O projeto “Amores expressos” vai mandar 16 escritores brasileiros – alguns inéditos em livro, alguns consagrados, a maioria no meio do caminho – passarem um mês com tudo pago em alguma cidade do mundo, de onde eles se comprometem a voltar com um romance de amor para ser publicado pela Companhia das Letras (embora a editora se reserve o direito de só aproveitar parte do material) e, se tudo correr bem, adaptado para o cinema. Nas andanças por sua cidade turística de eleição (o destino foi escolhido pelos organizadores), cada um será acompanhado durante três dias por uma equipe de cinema, que transformará em documentário esse périplo de 16 autores em busca de 16 histórias. A notícia do projeto, idealizado pelo produtor cultural Rodrigo Teixeira, 30 anos, responsável pela coleção de futebol Camisa 13 (DBA e Ediouro), explodiu na “Folha de S. Paulo” de sábado e provocou uma agitação incomum nas águas paradas da literatura brasileira. Pode-se afirmar – com algum exagero, claro, mas não mais que o protocolar em clichês como este – que desde então escritores e editores não falam de outra coisa. Parte do burburinho se explica pelo custo total do projeto: R$ 1,2 milhão, grana vistosíssima…
Quando “Os detetives selvagens” foi publicado, Ignacio Echevarría, o mais destacado crítico literário da Espanha, o elogiou como “o tipo de romance que Borges poderia ter escrito”. Acertou pela metade. Borges, cujo trabalho de ficção mais longo tem quinze páginas, teria provavelmente admirado o modo como o romance de Bolaño emerge de uma árvore cheias de galhos em forma de histórias. Mas o que acharia ele da delirante viagem de carro, do sexo frenético, das esculachadas exibições de ego masculino? Bolaño enche sua tela com conturbadas emoções lawrencianas, mas as situa dentro de uma fria moldura cerebral. É um estilo digno de seu nome: modernismo visceral. Seis meses depois de publicado no Brasil, o romance “Os detetives selvagens”, obra-prima do chileno Roberto Bolaño (1953-2003) – nota da época e trecho aqui – ganha um longo e consagrador ensaio-reportagem-resenha de Daniel Zalewski na “New Yorker” desta semana, a propósito de seu tardio lançamento nos Estados Unidos.
Fiquei surpreso quando vi que o Babelia, suplemento literário do jornal espanhol “El País”, dedicou sua última capa a Charles Bukowski (1920-1994). Minha primeira reação foi suspeitar de exagero. Capa? Do Babelia? Páginas internas, vários pontos de vista, reprodução de cartas dele para uma editora, coleção de links sobre sua vida e obra? A princípio me pareceu descabido, como se o inegável mas restrito mérito literário do escritor americano nascido na Alemanha – recordista mundial em número de páginas dedicadas a porres e ressacas – não merecesse mais do que uma resenha ou artigo isolado. Aí pensei melhor: me lembrei da força que “Cartas na rua”, na primeira edição da Brasiliense, teve para mim aos 20 anos, e de como passei um ano ou mais caçando tudo o que pudesse encontrar do sujeito. Depois pensei nas levas de jovens escritores e aspirantes influenciados pelo homem, que escreveram e continuam escrevendo sobre suas próprias bebedeiras e promiscuidade como se bebessem e trepassem apenas para escrever depois. É gente à beça, embora a maioria só saiba o que é fome quando a empregada atrasa o jantar, o que estraga um pouco a brincadeira. Será que tudo isso é pouco para levar Bukowski…
Saber ler é tão difícil como saber escrever. Ainda que o tradutor tenha génio, uma tradução é sempre uma foto a preto e branco de um quadro. Custa-me conceber um poeta que nunca tenha feito amor. E às vezes quando leio certos prosadores portugueses, não têm esperma nenhum lá dentro, são tudo coisas que se passam dentro da cabeça. Pensam muito. E a literatura faz-se com palavras. Hoje, os escritores jovens querem ser lidos na segunda-feira, ser publicados na terça, ter um êxito extraordinário na quarta e na quinta ser traduzidos em todo o mundo. O grande prosador António Lobo Antunes ganhou hoje o Camões, o maior prêmio literário da língua portuguesa. Já mereceria o “galardão”, como se diz em seu país, mesmo que fosse só pelo talento de frasista.
