O primeiro aspecto desconcertante de “O retrato de Dorian Gray – edição anotada e sem censura” é o que se poderia chamar de paradoxo do tamanho. Costumamos pensar no verbo censurar como sinônimo de suprimir, cortar – não à toa, é uma tesoura seu símbolo universal. No entanto, a edição da obra-prima de Oscar Wilde organizada pelo pesquisador acadêmico Nicholas Frankel (Biblioteca Azul, tradução de Jorio Dauster, 352 páginas, R$ 64,90), alegadamente fiel até a última vírgula à primeira versão datilografada e emendada à mão pelo escritor irlandês em 1890, é consideravelmente menor do que aquela que seria publicada no ano seguinte em livro e admirada por gerações de leitores: tem apenas treze capítulos, sete a menos do que o texto canônico. Que censura foi aquela? Na resposta a essa pergunta, que não é simples, vamos encontrar o pecado (menor) e a virtude (imensa) do trabalho de Frankel. Primeiro, o pecado: sim, há um leve toque de sensacionalismo na simplificação que o subtítulo abraça ao falar em “sem censura” (no original, uncensored). A realidade é mais complicada. O que houve foi um processo tortuoso em que, em primeiro lugar, o texto passou pelo crivo dos editores da revista americana “Lippincott’s”,…
Em seu novo romance, “A infância de Jesus” (Companhia das Letras, tradução de José Rubens Siqueira, 304 páginas, R$ 44,00), J.M. Coetzee leva a investigação ética que sempre foi o principal motor de sua literatura a um plano de inédita rarefação. Descarnada e assumidamente alegórica desde o título, a narrativa desenha uma série de parábolas provisórias e inacabadas que se corrigem e se negam o tempo todo, recusando ao leitor o prazer de fechar um sentido e dizer: “Ah, então é isso!” – prazer que se pode chamar de fácil, mas do qual é dificílimo abdicar por completo, sob risco de inviabilização não apenas da literatura mas da própria linguagem. O que confirma o sul-africano, no mínimo, como o mais corajoso dos grandes escritores vivos. A história em si é tão simples, linear e desprovida de enfeites quanto a prosa em que é apresentada. Depois de atravessar o oceano, um homem de meia-idade, Simón, chega com um menino de cinco anos a uma terra desconhecida em busca de vida nova. O menino, David, é brilhante, mimado, voluntarioso, irritante. Não é parente do homem, mas uma alma desgarrada com a qual ele esbarrou no navio. Por razões pouco claras, Simón resolve…
Estou lendo com muito prazer o recém-lançado “Conversas com escritores”, de Ramona Koval (Globo Livros, Biblioteca Azul, tradução de Denise Bottmann). É apropriado que o título chame de “conversas” (no original, conversations) as entrevistas feitas pela escritora e jornalista australiana especializada em literatura com 26 autores – entre eles Saul Bellow, Ian McEwan, Toni Morrison, Harold Pinter, Gore Vidal, Mario Vargas Llosa, Amós Oz e Martin Amis. “Há momentos em uma entrevista em que a gente prende a respiração, sem saber se o próximo passo vai trazer a humilhação pública ou um agradável alívio”, diz Koval na introdução. O risco faz mesmo parte de seu jogo. Não lhe falta informação sobre a obra dos autores entrevistados, mas tampouco falta coragem para se colocar diante deles em abordagens pouco convencionais. Fico pensando que talvez seja a oralidade do rádio, veículo em que ela apresentou durante anos um programa de sucesso em seu país, chamado The Book Show, a principal explicação para o fato de suas entrevistas se distanciarem do formato tradicional e virarem bate-papos propriamente ditos, com reticências, associações livres, apartes e epifanias. “Relendo estas entrevistas”, escreve Koval, “vejo que volto constantemente a perguntas sobre a maneira de avaliar uma vida,…
