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Promover a leitura é alfabetizar de verdade

18/11/2009

Diz o escritor argentino César Aira em entrevista à revista “Letras Libres”, aqui:

Acho que a literatura não tem uma função importante na sociedade. Por outro lado acho que a literatura sempre foi e é e continuará a ser minoritária, para poucos. E acho que a literatura tem que ser opcional. Há muitos colegas meus pregando a obrigatoriedade da literatura. Fazer os jovens lerem. Não gosto disso. Na nossa sociedade tudo vai se tornando aos poucos obrigatório, deixemos a literatura ser uma atividade optativa. Leia quem quiser. Quem quiser ler terá muita felicidade na vida, mas não querendo ler também se pode ser muito feliz. Não sou um evangelista da leitura. Agora isso está na moda, promover a leitura. Há até fundações que se dedicam a isso. Suspeito que todos os que fazem tal trabalho, e ganham um bom dinheiro ao fazê-lo, nunca lêem. Nós que lemos não somos tão inclinados a promover a leitura. Talvez por já termos aprendido que é a atividade mais livre que alguém pode exercer.

Gostei. Sempre encarei com algum desconforto os “programas de incentivo à leitura”. Programa de incentivo à leitura que eu conheço, e parece que funciona, é alfabetização de verdade. Ensinar a ler corretamente um texto como: “Precisa-se de babá, carta de recomendação exigida”. Ou uma notícia de jornal. Nem pensar na ironia de Machado aqui. Apenas não despejar no mundo milhões de analfabetos funcionais – isso é programa de incentivo à leitura.

Nada contra quem incentiva a leitura nas margens paupérrimas do núcleo educado brasileiro, pelo contrário. Aira supõe que ganhem um bom dinheiro, pois por mim podem ganhar tudo o que estiverem dispostos a lhes pagar. Espalhar por aí, mesmo que de modo amador e intermitente, o acesso físico a livros e histórias escritas ou orais é uma atividade mais que louvável. Só não acredito muito em sua eficácia. Se dizer “tome, isso lhe fará bem” fosse uma boa estratégia de comunicação, o McDonald’s venderia espinafre.

Incentivem, pois. Eu daqui escrevo. Mas acho que nenhum de nós vai longe enquanto o Estado não cumprir seu dever de alfabetizar de verdade, promovendo de modo maciço o que os educadores chamam de letramento. A isso sim se pode atribuir a tal “função importante na sociedade” que Aira nega acertadamente à literatura.

Se a mocinha-cidadã vai partir do anúncio da babá para um poema do Sá-Carneiro? Pode ser, pode ser. Mas, além de altamente improvável, isso é problema dela: os que gostam de literatura vão continuar sendo meio escassos, embora, assim é de se esperar, menos estratificados economicamente numa sociedade mais educacionalmente justa.

Um lugar parecido ao de hoje, mas talvez com Cristovam Buarque no ministério da Educação e o adubo dos bilhões canalizados da burocracia onde apodrecem para a educação básica sem a qual, naturalmente, o país em que o mundo está adorando apostar não irá a lugar nenhum.

44 Comentários

  • Rafael 18/11/2009em15:11

    Não sei se alguém aqui lembra que o governo chegou a promover uma campanha publicitária de incentivo à leitura de livros; uma campanha protagonizada por jogadores de futebol, cantores de música sertaneja e estrelas do vôlei. Pessoas cujo sucesso era devido a tudo, menos à leitura.

    Nunca vi nada mais patético em toda minha vida.

