A enquete do “Guardian” sobre os melhores filmes inspirados em obras literárias (veja nota abaixo) chegou a uma lista discutível, como todas são, mas provocou boas discussões aqui na redação sobre como seria trazer esse debate para o Brasil.
Resultado: essa lista aí da direita, na qual você está convidado a votar. (A votação se encerrou no dia 14 de junho. Veja o resultado na nota And the Oscar goes to…, ali em cima.)
25 Comentários
do jeito que o cinema brasileiro é popular, acho que essa votação tenda a ser a menos votada da Nominimo…
Berm que podia ter a opção “qualquer filme do Joaquim Pedro”.
O último filme brasileiro que assisti esqueci até o nome, só sei que TarcisoMeira e Maitê Proença eram protagonistas, prometi que jamais voltaria a assistir filme nacional.
Votei na Dona Flor, porque Sonia Braga nasceu na minha querida cidade de Maringá.
Pois é, leonel, é assim que o pessoal vota pra presidente, senador, governador…
Daqui a uns 5-10 anos eu volto para votar (epa!) em “O doce veneno do escorpião”…
Existe uma boa adaptação de “São Bernardo” que merecia estar na lista. São melhores tanto o livro quanto à adaptação do que vários dos que aparecem.
Grande lembrança, Pedro. Faltou também o Pixote…
Visão, Pixote foi feito em cima de uma reportagem, e o critério foi restringir a lista a romance-romance. São Bernardo, sim, é um bom filme e foi lembrado. Acabou dançando da lista por conta do excesso de Gracilianos de qualidade.
Abraços.
O pessoal tá votando nos obvios: dona flor, cidade de deus, lavoura arcaica. Tá faltando Amor e Cia, Memórias Póstumas (do Klotzel), o pouco conhecido mas excelente Aqueles Dois (baseado em caio fernando abreu), e aquele que seria o meu voto (já que vale literatura estrangeira): A hora Mágica, do Guilherme de Almeida Prado, baseado em conto do Cortazar.
Liderando está Dona Flor e Seus Dois Maridos? Macunaíma? Vidas Secas?
Eu achei que era pra votar no melhor filme, e não nos melhores livros…
Nelson Pereira dos Santos domina (e Graciliano Ramos também): “Vidas secas” e “Memórias do cárcere”. Outras boas adaptações são “Macunaíma”, “Cidade de Deus”, “Toda nudez será castigada” e “Eles não usam black-tie”.
Sérgio, o problema com essa lista é que os dois produtos não tem nada a ver um com o outro. É pra votar no melhor filme a partir de um livro no mínimo legível? Ou é pra votar na melhor dupla?
Qualquer que seja o critério, filmes/livros como “Cidade de Deus” e “Dono Flor…” não passam no filtro. Porcarias em qualquer midia.
E Graciliano não é muito “cinematográfico”, mas forneceu material para Nélson Pereira dos Santos fazer seus dois melhores filmes. Louve-se o seu talento.
Agora, quem se habilitaria a filmar “Angústia”?
ôrra, André K! …então “Vidas Secas” não é bom filme? bom, gosto pessoal por gosto pessoal, meu voto é a favor, completamente. Aliás, um dos melhores filmes do cinema brasileiro! rs – e tenho certeza de que não estou sozinho, muito pelo contrário. quanto a ser “legível” (no sentido de ‘compreensível’), é outra história… Raduan Nassar não era muito, mas o filme ficou também das melhores películas realizadas na re-retomada mais recente do cinema brasileiro, nos anos 90. sem dúvida.
Pergunta anraphel: “Agora, quem se habilitaria a filmar “Angústia”?”
Se não me engano, o próprio Nelson Pereira dos Santos já o fez, creio que para a televisão, mas com outro nome.
O Beijo da Mulher Aranha estar estre os últimos somente pode ser explicado pela idade do filme (ou dos votantes). Não é possível.
Um filme antigo que, sem desmerecer os outros(estou numa fase de só gostar de filmes brasileiros), enfoca uma história genial e inesquecível. Aquela cena do Vadinho morrendo, na calçada, vestido de mulher é sensacional.
Um filme que quase ninguém viu, mas que gostei e achei bem adaptado e muito bem atuado foi “Um Copo de Cólera”, de Raduan Nassar.
Ah, sim, também pouquíssimos leram o livro.
“Um Copo de Cólera” tá mais pra teleteatro do que pra filme, hein, Clara? o texto parece praticamente (se não o foi, mesmo) transposto intacto do livro para o roteiro. E isso compromete seriamente a dinâmica, as ‘singulares particularidades’ dessa mídia. E mesmo como teatro me pareceu superficial, “fácil”: cheio de lugares comuns e cacoetes de “profundidade” do casal de atores. Mas vá lá, se te faz o gosto…
Um dos melhores filmes brasileiros, na minha opinião, não foi adaptado de obra literária alguma. É “Terra Estrangeira”, de Walter Salles e Daniela Thomas. Denso, inquietante e de grande qualidade visual.
Ah, que é isso writing ghosts? Achei as interpretações de Alexandre Borges e Julia Lemmertz inspiradíssimas, e com intensidade à altura do texto. Amei!
Uma lista das melhores adaptações poderia incluir, na minha despretensiosa opinião:
“Vidas secas” (Graciliano/Nélson Pereira dos Santos);
“O invasor” (Marçal Aquino/Beto Brant);
“O homem do ano” (Patrícia Melo e Rubem Fonseca/José Henrique Fonseca);
“O auto da compadecida” (Ariano Suassuna/Guel Arraes);
“Cidade de Deus” (Paulo Lins/Fernando Meirelles e Kátia Lund);
“Lavoura arcaica” (Raduan Nassar/Luis Fernando Carvalho).
Pena que a lista seja tão pequena. Nossa literatura merece mais homenagens e nomes é que não faltam para serem adaptados para a tela. Vide o caso de Luiz Ruffato, autor do belíssimo Eles eram muitos cavalos, texto definitivo sobre São Paulo e sobre o Brasil.
Caro Paulo, obrigado pela sua lista. Só gostaria de esclarecer dois pontos: ‘O invasor’ é um ótimo filme e só não entrou na minha lista aqui porque não é uma adaptação – o roteiro foi terminado pelo Marçal antes do romance. E o ‘Auto da Compadecida’, mesmo sendo cheio de material escrito especialmente para a tela, nasceu no teatro, um gênero que eu optei por por não incluir. Um abraço.