“Ficção completa”, de Bruno Schulz: O escritor polonês (1892-1942) ficou marcado pela sombra de Franz Kafka, que como ele era um judeu europeu desenraizado. A ligação entre os dois foi estimulada pelo próprio Schulz, que chegou a assinar uma tradução de “O processo” que não fez, mas tem valor dúbio. A verdade é que sua literatura de estonteante originalidade não deve nada a ninguém. O principal indício da diferença entre os dois escritores está no modo como tratam a linguagem. Em Kafka ela mantém uma superfície lisa, homogênea e próxima do tédio dos relatórios, enquanto a narrativa enlouquece por baixo. Em Schulz o enlouquecimento poético da prosa é o próprio espetáculo. Os dois são alucinógenos, mas Kafka é uma substância injetável e Schulz, uma bebida de estalar a língua e lamber os beiços (leia mais). . “O espírito da prosa”, de Cristovão Tezza: Livro corajoso e único no cenário brasileiro, em que um escritor de sucesso reflete sobre sua formação, expõe dúvidas e fraquezas e defende teoricamente suas escolhas estéticas no quadro histórico da prosa de ficção. Tezza faz uma defesa enfática de algo que grande parte de nossa inteligência literária tem gostado de tratar como defunto, muitas vezes com…
Aqui vai mais uma historinha didática. Tem dois caras sentados num bar nas profundezas remotas do Alasca. Um dos caras é religioso, o outro é ateu, e eles estão discutindo a existência de Deus com aquela intensidade característica que surge lá pela quarta cerveja. Aí o ateu diz: “Olha, não é que me faltem motivos concretos para não acreditar em Deus. Não é como se eu nunca tivesse experimentado essas coisa toda de Deus e orações. Agora mesmo no mês passado eu estava longe do acampamento quando fui pego de surpresa por aquela nevasca terrível, não conseguia ver nada, fiquei totalmente perdido, estava 45 graus abaixo de zero, e aí decidi fazer exatamente isso: caí de joelhos na neve e gritei ‘Oh Deus, se é que existe Deus, estou perdido nessa nevasca e vou morrer se você não me ajudar!”. Aí o sujeito religioso encara o ateu, todo intrigado: “Bem, depois disso você deve ter começado a acreditar”, ele diz, “afinal de contas você está aqui, vivo”. O ateu revira os olhos, como se o religioso fosse um tremendo paspalho: “Não, cara, só aconteceu que uns esquimós apareceram do nada e me mostraram para que lado ficava o acampamento”. É…
“O espírito da prosa – uma autobiografia literária”, de Cristovão Tezza (Record, 224 páginas, R$ 34,90), é um livro corajoso e único no cenário brasileiro: um longo ensaio em que um ficcionista de sucesso reflete sobre sua formação, sonda motivações ocultas, esmiúça referências, defende teoricamente suas escolhas no quadro histórico da prosa de ficção e, ao mesmo tempo, expõe as próprias dúvidas e pontos fracos com franqueza desconcertante. Ex-professor universitário e estudioso do linguista russo Mikhail Bakhtin, Tezza não facilita as coisas para o leigo menos ligado no tema: nem tanto pela linguagem – “Este não é um trabalho acadêmico”, avisa na primeira frase do livro – quanto por um tom singularmente fervoroso, “O espírito da prosa” dirige-se a um leitor no mínimo apaixonado por literatura. No trecho abaixo, depois de destroçar os três primeiros livros que escreveu – e que nunca publicou –, Tezza faz uma defesa enfática de algo que grande parte da inteligência literária brasileira tem gostado de tratar como defunto, muitas vezes com a superficialidade apressada de quem já não precisa reafirmar o óbvio: a ficção realista e seu lugar único, que obviamente não é o de uma linguagem em que o autor insufle uma verdade…
Meu pai ficava deitado no assoalho, todo nu, sarapintado de manchas negras de totem, riscado pelas linhas das costelas, pelo desenho fantástico da anatomia que transparecia, ficava de quatro, possuído pelo fascínio da aversão que o puxava para dentro de seus emaranhados caminhos. Meu pai se mexia com movimentos complicados de numerosos membros, num estranho ritual no qual reconheci, apavorado, uma imitação do cerimonial da barata. Desde então renunciamos a nosso pai. Sua semelhança com uma barata ficava cada dia mais nítida – meu pai se transformava em barata. Esse trecho de “As baratas”, texto (conto ou capítulo de romance?) de “Lojas de canela”, seu principal livro, foi determinante para que o escritor polonês Bruno Schulz (1892-1942) ficasse marcado pela sombra de Franz Kafka. A ligação entre os dois nomes foi estimulada pelo próprio Schulz, que chegou a assinar uma tradução de “O processo” que não fez, mas tem valor dúbio: se fornece algumas balizas para o leitor situar a vida e a obra do polonês, pode obscurecer o fato de que sua literatura não deve nada a ninguém, tem uma originalidade estonteante e sabor inteiramente distinto daquela do escritor tcheco. O melhor é tomar Schulz em seus próprios termos,…