Hoje o Todoprosa pede licença para ter seu momento de revista de fofoca: tudo começou em 1976, quando Mario, depois de ouvir a história escabrosa que sua mulher, Patrícia, tinha para contar, disse ao amigo Gabriel: “Como você ousa?”. Quem acha que isso é perda de tempo deve parar de ler aqui. Da amizade fraterna entre o colombiano Gabriel García Márquez, 80 anos completados na semana passada, e o peruano Mario Vargas Llosa, de 70, não sobrou nada. A intensa admiração mútua e os anos de convivência próxima em Barcelona, onde moravam na mesma rua, chegaram ao fim quando o cruzado de direita desferido pelo autor de “Tia Júlia e o escrevinhador” encontrou o olho esquerdo do autor de “Crônica de uma morte anunciada” num cinema da Cidade do México, 31 anos atrás. Isso é história velha. Nenhum dos dois jamais explicou a briga, atribuindo-a simplesmente a problemas “pessoais” e, de vez em quando, também “políticos”, tendo o colombiano ficado firme na esquerda enquanto o peruano migrava para a direita. Eis que, mais de três décadas depois, a inimizade dos dois maiores nomes das letras latino-americanas volta à berlinda. E volta, espantosamente, repetidas vezes em poucas semanas. Primeiro foram os…
Bull, um rapaz encorpado e musculoso, acordou certa manhã e não levou muito tempo para se dar conta de que, enquanto dormia, adquirira uma outra característica sexual primária: a saber, uma vagina. A vagina brotara atrás de seu joelho esquerdo, dentro da covinha macia e flexível localizada no ponto onde terminam os tendões. É quase certo que Bull não a perceberia tão cedo, não tivesse ele como prioridade, logo ao despertar, o hábito de se inspecionar, explorando cuidadosamente todas as suas curvas e fendas. Qualquer semelhança com Kafka não é coincidência. Nem plágio. Este é o início do primeiro capítulo, chamado justamente A metamorfose, da novela “Bull, uma farsa”, que compõe com “Cock, uma noveleta” o livro “Cock & Bull – Histórias para boi dormir”, do escritor inglês Will Self (Geração Editorial, tradução de Hamilton dos Santos, 2a. edição, 2002). Em “Cock”, em perfeita simetria, é a protagonista que um belo dia descobre entre as pernas um recém-brotado pau. Satirista feroz e, nos melhores momentos, brilhante em sua mistura de erudição, grosseria e delírio pop, Self, de 45 anos, é um autor bem estabelecido na literatura britânica, mas nunca deu certo no Brasil. Não por falta de tentativas. Além deste…
O sul-africano J.M. Coetzee, autor da obra-prima “Desonra” (Companhia das Letras), duas vezes ganhador do Booker e prêmio Nobel de literatura de 2003, disse sim aos organizadores da Festa Literária Internacional de Parati (Flip). Será o grande nome do evento. John Maxwell Coetzee, 67 anos completados mês passado, andou freqüentando recentemente o Todoprosa: as notas de 23/2, sobre seu último romance, inédito no Brasil, e 3/3, sobre “Desonra”, ainda estão no ar aí embaixo. Recomendo conferir também seu discurso de aceitação do Nobel, traduzido e publicado por