  • Beto Almeida 18/11/2009em15:20

    Sérgio, há 50 anos Truman Capote publicava “À Sangue Frio”. O Guardian fez bela matéria.
    http://www.guardian.co.uk/books/2009/nov/16/truman-capote-in-cold-blood

  • Rosângela 18/11/2009em15:43

    Rafael, você tem razão. Quando vejo também propaganda política lindas e coloridas dizendo que a arte, esporte etc, promovem cidadãos conscientes, fico indignada! Promove lazer, ajuda no convìvio, tudo bem. Mas promover CIDADÃO CONSCIENTE? O que promove verdadeira cidadania é a leitura com todas as implicações devidas. A criança tem condição de aprender a ler e entender o que está lendo. Tem que haver por parte de cada professor uma preocupação em fazer isso acontecer. Conheço uma professora que trabalha numa Escola Pública ( não pelo Estado mas uma associação terceirizada) e ela faz um trabalho maravilhoso. Todas as crianças saem lendo e interpretando textos. Esta professora prepara suas aulas maravilhosas. Perde o final de semana ( ela ganha , claro…) preparando aulas lindas. Não são grandes recursos, são leituras, textos, diálogos, e os estudantes são apaixonados. São criança simples, de vida simples mas que estão dando um show. Agora, as colega desta professora, acham ruim, sabia? Dizem que ela não pode fazer porque as mães vão comparar as turmas. Engraçado isso, não? Mas isso é o que mais existe. Inveja, ciúme. E o pior, sendo a tal professora da Associação e não do Estado, fica claro que funcionário público deita e rola. Tem as exceções, tudo bem, mas são muito poucas as exceções. A coisa é muito mais complicada do que possa imaginar nosso coração. Por isso hoje invisto nas mudanças de caráter das pessoas. E sei que esta contaminação pode e muito contribuir para um bom relacionamento. Por isso que as escolas em Casa, e a Universidade das Nações tem crescido. Parece loucura o que estou falando… mas é real. Infelizmente é real. Esta tal professora sofreu tanto no início que quase desistiu. Só não desistiu porque orávamos e muito. Hoje tem sido uma alegria ver os pais e estudantes felizes… É possível sim. O impossível são as pessoas feridas por aí cheias de mazelas e a beira de colapso nervoso não sabendo administrar suas loucuras e trazendo tudo para dentro da sala de aula e do ambiente de trabalho.

    • Rosângela 18/11/2009em15:46

      E o pior, chamando os que querem ver o outro livres e conscientes, de loucos malucos, sem noção, palhaços, bobos, etc.
      Inversão de valores! A mazela do mundo atual.

  • Rosângela 18/11/2009em15:51

    Desculpa-me, Sergio, não sabia que estava tão grande o texto. Ms você com esta postagem, mexeu muito comigo. Logo agora que estou evitando escrever… Desculpa aí. Se achar por bem, pode até apagar. Não tem problema nenhum.. Já desabafei…rsrsrs

  • Rosângela 18/11/2009em16:02

    Acho bom apagar antes que apareça aquele senhor zangado quando vê minha escrita… rsrs

  • Sérgio Rodrigues 18/11/2009em16:13

    Rosângela: não apagarei nada, gostei da história da professora e, de resto, acolho seus comentários como todos os que são feitos de boa fé. Talvez você mesma possa apagar uma parte deles, exercitando a concisão, não eu. Um abraço.

    • Rosângela 18/11/2009em19:00

      Obrigada, Sérgio! Tomei um susto quando vi o tamanho.

    • Rosângela 18/11/2009em19:02

      No Flickr eu posso entrar e editar. Como faço por aqui?

    • Sérgio Rodrigues 19/11/2009em11:58

      É só enxugar antes de enviar. Depois de publicado, você não tem como mexer no comentário.

  • Sara 18/11/2009em16:44

    Acho até estranho essa boa intenção de incentivar a leitura. Nasci em uma família onde minha mãe estudou até a 4ª série, meu pai somente pôde estudar depois de adulto e os meus avós mal sabiam “desenhar” seus nomes; e ainda tenho duas irmãs mais velhas que não são muito fãs desta nobre arte, portanto não cresci em ambiente propício para desenvolver o prazer que sinto pela leitura desde muito jovem. Até hoje não consigo ficar sem ler… Ainda bem. Abçs

  • Tibor Moricz 18/11/2009em17:04

    Ler é importante, mas não é fundamental.

