Medo do futuro? Imagine! Creio que dificilmente ficaremos em situação pior do que já estivemos. Só pode ser pior uma guerra, e não creio que isso ocorra de jeito nenhum. Seria bom haver uma transição, e que ela se desse com a menor violência possível. Me eduquei na escola comunista, me pintaram um futuro soviético maravilhoso e aí está o que aconteceu. Este país está esgotado e cansado, está apodrecido, esta é a palavra. Quando ouço intelectuais daqui ou de fora falarem da revolução cubana, não sei do que estão falando. Nasci em 1972 e conheci a era soviética e a queda do muro de Berlim. Em Cuba houve um pouquinho de abertura em matéria de direitos civis e um grande desastre econômico. Mas para mim isto aqui é uma ditadura estabelecida e agonizante, não vejo nada de revolução nisso.
O “Babelia”, suplemento literário do jornal espanhol El Pais, um dos melhores do mundo no gênero, foi à Feira do Livro de Havana ouvir escritores cubanos sobre o clima na ilha neste momento de indefinição, expectativa, medo e algum otimismo inaugurado pela doença de Fidel Castro. O depoimento acima, de Ena Lucía Portela, considerada uma das grandes revelações da ficção cubana, com três livros publicados, está entre os mais corajosos. Vale a pena ler a reportagem inteira, em espanhol, aqui.
93 Comentários
Well…
Eu vou com o Eduardo Galeano:
……….. Cuba dói.
O Fernando Morais pensa exatamente o oposto…
Falha minha. Contexto:
“La revolución cubana nació para ser diferente. Sometida a un acoso imperial incesante, sobrevivió como pudo y no como quiso. Mucho se sacrificó ese pueblo, va-liente y generoso, para seguir estando de pie en un mundo lleno de agachados. Pero en el duro camino que recorrió en tantos años, la revolución ha ido perdiendo el viento de espontaneidad y de frescura que desde el principio la empujó. Lo digo con dolor. Cuba duele.”
Ou ainda:
“Estados Unidos, incansable fábrica de dictaduras en el mundo, no tiene autoridad moral para dar lecciones de democracia a nadie. Sí podría dar lecciones de pena de muerte el presidente Bush, que siendo gobernador de Texas se proclamó campeón del crimen de Estado firmando 152 ejecuciones.
Pero las revoluciones de verdad, las que se hacen desde abajo y desde adentro como se hizo la revolución cubana, ¿necesitan aprender malas costumbres del enemigo que combaten? No tiene justificación la pena de muerte, se aplique donde se aplique.
Tomado de: La Jornada, México, D.F., viernes 18 de abril de 2003.
Se alguém acha que Cuba é ou foi um paraíso, que faça uma sessão espírita e convide o espírito de Reynaldo Arenas a manifestar suas opiniões a respeito.
Ou pergunte ao vivíssimo Pedro Juan Gutiérrez, arroz de festa em nosso país.
Claro que Cuba é o paraíso! Vocês não ouviram o que diz o García Márquez? Tortura? Nunca houve. É uma democracia em estado pleno.
Cuba lança, Cuba lança, quero ver Cu-ba lançar.
Olha, não sou partidário de ninguém, não gosto do maniqueísmo que divide a política em mera esquerda e direita, também não gosto dos políticos brasileiros, tanto no que se refere ao “profissional” quanto no pessoal. Ou seja, não gosto deles como políticos porque são medíocres e não gosto dos seres humanos que são por que são demasiado hipócritas…
O que quero dizer é que é muito bom ver um escritor manifestar seu “desafeto” assim, botar pra fora o que acha da realidade ao seu redor e do contexto histórico que gerou tal realidade…
Meio mundo, tanto a direita quanto a esquerda vai se manifestar contra ou a favor da moça… particularmente, qualquer crítica a qualquer governo de situação é boa, desde que tenha um bom argumento e uma boa causa, como parece ser o caso de escritora mencionada no post e que viveu uma parte deste contexto e pode falar com conhecimento de causa…
Agora, podem começar o apedrejamento da coitada…
E como disse Galileu: Mas que gira, gira…
Mr. Ghostwriter,
Eles colheram testemunhos na feira de livros de Havana. O comentário de três foram destacados: Antón Arrufat, Reina María Rodríguez y Ena Lucía Portela. O da Ena é realmente o mais corajoso, como o Sérgio definiu, mas os outros não ficam atrás.
Acho que não é o caso de jogar pedras. Só gente radical, mas aí é um problema deles.
É difícil falar de Cuba. Nem os cubanos tem a coragem de se expressar como está no artigo.
Fiquei surpresa de “ninguém mencionar diretamente o problema” – de que Fidel vai morrer mesmo e o show continua.
Sequer falam do problema de saúde de Castro. Falam em susto mas que já passou pois o homem ainda está vivo.
A poeta Reina María Rodríguez também disse coisas bastante legais.
O artigo é muito bom.
Mas, Jonas, o Garcia Márquez nega assim mesmo?
Saint-Clair, este aí também diz que não houve nada e Cuba é paraíso?
Só falta o Chico, Niemeyer… rsrsrs
E claro, o Antonio Augusto vai aparecer aqui para dizer que a ilha é cinematográfica ilha da fantasia com fartura, educação e todos de rostinho corado e sorriso nos olhos.