NoMínimo em dezembro de 2003, aqui. Trata-se de uma bela e meio enigmática declaração de amor à literatura, de alta voltagem poética e protagonizada por ninguém menos que Robinson Crusoé. Nascido na Cidade do Cabo e desde 2002 vivendo em Adelaide, na Austrália, Coetzee fez carreira como professor universitário de literatura e vai falar em Parati sobre Samuel Beckett, uma de suas admirações. Além de “Desonra”, um retrato perturbador das feridas sociais sul-africanas que o fim do apartheid não curou, vários de seus livros foram lançados no Brasil: “Elizabeth Costello”, “Vida e época de Michael K.”, “Juventude”, “À espera dos bárbaros”, “A vida dos animais” e “O mestre de São Petersburgo”, todos da…
A respeitada revista literária “The Believer”, de São Francisco, publica uma tabela universal das escolas literárias desde o realismo do século XIX até hoje (abaixo, clique para ampliar). Parte de um postulado polêmico do ficcionista americano Donald Barthelme (“Creio que todos somos realistas. Não temos outra possibilidade”) para – nas palavras do autor da coisa, Greg Larson – “explorar esse paradoxo”. O rebuscado quadro que Larson nos oferece imagina a literatura ocidental como um único tronco realista com vários galhos. Os nomes cômicos de algumas categorias, como realismo dipsomaníaco (Bukowski) e pós-mortal (Beckett), sugerem que tudo não passa mesmo de uma piada superelaborada. Será? Confesso que fiquei em dúvida. Para ser uma piada completa falta, como direi, graça. E se houver um tiquinho de seriedade no quadro da “Believer”, uma gota que seja, então estamos diante de mais uma prova grotesca da insuficiência dos esquemas totalizantes de pensamento. De uma forma ou de outra, vale como curiosidade. [Via Jean-François Fogel, de El Boomeran(g)]
Normalmente, o Todoprosa não gosta muito de aniversários e outras efemérides, preferindo pretextos jornalísticos menos – por definição – previsíveis. Isso é o normal, mas convenhamos que a palavra “normal” não combina com o colombiano Gabriel García Márquez, que ontem virou oitentão. E vem mais por aí: este ano comemoram-se ainda os 40 anos de “Cem anos de solidão” e os 25 anos de seu prêmio Nobel. Três datas, três links: Aqui, uma simpática galeria do jornal espanhol “El País” mistura fotos antigas e recentes para contar um pouco da vida do escritor. Em inglês, o pungente relato de Simon Romero, correspondente do “New York Times”, sobre as comemorações de ontem na pequena Aracataca, a decadente cidade natal de Gabo e modelo de sua Macondo mítica. A cidadezinha organizou uma parada militar (!), uma missa e uma queima de fogos à espera do homem, que, dizia-se, apareceria a qualquer momento. Apareceu nada: comemorou o aniversário em casa, na Cidade do México. Finalmente, em espanhol, este artigo do escritor argentino Marcelo Figueras, do blog Boomeran(g), tenta relativizar a distância irônica que mantêm do legado gigantesco de García Márquez as novas gerações de autores latino-americanos de língua espanhola.