  • Terezinha Bueno 18/11/2009em17:39

    Sou a favor que se incentive a leitura . Não obrigar, é claro! A leitura nos indica melhores caminhos que “a sociedade”. Essa sim, só polui a formação das pessoas.

  • Professor SERGIO BORTOLI 18/11/2009em17:55

    A Leitura é a chave para as transformações sociais que tanto buscamos em nossa sociedade,pelo aumento da compreensão e da criatividade,fundamentais para o exercício satisfatório da Cidadania no Brasil.
    Por outro lado,nossos livros geralmente são caros,o que dificulta a existência de novos leitores e a manutenção dos tradicionais,o que não acontece em países que,embora tenham até poder aquisitivo melhor,como os Estados Unidos e a Comunidade Européia,oferecem edições populares,livros de bolso,inclusive,que só facilitam os hábitos de leitura e a melhoria cultural,refletindo-se na melhoria da qualificação profissional e das economias internas de muitos estados organizados.
    A TV,por si própria,não é o instrumento de melhoria intelectual da população,estimulando sua passividade,além da falta de conteúdo desenvolvimentista,no favorecimento de um ócio infelizmente destrutivo,em mostras de ignorância,vulgaridade e quase nenhuma estimulação mental,agravando comportamentos que estão cada vez piores,em quem precisar ler mais,para aprender além do que se sabe,nos livros que serão inesquecíveis para quem teve oportunidade de apreciar!!!!!!!

  • Carlos Alberto 18/11/2009em18:00

    Precisa-se criar o gosto pela leitura.

  • Graca Ezerra 18/11/2009em18:09

    Nunca vi/li uma declaracao tao correta como a sua. Tambem sou partidaria que a leitura deva ser um ato espontaneo exceto nos seis primeiros anos de vida de uma pessoa, periodo de formacao de habitos, valores,etc. Um abraco grannnnnnnnnnnnnnde.

  • Fabiana Pés 18/11/2009em18:15

    Oi Rosângela, sou bibliotecária e me interessei muito pelo trabalho q. a professora que vc citou faz. Vc pode entrar em contato comigo?

  • C. S. Soares 18/11/2009em18:25

    A visão de Aira me supreende tanto pelo pessimismo quanto pela estreiteza.

  • Marcelo ac 18/11/2009em18:32

    Aira como Otávio Paz são avessos a popularização da literatura. Estou com eles. Por trás disso sempre está o Estado hipócrita e os políticos incompetentes.

  • Neila Cristine 18/11/2009em19:06

    A leitura é importante na vida de cada um de nós, principalmente quando aconteca desde a tenra idade onde a família incentiva a criança ler, por que os resultados serão maravilhosos, assíduos leitores excelentes formadores de opiniões.

  • Soraia 18/11/2009em19:10

    Não concordo com muitas coisas que o autor disse. Acho sim que a escola deveria promover a alfabetização que não é o mesmo que letramento, da melhor forma possível, com competência. Mas considero fundamental as iniciativas de incentivo à leitura. Quanto ao fato de algumas pesoas ganharem dinheiro com isso, não se deve generalizar, pois asim como ru muita gente atua em Ongs de incentivo á leitura como voluntários, sem receber nada. A OSCIP da qual faço parte, monta bibliotecas comunitárias em locais onde o acesso ao escrito é precário, como zona rurla e bairros periféricos, os acervos são conseguidos através de doações e o mobibliário tb. Não contamos com menhum recurso governamental e não-governamental. Acho que não se deve generalizar, ok.

  • Rosângela 18/11/2009em19:17

    Sim, Fabiana, e essa professora pode te passar tudo. Deixa seu e-mail.

  • Rosângela 18/11/2009em19:23

    Paulo Freire sempre disse, que a leitura de mundo é importante. Ler o que está a nossa volta. Mas há por parte de governos uma preocupação maior com entretenimento e conhecimentos partidos, sem uma conta de chegar, na base do vale tudo. Ora, se não existe um aprimoramento, um crescer a cada etapa, onde vão parar as pessoas? Correndo atrás do rabo. Os livros pedagógicos e de conhecimentos vem muito distorcidos e mais voltados para um aprisionamento que para uma liberação de pensamentos. O pensar científico. então? Hein? Nem pensar… Seria um perigo…
    Os estudantes estão sendo encaminhados para sentir… sentir… sentir… e serem manipulados.. e jamais pensar e concluir. Jamais.