O escritor americano Jeffrey Eugenides estreou em 1993 com uma obra-prima tão madura e original, o romance-novela “Virgens suicidas”, que a consagração de público e crítica atingida dez anos depois por seu segundo romance, “Middlesex”, ganhador do Pulitzer, pareceu apenas natural. Da geração de David Foster Wallace e Jonathan Franzen, Eugenides parecia destinado a figurar em posição de destaque no primeiro time da “nova geração” americana. Parecia. Mais uma década se passou e seu terceiro romance, “A trama do casamento” (que a Companhia das Letras lança mês que vem, com tradução de Caetano Galindo), é tão fraco que obriga seus admiradores, entre os quais me incluo, a repensar algumas das certezas expostas acima. Mais (ou menos) que uma resenha, este texto vai procurar elementos para começar a lidar com essa questão triste: a queda livre qualitativa de um escritor que lançou um dos melhores livros de estreia que já cruzaram meu caminho. Primeiro convém falar um pouco de The marriage plot – que li no original, razão pela qual nada direi sobre a tradução. Desde o título, trata-se de uma tentativa explícita de atualizar (para os anos 1980) os romances românticos que terminavam com o casamento da heroína, à moda…
Não é uma crítica à sua capacidade de envolver o leitor nos dramas dos personagens – capacidade incontestável, diga-se logo – reconhecer que, pelo menos para quem escreve, o domínio técnico é o que mais chama a atenção em “A visita cruel do tempo”, da escritora americana Jennifer Egan (Intrínseca, tradução de Fernanda Abreu, 336 páginas, R$ 29,90). É preciso ser um monstro para manter tensionada de forma tão impecável a corda de um romance – ou coleção de contos interligados, impossível decidir – em que cada segmento é narrado por uma voz mais virtuosística que a outra, avançando e recuando na cronologia para cobrir cinco décadas e tendo como sombrio motivo de fundo uma reflexão sobre os estragos provocados pela truculenta passagem do tempo na vida dos personagens e da própria cultura americana, que adquire aqui os tons crepusculares de um império que se sabe decadente. Seria um erro tentar resumir a intrincada trama de “A visita cruel do tempo” numa resenha, mas convém situar os marcos temporais que estão em suas extremidades. O mais recuado fica nos anos 1970 em que o quarentão Lou, produtor musical de sucesso, cheirador e sedutor de menininhas, aparece ao longo de dois…
Terá começado com o fim da Primeira Guerra Mundial, nos passos de John dos Passos e e.e. cummings? Ou antes disso, com o desembarque do crítico de arte Leo Stein, irmão de uma certa Gertrude? Ou teria sido alguns anos mais tarde, quando lá pôs os pés pela primeira vez um sujeito chamado Ernest Hemingway – que se tornaria seu principal divulgador e figura mais emblemática? Seja como for, o fato incontestável é que a mitológica Paris da chamada Geração Perdida é uma criação americana, celebrada nostalgicamente por geração após geração de artistas americanos – o último deles, o cineasta Woody Allen, com o divertidíssimo “Meia-noite em Paris”. Se a mitologia parisiense dos anos 1920-1930 tem em seu coração esse drástico deslocamento geográfico-cultural, não é tão espantoso que seu mais sucinto e espirituoso guia turístico-literário seja de autoria não de um americano, nem de um francês, mas de um brasileiro. Em “E foram todos para Paris – Um guia de viagem nas pegadas de Hemingway, Fitzgerald & Cia.” (Casa da Palavra, 128 páginas, R$ 39,30), o jornalista Sérgio Augusto equilibra num volume magro e bem ilustrado, que se presta tanto à leitura corrida quanto à consulta, o rigor no acompanhamento…