Uma das armadilhas favoritas do antiintelectualismo – doença crônica da nossa cultura; a outra é o intelectualismo – foi reeditada pela “Folha de S. Paulo” alguns anos atrás, ao submeter anonimamente às principais editoras do país um conto de Machado de Assis como se fosse de um autor inédito em busca de publicação. Tempos depois o repórter recebeu, previsivelmente, algumas cartas de recusa e – oba, escândalo! – uma coleção de silêncios glaciais. Ahá. Quer dizer que nosso sistema de avaliação de mérito literário está montado sobre pressupostos hipócritas? Então o grande Machado de Assis, despido de seu nomão, vale tanto quanto um pobre coitado qualquer? Tinham razão os Titãs quando cantavam que “ninguém sabe nada”? Blá, blá, blá. Bem, os Titãs sempre têm alguma razão. Que uma dose de hipocrisia entra nesse jogo, não dá para negar. O problema é que o truque que supostamente a denunciaria não denunciava nada. Graça jornalística à parte, a armadilha usada pela “Folha” era desonesta, mais afeita à mistificação do que à desmistificação que fingia abraçar, como uma seqüência de dribles para o lado no meio-de-campo. Por quê? Simples: porque qualquer autor que escrevesse hoje, vírgula por vírgula, como Machado de Assis –…
Medo do futuro? Imagine! Creio que dificilmente ficaremos em situação pior do que já estivemos. Só pode ser pior uma guerra, e não creio que isso ocorra de jeito nenhum. Seria bom haver uma transição, e que ela se desse com a menor violência possível. Me eduquei na escola comunista, me pintaram um futuro soviético maravilhoso e aí está o que aconteceu. Este país está esgotado e cansado, está apodrecido, esta é a palavra. Quando ouço intelectuais daqui ou de fora falarem da revolução cubana, não sei do que estão falando. Nasci em 1972 e conheci a era soviética e a queda do muro de Berlim. Em Cuba houve um pouquinho de abertura em matéria de direitos civis e um grande desastre econômico. Mas para mim isto aqui é uma ditadura estabelecida e agonizante, não vejo nada de revolução nisso. O “Babelia”, suplemento literário do jornal espanhol El Pais, um dos melhores do mundo no gênero, foi à Feira do Livro de Havana ouvir escritores cubanos sobre o clima na ilha neste momento de indefinição, expectativa, medo e algum otimismo inaugurado pela doença de Fidel Castro. O depoimento acima, de Ena Lucía Portela, considerada uma das grandes revelações da ficção…
Para um homem de sua idade, cinqüenta e dois, divorciado, ele tinha, em sua opinião, resolvido muito bem o problema de sexo. Nas tardes de quinta-feira, vai de carro até Green Point. Pontualmente às duas da tarde, toca a campainha da portaria do edifício Windsor Mansions, diz seu nome e entra. Soraya está esperando na porta do 113. Ele vai direto até o quarto, que cheira bem e tem luz suave, e tira a roupa. Soraya surge do banheiro, despe o roupão, escorrega para a cama ao lado dele. “Sentiu saudade de mim?”, ela pergunta. “Sinto saudade o tempo todo”, ele responde. Acaricia seu corpo marrom cor-de-mel, sem marcas de sol, deita-a, beija-lhe os seios, fazem amor. E já que andamos falando do homem, vai aí o começo do tétrico romance “Desonra”, obra-prima do escritor sul-africano J.M. Coetzee (Companhia das Letras, 2a. edição, 2003, tradução de José Rubens Siqueira). O professor universitário David Lurie, personagem solitário, orgulhoso e triste, logo vai descobrir – a um preço alto – que não resolveu tão bem quanto imaginava “o problema de sexo”.
Não tenho procuração do novo diretor de programação da Festa Literária Internacional de Parati, meu vizinho Cassiano Elek Machado, para fazer esta consulta, mas é melhor assim. A montagem daquele elenco é um exercício de vida real sujeito a tantas limitações e percalços (o único nome já confirmado oficialmente é o de Dennis Lehane, autor de “Sobre meninos e lobos”) que, para quem tem esse privilégio, ficar no terreno do desejo puro vale mais a pena. Sendo assim: Que escritores de ficção – brasileiro e estrangeiro – você gostaria de ver tropeçando naquele calçamento absurdo dentro de quatro meses, de 4 a 8 de julho? Um breve histórico de ausências e presenças pode ajudar na escolha – afinal, só vale sugerir quem ainda não passou por lá. João Ubaldo Ribeiro ia, mas desistiu na última hora. Carlos Heitor Cony, por problemas de saúde, também. Rubem Fonseca não costuma ir a lugar nenhum – isto é, em território nacional. Raduan Nassar e Dalton Trevisan, menos ainda. Luis Fernando Verissimo foi, mas um problema de família o obrigou a sair antes da hora. Philip Roth nunca encontra espaço na “agenda”, que é basicamente caseira. J.M. Coetzee mora do outro lado do mundo…
Will Davis, um dos blogueiros de livros do “Guardian”, levou um susto e eu também. Está certo que o cinema tem o costume de embelezar os personagens reais que retrata – quando se trata de escritores, muitas vezes o falseamento é até um ato de caridade. Nicole Kidman de narigão de borracha para interpretar Virginia Woolf é a exceção que confirma a regra. Mesmo assim, a linda, luminosa, extraordinária Anne Hathaway (de “Brokeback Mountain” e “O diabo veste Prada”) no papel da desfavorecida solteirona Jane Austen (1775-1817) – uma bela escritora, não me entendam mal – deve estabelecer um novo recorde mundial para a glamourização da vida na sétima arte. Becoming Jane, a cinebiografia da autora de “Orgulho e preconceito”, estréia na Inglaterra semana que vem prometendo fazer qualquer amante do realismo nas telas perdoar o Shakespeare garotão de Joseph Fiennes e o garboso Euclides da Cunha de Tarcísio Meira.