  • MARCO 18/11/2009em19:34

    Gostava muito de ler e acho super importante, primeiramente aprimoramos nossa gramática.
    Conhecemos palavras novas.
    No mais lendo livros estrangeiros aprendemos sobre culturas de outros povos. Ex.: (Na rússia pedestre tem mão nas calçadas, Na inglaterra, antigamente o lanchinho em vôos era pago.)
    Aprendemos sobre a história de nosso país com os clássicos da literatura brasileira, na intimidade, sabendo costumes e hábitos já não mais existentes.
    Noutro porém a exemplo o livro a Senha de creio, irwing Wallace, já me levava a questionamentos similiares ao Código Davinci(filme) muito antes do Código DaVinci ser escrito.
    Romances como os de Morris West nos colocava a par de como é a Igreja, (Sandálias do Pescador).
    E por aí vai, é cultura e conhecimento adquiridos em horas de lazer.

  • Ronnie 18/11/2009em20:44

    Que surpresa ver Aira citado aqui. Esse homem sabe das coisas, é um escritor formidável, pena que praticamente não editado entre nós. Escreveu mais de 40 livros na carreira, mas por aqui não tem nem 10% disso… Porém leiam a obra-prima lançada pela Nova fronteira “Um acontecimento na vida do pintor viajante” e a inacreditável, insolita e genial coletânea de narrativas intitulada “A trombeta de vime” da Iluminuras… Por essas dá pra ter um gostinho da arte genial do homem!!

  • Ronnie 18/11/2009em20:54

    A propósito: CADE O LINK DA MATÉRIA, SÉRGIO?????

  • Hilza 18/11/2009em21:38

    Sempre que me resta um tempinho me refugio para ler
    é como se fosse um flerte rápido.
    Porque, na verdade, para uma boa leitura, é preciso se desprender de tempo e lugar, enfim é como o personagem
    que se encorpora no ator.

  • ri ventura 18/11/2009em22:28

    sérgio, quero o link da revista, é possível?

  • Guilherme 18/11/2009em23:13

    Aira, note-se bem, não fala do valor social da leitura lato sensu, e sim de literatura. Num mundo injusto e ainda virtualmente iletrado – e o nosso país infelizmente se destaca nesses aspectos – é óbvio que devem haver iniciativas que incentivem a educação e o letramento. Porém, a tal literatura é mesmo uma senhora severa, por vezes implacável e difícil, como a “belle damme sans merci” do poeta. É também – e por excelência – um ato de liberdade individual ler, para usar um gancho seu, “As Confissões de Lúcio”.

  • Rosângela 18/11/2009em23:23

    Já trabalhamos propostas de leituras interessantes. Na Classe de alfabetização as crianças levavam livros para casa para os pais lerem para elas. Na sala eles teriam que fazer alguma coisa com o que eles entenderam . A partir da primeira série as crianças levavam livros toda semana e entregavam com pequenos resumos criativos. Eu gostava de pegar as folhas do meio das revistas Nova Escola onde vinham histórias interessantes ( hoje só vem coisa de bruxas, monstros e de ocultismo..rsrs para as crianças irem se acostumando a serem “dominadas”…), e colar numa cartolina deixando um beirada. A criança que pegasse primeiro a literatura-cartão, fazia uma margem criativa. Depois eu colocava plástico adesivo transparente. Bem, tínhamos muitos! Cada margem de uma cor. Atrás da cartolina eu fazia uma pequena ficha já ensinando desde as primeiras séries, narração descrição e dissertação. Eles gostavam de marcar nos livros com cores diferentes quando acontecia a narração, ou descrição ou dissertação. Fico boba de ver como crianças de primeiras séries pegam direitinho. Eles gostam muito. Hoje encontro os nossos antigos estudantes e são todos excelents profissionais. estudar vai muito além de abrir um livro e ler para fazer exercícios. Muito além…