Na resenha do livro “A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros” (The shallows), segunda-feira, faltou falar justamente do que está no foco do Todoprosa: livros, e dentro dos livros a literatura, e dentro da literatura a prosa de ficção. Como ficam essas coisas arcanas, o texto enquanto arte e tal, no mundo colorido, afogado em informação, compulsivo e desatento que Nicholas Carr vê na internet? Um mundo em que todos os textos – e não só os feitos de palavras – viram “conteúdo” indexado, imediatamente acessível na forma de excertos, caquinhos interligados de modos imprevisíveis, tão descontextualizados quanto certo microfragmento triangular de louça cartaginesa azul num caleidoscópio que tende ao infinito. A literatura não é abordada diretamente em “A geração superficial”. Não é este seu foco. Uma exceção é o capítulo em que seu autor discorre sobre o Google Book Search (mas aí está falando mais de mercado editorial, política cultural e biblioteconomia que de literatura). A outra é o momento em que ele fulmina o triunfalismo digital anencefálico de um articulista que nega todo valor à leitura de “Guerra e paz”, um romance que estaríamos na obrigação histórica de finalmente admitir ser uma…
“A geração superficial – O que a internet está fazendo com os nossos cérebros” (Agir, 384 páginas) é o livro que consolidou a posição do jornalista americano Nicholas Carr como principal crítico cultural do mundo digital. O livro nasceu de um artigo polêmico que Carr publicou em 2008, chamado “O Google está nos deixando burros?”, comentado na época aqui no blog. A tese central é a mesma: ao nos ensinar a ler de outra forma – veloz, horizontal, volúvel, interativa, baseada na satisfação imediata –, a tecnologia digital está reprogramando nossas mentes no nível bioquímico, devido a uma característica do cérebro chamada neuroplasticidade. Em consequência disso, a capacidade da espécie de acompanhar raciocínios longos e mergulhar sem distração na solução de um problema complexo pode estar simplesmente em vias de extinção. Se a ideia central já constava do artigo de 2008, “A geração superficial” sustenta o pessimismo de seu autor com uma impressionante variedade de informações históricas, científicas, econômicas etc. Consegue manter no ar todos esses malabares sem perder a atenção do leitor – isto é, daquele leitor que ainda for capaz de prestar atenção em um texto com mais de cinco linhas. Carr não é um luddita, um reacionário….
“Habitante irreal”, de Paulo Scott – Atolada num ambiente besta que se assemelha a uma guerrinha entre fiéis e infiéis (existe ou não existe, é divina ou é uma fraude, vamos à missa ou não vamos?), a literatura brasileira contemporânea corre o risco de nem se dar conta de que acaba de ganhar um livraço. Acerto de contas com os sonhos e desilusões de uma geração, o romance de Scott revela-se um cruel espelho político-social de impasses coletivos e, no caminho oposto, um objeto que se quer tão xamânico quanto a bizarra máscara construída pelo personagem Donato, o “índio mais não índio do qual já se teve notícia”, com o propósito de dar voz aos mortos. (Leia mais..) “Diário da queda”, de Michel Laub – Sem grandiloquência e acomodadas confortavelmente no arco da narrativa, ideias grandiosas tornam notável o novo romance de Laub. Cobrindo três gerações, desde a história do avô do narrador em Auschwitz, e apontando com comedida esperança para uma quarta, “Diário da queda” é uma pequena joia ficcional que, ao tratar sem temor ou reverência a pesada herança da literatura pós-Holocausto, adiciona uma dimensão histórica universal à costumeira obsessão do autor com o passado e esmiúça de…
Se estivesse em curso um debate crítico de verdade sobre a literatura brasileira contemporânea, o romance “Habitante irreal”, de Paulo Scott (Alfaguara, 264 páginas, R$ 39,90), preencheria todos os requisitos para se por em seu centro e se tornar um teste de realidade para as teses antagônicas que cruzariam o ar: as que pregassem a falência artística de toda representação do real, as que declarassem nojinho da tradição e quisessem reinaugurar a literatura em bases sociológicas, as que apostassem tudo na formação de leitores e no prazer de ler etc. Infelizmente para “Habitante irreal”, não há debate algum. Atolada num ambiente besta que se assemelha a uma guerrinha entre fiéis e infiéis (existe ou não existe, é divina ou é uma fraude, vamos à missa ou não vamos?), a literatura brasileira contemporânea corre o risco de nem se dar conta de que acaba de ganhar um livraço. “Habitante irreal” representa um salto na carreira de Scott, 45 anos, escritor gaúcho radicado no Rio. Entende-se como ele chegou até aqui: não houve guinada no caminho iniciado com “Voláteis” (2005), seu primeiro romance, que buscava uma poética da sujeira e do desencanto em submundos urbanos, contrapondo apenas uma certa candura ao risco…