A poderosa novela Everyman, inédita no Brasil, deu ao escritor americano Philip Roth o prêmio PEN/Faulkner, no valor de US$ 15 mil. Não é uma das maiores honrarias do mundo das letras, mas a notícia tem apelo extra por ser a primeira vez que um escritor conquista o tri: Roth ganhou o PEN/Faulkner em 1994 com “Operação Shylock” e em 2001 com “A marca humana”, ambos lançados no Brasil pela Companhia das Letras. Para ler um trecho de Everyman, publicado ano passado em tradução da casa no Todoprosa, clique aqui. Alerta: quem acha bacaninha o ridículo eufemismo “melhor idade” deve passar bem longe desse livro.
O recém-lançado Comment parler des livres que l’on n’a pas lus (“Como falar de livros que não se leu”), do professor de literatura e psicanalista francês Pierre Bayard, não é exatamente um daqueles manuais para blefadores que andaram na moda alguns anos atrás. Sendo um intelectual francês, Bayard tem pretensão maior – alguma coisa a ver com uma defesa da não-leitura como atividade criadora. Como estou falando do livro dele sem tê-lo lido, fica tudo em casa. Mas Comment parler… é, antes de mais nada, uma provocação, e como tal tem atingido seu objetivo. De um lado Bayard vem colhendo o apoio risonho de quem reconhece sua coragem de ir contra a hipocrisia e cutucar um tabu de intelectuais – pois é evidente que todo mundo trapaceia de vez em quando, mesmo porque o tempo para ler tudo o que se deveria ler anda escasso pelo menos desde o início do século XVIII. Recepções simpáticas ao livro de Bayard podem ser lidas no artigo da “Lire”, em francês, e, com uma dose maior de ironia, na resenha do “New York Times”, em inglês. Naturalmente, também é possível carregar no sarcasmo, como fez esse artigo publicado no “Times” de Londres (onde…
Acabo de ler o último livro do sul-africano J.M. Coetzee, Slow man, ainda sem tradução no Brasil (o próximo, Diary of a bad year, está prometido para outubro). O que achei dele não é simples de expressar. Se não posso dizer que gostei, é certo que o desagrado, no caso de um autor tão inteligente, costuma ser esteticamente mais prazeroso do que muitos prazeres fáceis. A história vinha bem: tem pegada o drama do fotógrafo Paul Rayment, um sujeito entre a meia-idade e a velhice que perde uma perna ao ser atropelado em sua bicicleta numa rua da cidade australiana de Adelaide – sim, no país de adoção de Coetzee. O livro é narrado naquela terceira pessoa marcante de “Desonra”, uma secura orgulhosa e exasperante como pano de fundo, pequenos rasgos de humanidade ofuscando o leitor aqui e ali. Eis que de repente, sem aviso, entra em cena a velha Elizabeth Costello, escritora meio chatonilda que Coetzee transformou – não sem auto-ironia – em alter ego. E não é que dona Costello conhece como ninguém o livro que estamos lendo? Até frases de capítulos anteriores, que só o narrador e o leitor poderiam conhecer. Daí em diante a história da…