  • Vinícius Antunes 19/11/2009em09:22

    Que fantástico, li este texto no mesmo dia que li o texto do Rubem Alves que transcrevo abaixo:

    “Há professores que ensinam literatura para desenvolver uma postura crítica nos seus alunos. Mas esse não é o objetivo da literatura. Lê-se pelo prazer de ler. Por isso, refugo quando pessoas falam sobre a importância de desenvolver o hábito de leitura. Isso é o mesmo que dizer que é preciso desenvolver nos maridos o hábito de beijar a mulher. Hábitos são comportamentos automatizados que nada têm a ver com prazer. Lê-se pela mesma razão que se dá um beijo amoroso: porque é deleitoso, porque dá prazer ao corpo e alegria à alma.” (Rubem Alves – A escola de meus sonhos)

  • Sérgio Rodrigues 19/11/2009em11:01

    Já está consertado o link da entrevista de Aira, desculpem a falha. Abraços.

  • Rosângela 19/11/2009em12:10

    Ah! Por falar em prazer. Fizemos um livro de poemas onde cada estudante fazia um poema a partir de algo direcionado. Poderia desvirtuar, claro. Mas a coisa mais linda, foi ver uma estudante, que se sentia a pior, se dizendo a que “nada sabia”, ali, misturando sentimentos e transformando em frases criativas e coloridas. Quando a mesma viu do que era capaz virou uma poetiza. Pode? Sim… Tudo pode quando nosso coraçao é grandão.

    Eu tirei zero numa prova quando tinha sete anos porque pintei a minha casa de várias cores.
    E não é que hoje quero pintar o Brasil também e querem me dar zero?

    mas… prefiro o zero a deixar meu país cinza!

  • Mr. WRITER 19/11/2009em12:16

    É aquele caso da construção dos presídios… No Brasil constrói-se presídios ao invés de escolas. Resolve-se o problema pelo fim dele. Quer-se que o marginal, drogado, ladrão, traficante, estuprador, seqüestrador, assaltante e pilantra se recupere de toda uma vida marginal dentre de um presídio.
    E estão cada vez mais modernos e tecnológicos… daqui com uns anos serão presídios em estações orbitais (tá viajei legal, mas porque gosto de ficção científica). Mas ninguém quer construir boas escolas, ninguém quer bons professores, bons livros didáticos. Ninguém quer, nem mesmo quem precisa disso tudo.
    O problema do Brasil é sem dúvida educação. Sem isso não há nada. Não vai adiantar construir milhões de presídios modernos lá no topo do problema se a base do problema continua intocada. Crianças na marginalidade, sem saber ler e escrever o próprio nome não podem se tornar adultos melhores do que aqueles que se encontram nos presídios de segurança máxima construídos todos os anos.
    Lota-se cadeias e presídios e esvazia-se a cada dia as escolas. Bela estratégia política para manter um lindo curral de eleitores… burros, diga-se de passagem.
    E antes que os defensores e de tratores da direita e os da esquerda comecem com sua guerrinha estúpida, isso não é problema do governo do Lula, nem do FHC, isso é um problema desde que a primeira caravela aqui parou. Tem sido assim, continuará assim. Talvez para sempre. Quem é burro vota de acordo com quem paga mais, dá mais, favorece mais.
    E não esqueçam, milhões de pessoas do fome zero e bolsa-familia dependem de você…

  • Tibor Moricz 19/11/2009em13:45

    Em vez de construir presídios, deviam executar os presidiários. Assim, com o dinheiro economizado, constroem-se escolas cada vez mais avançadas e tecnológicas.

