participações na Bienal do Rio: Sexta-feira, dia 21, às 18h, serei o mediador da mesa em que o tradutor Eric Nepomuceno e o cineasta Ruy Guerra lembrarão histórias de Gabriel García Márquez, como parte da homenagem ao escritor colombiano organizada pela editora Record, no auditório Machado de Assis, no Riocentro. Sábado, 22, às 16h, Maria Lúcia Dahl, João Paulo Cuenca e eu vamos encarar o tema “Existe uma literatura carioca?”, proposto pelos organizadores, no Fórum de Debates, também no Riocentro. E na segunda-feira, 24, às 20h, um evento paralelo: encerrando a Quinzena da Literatura Latino-Americana, dividirei com o escritor peruano Santiago Roncagliolo (de quem a Alfaguara acabou de lançar o romance “Abril vermelho”) uma mesa intitulada “Novos escritores, novas mídias”, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon.

Potter, não-Potter, Potter, não-Potter…
Posts / 16/07/2007

Sim, eu sei: o assunto costuma render debates lamentáveis. Lixo para alguns, maravilha para outros, Harry Potter pode ser uma prova cabal do emburrecimento do mundo ou a melhor coisa que acontece para a popularização da leitura desde que Gutenberg inventou sua máquina sujona. Para quem tende a achar que a verdade imprime melhor em meios-tons, essa polêmica já soa vazia há alguns anos. Mais um motivo para ler o artigo (acesso livre, em inglês) que o crítico literário Ron Charles publicou ontem no “Washington Post”. Aproveitando a deixa dada por sua filha de dez anos – que, entediada, lhe pediu que parasse de ler os livros da série para ela –, Charles tenta entender por que os números da indústria editorial e de institutos de pesquisa indicam que não, Harry Potter não está estimulando a leitura de ficção de um modo geral, mas apenas a leitura de… Harry Potter: Talvez mergulhar o mundo numa orgia histérica de marketing não encoraje o tipo de contemplação, independência e solidão que o verdadeiro envolvimento com livros exige – e recompensa. Deve-se considerar que, com o lançamento de cada novo volume, os leitores de Rowling vêm sendo levados não apenas a surtos mais…

O melhor da Flip – de graça
Posts / 02/07/2007

Para quem, como eu, já está de malas prontas (não esquecer os tênis mágicos, de solado resistente ao calçamento mais absurdo do planeta) para ir a Parati, eis um aperitivo. Para quem não vai, uma ótima oportunidade de estragar um pouco o prazer alheio, usufruindo de graça daquilo que outros estão comprando caro. Do ponto de vista estritamente literário, é inútil negar que a maior atração da Flip é o escritor sul-africano/australiano JM Coetzee, um sujeito com fama de recluso e esquisitão que já avisou: não admitirá perguntas do público, limitando-se a ler em primeiríssima mão trechos de seu próximo livro, Diary of a bad year (“Diário de um ano ruim”), que seria lançado em outubro mas, parece, está ficando para janeiro do ano que vem. Fora a aura da presença grisalha do prêmio Nobel de 2003, portanto, o que Coetzee apresentará não é nada muito diferente do que pode ser usufruído aqui, neste trecho suculento antecipado pelo último número do “New York Review of Books” (em inglês, acesso livre). O excerto revelado de Diary of a bad year alterna blocos de texto ensaístico produzido por um famoso escritor australiano de 72 anos – coisa cabeçuda, investigando o eterno e insolúvel…

(Re)começou
Posts / 30/06/2007

“Era uma sexta-feira chuvosa e triste quando…”, escreveu, e se deteve. Desde quando um clichê como aquele era um começo digno para o segundo volume? PS: Ops, começamos com problemas técnicos. Quem entrou ontem à meia-noite neste blog encontrou a casa muito mais arrumada. Um tufão de origem ainda desconhecida passou de madrugada, deixou tudo de pernas para o ar. Peço desculpas – e um pouco de paciência.

Dicionário de papo furado
Posts / 30/06/2007

O Cânone – Documento misterioso (que ninguém jamais viu) idealizado (ninguém sabe quando) secretamente por uma conspiração (ninguém sabe onde) de pouquíssimos machos europeus mortos, a fim de ditar aquilo que todo mundo precisa ler. O divertido Dictionary of Fashionable Nonsense, glossário satírico do “pensamento” (perdão pelo substantivo impreciso) politicamente correto escrito pelo pessoal do ótimo site inglês Butterflies and Wheels, merece uma visita – a dica é do blog de livros do “Guardian”. Pode-se ler online uma amostra da versão de papel, com mais de quinhentos verbetes, que está à venda na Amazon.com. Duvido que a obra esgote o tema – que talvez seja inesgotável – mas, a julgar pelo trailer, deve garantir um bom sobrevôo no território da neoburrice. Outros exemplos: Educação – Introdução violenta e brutal de material arbitrário nas cabeças limpinhas e inocentes das crianças, que deviam ser deixadas vazias. Elitista – Alguém que sabe mais do que eu.

Dois finais faltantes + um encontro marcado
Posts / 27/06/2007

Primeiro os finais, depois o encontro. A realidade que eu conhecera não mais existia. Bastava que a sra. Swann não chegasse exatamente igual e no mesmo momento que antes, para que a Avenida fosse outra. Os lugares que conhecemos não pertencem tampouco ao mundo do espaço, onde os situamos para maior facilidade. Não eram mais que uma delgada fatia no meio de impressões contíguas que formavam a nossa vida de então; a recordação de certa imagem não é senão saudade de certo instante; e as casas, os caminhos, as avenidas são fugitivos, infelizmente, como os anos. (Marcel Proust, “No caminho de Swann”) Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for… Existe é homem humano. Travessia. (Guimarães Rosa, “Grande sertão: veredas”) Convido os leitores do Todoprosa a seguir o blog em sua travessia para um novo endereço, www.todoprosa.com.br, que estará funcionando a partir de sábado. Atualizem seus favoritos e espalhem a notícia, por favor. Espero todo mundo lá. Sim, a área de comentários vai sobreviver à viagem. Nada muda, embora tudo mude. (Mas que ninguém se surpreenda se o NoMínimo renascer com algum novo formato – os caminhos, afinal, são fugitivos – dentro de um ou dois…

Finais inesquecíveis
Posts / 25/06/2007

O NoMínimo vira história – em todos os sentidos – dentro de poucos dias, mas a frase de Tom Stoppard não está aí em cima por acaso. O Todoprosa ficará no ar. Aguardem notícias de seu novo paradeiro. Não gosto de choradeira (não em público, pelo menos), mas não custa tentar corrigir algumas distorções na reta final. No fim de semana, pensando nesta etapa que se encerra, me ocorreu o desequilíbrio gritante em que o blog incorreu. Sabemos que o mundo é feito de tal forma que o número de começos, no fim das contas, é sempre exatamente igual ao número de fins. Por definição. Se não é igual, é porque o “fim das contas” ainda não chegou. Traduzindo: depois de tantos Começos Inesquecíveis, me ocorreu o tamanho da dívida de Finais Inesquecíveis que acumulei. Tento saldar parte dela agora, enquanto é tempo. Com algum atropelo e, naturalmente, sem pretender fazer uma lista de “melhores” – como nunca foi a intenção dos Começos Inesquecíveis, aliás –, aí vai uma pequena antologia descaradamente impressionista. No mínimo, ficamos no clima da semana. Alguns finais são melancólicos: E assim prosseguimos, barcos contra a corrente, arrastados incessantemente para o passado. (F. Scott Fitzgerald, “O…