Um texto sobre o romance “Esperando Zilanda” ([e] editorial, 2010), bom livro de estreia da escritora carioca Tamara Sender, garantiu a Felipe Charbel o primeiro lugar no I Concurso Todoprosa de Resenhas – Brasil, século 21. Experiente no ramo, Charbel produziu uma apreciação crítica lapidar em que descrição, interpretação, referências a outras obras e texto apurado se fundem com enganosa facilidade. Para seguir à risca a receita da boa resenha segundo John Updike, só faltou citar um trecho mais encorpado da obra, a fim de que o leitor pudesse julgar por si mesmo o estilo do autor – regrinha que, naturalmente, não é obrigatória e que raros concorrentes seguiram. Em suas próprias palavras, Charbel “é professor adjunto de Teoria da História na UFRJ e autor do livro ‘Timoneiros: retórica, prudência e história em Maquiavel e Guicciardini’ (Editora da Unicamp, 2010). Foi jurado da Copa de Literatura Brasileira em 2008 e 2009”. O primeiro colocado ganha um pacote com os seguintes livros: “Mecanismos internos”, de J.M. Coetzee; “O mal de Montano”, de Enrique Vila-Matas; e “Sobrescritos”, de Sérgio Rodrigues. O segundo lugar leva “Borges oral & sete noites”, de Jorge Luis Borges, e “Se um de nós dois morrer”, de Paulo…
Com um texto sobre o romance “Mãos de Cavalo”, de Daniel Galera (Companhia das Letras, 2006), Leonardo Petersen Lamha ficou com a segunda posição no I Concurso Todoprosa de Resenhas – Brasil, século 21. A sacada do personagem “em dúvida sobre seu próprio arco dramático” me parece uma contribuição relevante à leitura desse livro já tão comentado. Em suas próprias palavras, Lamha “tem 23 anos, cursa o último período de Comunicação Social com habilitação em Cinema na PUC-Rio. Está se especializando em Roteiro Cinematográfico e estuda literatura paralelamente à faculdade, mas é antes de tudo um leitor”. A resenha vencedora será publicada na sexta-feira. A GLÓRIA DE UM COVARDE, de Leonardo Petersen Lamha “Mãos de Cavalo”, de Daniel Galera, abre com um capítulo que pode ser lido como um mito fundador das futuras obsessões do personagem, quando adolescente e adulto, e estabelece alguns temas que serão recorrentes, tais como como o corpo levado ao limite, a violência física, o exercício físico como fuga, frustração, vergonha e autoconsciência: um garoto (Hermano) de dez anos, espetacularmente pedalando pelas ruas, leva um tombo e vê pela primeira vez o seu sangue escorrendo. O livro intercala duas tramas que contam duas fases distintas da…
Publico hoje o primeiro dos textos vencedores do I Concurso Todoprosa de Resenhas – Brasil, século 21. Terceira colocada na disputa, a resenha assinada por Gilda Oswaldo Cruz chegou de Lisboa e discorre de modo competente – ainda que em tom mais descritivo que analítico – sobre o romance “Traduzindo Hannah”, de Ronaldo Wrobel, lançado ano passado pela editora Record. O segundo colocado será publicado na quarta-feira e o primeiro, na sexta. Em suas próprias palavras, Gilda “é pianista e escritora. Reside na Europa desde 1984 e dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros em Barcelona. Tem CDs dedicados à música de Claudio Santoro (Biscoito Fino) e publicou em 2010 o romance ‘Na sombra do herói’ (Topbooks)”. TRADUZINDO A CONDIÇÃO JUDAICA, de Gilda Oswaldo Cruz Ambientado no período da violenta repressão da ditadura de Vargas aos comunistas no Rio de Janeiro, de meados da década de 30 até o fim da guerra em 1945, este é um romance de formação que reconstitui, com humor agridoce e uma rara verve narrativa, a vida, os costumes e as vicissitudes de integrantes da pequena colônia judaica carioca instalada nos arredores da extinta Praça Onze, no centro da cidade. Quem leu “Olga”, de Fernando Morais,…