  • Mr. WRITER 19/11/2009em13:56

    Tibozr,
    é essa a idéia…

  • Teresa 19/11/2009em14:07

    O pior é que quem menos ganha dinheiro com esses programas de incentivo à leitura é quem vai nos rincões do país carregando livros atravessando os sertões em biblioburros (http://www.youtube.com/watch?v=wuTswmx9TQU) ou os rios em canoas. Alguns ganham salário mínimo a titulo de ajuda de custo; muitas vezes não ganham nada, vão pelo amor à leitura.

    Olhem essa história da professora de Macaé que sofreu toda sorte de perseguição por que trabalhou em sala de aula com um livro sobre Exu:

    http://ogalileo.com.br/jovens/verConteudo.php?id=qLBMZHePl6MynkHejslalwZ15L6B8L

    • Rosângela 19/11/2009em19:00

      Que pena, Teresa, esta escola perdeu um momento excelente. Não deveriam jamais ter proibido, pois isto torna tudo obscuro. O que eu faria?Levantaria um momento de reflexão. Eu trabalhei como coordenadora num colégio Estadual e vivi este momento de compra de livros encaminhado pelo Estado. Até postei mostrando toda a documentação onde fica “claro” que todos os livros de cultura afro podem , mas nada religioso podia.
      Ora, eu sou contra proibir qualquer tipo de leitura. Tem que ter de tudo sim, para haver análises . Ainda mais sendo um colégio evangélico. A Diretora deveria deixar trazer de tudo e fazerem uma leitura comparada. Isto é muito bom. É na comparação de leituras colocando as questão dialógicas e antidialógicas que tudo vem à tona. Tanto erra o MEC proibindo outras literaturas ( religiosas) e deixando apenas religião africana em nome da cultura, quando erra o colégio que impede a leitura sugerida pelo MEC. Tá tudo errado.
      Por isso que gosto de Jesus: De tudo examineis e retende o bem. E bom que seja com educação e respeito apesar das críticas cá e lá. Com respeito sempre. Sem imposições e proibições. Meu Deus!

  • Eric Novello 19/11/2009em14:37

    Também acho que caprichar no óleo é melhor do que comprar um monte de roldanas. Com o nosso atual modelo de educação aliado ao retorno dessa onda de pseudomoralismo eu temo pelo pior. Abss!

  • Rafael 19/11/2009em15:46

    O grande favor que o Ministério da Educação poderia fazer para a Nação seria extinguir-se a si próprio. Ele é completamente inútil; pior, tem um potencial destrutivo incomensurável. Desde que o Ministério da Educação foi criado, a qualidade do ensino só tem decrescido.
    O segundo passo (ah, se a mim fosse atribuída a missão de reformar o ensino…) é acabar com o ensino obrigatório: trata-se apenas de uma sofisticada máquina de lavagem cerebral, que corrompe a inteligência. Uma criança de quatro anos, que jamais passou pela escola, é curiosa, sagaz, intuitiva, observado; dois anos submetida ao currículo proposto pelo MEC, observa-se uma criatura apática, relapsa, incuriosa, desestimulada, sem criatividade e já escrava de alguns chavões. Ao chegar à idade adulta, se o infeliz submeteu-se a todo o ciclo do ensino obrigatório, ele será, com grande probabilidade, um sujeito desinteressante, incapaz de uma idéia original, cínico, grosseiro; diria mais: um estúpido, um ignorante das verdades mais elementares.
    Até hoje, debato-me com esforço hercúleo para me livrar dessa crosta de obscurantismo de que o ensino básico me encobriu ao longo de anos.

  • João Sebastião Bastos 19/11/2009em16:51

    Campanhas de incentivo á leitura , são outra forma de torrar dinheiro público, a exemplo do programa de reforma dos apartamentos funcionais, em Brasília.Gostar de ler é uma consequencia natural de um ensino decente , onde o professor atua apenas como um motivador para pessoas já predispostas a isso . Um velho provérbio diz : ” Semeia um ato e colherás um hábito ; semeia um hábito e colherás um caráter; semeia um caráter e colherás um destino”…Desculpem o pedantismo, mas hoje é quinta-feira.

  • amanda 22/09/2010em19:24

    concordo com o texo… muito legal!!!!