Valha-me Deus! Fidel, se o Che tivesse vivo acho que ele já teria te matado.
Sei como é Clarice, mas o lance das pedras foi uma metáfora em relação aos que vão chover críticas sobre a pobre escritora por este manifesto…
Abraços
Clarice, o GGM até já tentou circular um abaixo-assinado entre escritores, afirmando que em Cuba não há e nunca houve tortura.
Chico Buarque, senhor compositor, bom cantor, bom scritor e reaça de esquerda, também acha Cuba legal…
Corajosa a Enia Lucía Portela…tomara que não sofra represálias. Mas deixa pra lá. O importante é que em cuba há escitores produzindo, apesar da censura velada em uns casos e explícita em muitos outros. Exemplo é Pedro Juan Gutierrez, citado pelo Saint-Clair, apesar de um tanto superestimado por aqui. O Leonardo Padura Fuentes escreve uns policiais bem legais. Enfim, é admirável que esses caras e outros consigam produzir trabalhos dignos sob uma ditadura nojenta como aquela (aliás, todas são, né?), que condena intelectuais à prisão (ás vezes perpétua)
Clarice, no caso do falecido Reynaldo Arenas, ele comeu o pão que o Diabo amassou com o rabo nas mãos do Regime Castrista: não é pra menos, era gay assumido.
O Gutiérrez mora na Ilha, portanto não pode falar muito mal (se bem que fala, de vez em quando), mas basta ler os livros dele pra ver como Cuba é um Inferno. “Pra quem sabe ler, um pingo é letra”.
Não sou maniqueísta: Cuba é que nem o Brasil: ao mesmo tempo Paraíso e Inferno. Há poucos países que são um completo Inferno, e nenhum que seja só um Paraíso. A questão é da balança: Inferno e Paraíso têm de estar mais ou menos equilibrados (EUA, França, Alemanha, Espanha, etc.) Quando o delicado equilíbrio se rompe (Iraque, Haiti, Brasil, Cuba) é que começa a ficar doloroso…
E antes que alguém fale alguma coisa, citei só Gutiérrez e o Padura porque são dois cubanos cujos livros são traduzidos e publicados no Brasil.
Deixando de falar de “esquerda” e ”direita” – as duas grandes mazelas que estamos herdando do século passado – a literatura cubana, antes de Fidel, era das melhores da América Latina. Hoje, a não ser pelos exilados, é um grande lixo. O que conhecemos de grande na literatura cubana é anterior a Fidel: o “negrismo” poético, o experimentalismo de Mariano Brull, Eugenio Florit e Emilio Ballagas, Nicolás Guillén, o teatro de Virgilio Piñera, o grande Alejo Carepentier, o fabuloso José Lezama Lima [talvez o melhor romancista latino-americano: lembram-se do que diz dele o personagem de “Morangos com Chocolate”?}. Todos eles se formaram e já tinham se estabelecido como grandes escritores antes de Fidel. E se continuaram escrevendo foram vítimas do esquecimento oficial ou da perseguição. Só mesmo o velho estalinista Guillén conseguiu escapar disto, embora ande hoje mais esquecido que nunca. Quando Cabrera Infante morreu anos atrás, nem notícia apareceu nos jornais cubanos – e ele era o maior escritor vivo que o país tinha. Não se pode julgar o país apenas pela maneira como trata seus artistas criadores (e não apenas aqueles que repetem o que foi feito antes), mas é sempre bom lembrar que criadores desaparecem em ditaduras socialistas. Isto aconteceu na Rússia e na China e acontece hoje em Cuba.
Alejo Carpentier
Jonas, pesquisei e li a respeito do abaixo-assinado:
(…)”Entre artistas que manifestaram seu repúdio às recentes punições de dissidentes estão o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, o escritor português José Saramago e o compositor brasileiro Caetano Veloso.
Além de García Marquez, outros vencedores do prêmio Nobel da Paz, como a guatemalteca Rigoberta Menchú e o argentino Adolfo Pérez Esquivel, também engrossaram o abaixo-assinado dos notáveis.
Mas a oposição veemente do escritor colombiano à pena de morte e as especulações sobre a sua amizade com o líder cubano fizeram dele o principal alvo dos críticos do governo da ilha do Caribe.
Para a escritora americana Susan Sontag, por exemplo, a postura de García Marquez é “imperdoável”. (…)
bbc.co.uk/portuguese/cultura/ 030501_cubaxcg.shtml
Saint-Clair,
É por aí. Quando a balança tende para um lado só…
Pedro,
Em http://www.geneton.com.br/archives/ 000035.html
há uma entrevista com o Cabrera Infante que dá para entender o motivo de não terem dito nada a respeito
(falha técnica)… da morte dele.
Ele afirma que GG é folclórico e o livro que deveria representar elementos sul-americanos é “Grande Sertão-Veredas”
“Aquele mundo é realmente mágico ! Nada a ver com ”realismo mágico” e todas essas porcarias.”
A entrevista é muito boa.
Eu nunca entenderei quem nega fatos ou fica cego para defender o horror em prol de nem sei qual motivos.
De Cuba só me interessa a Livre. Cuba Livre. Com bastante gelo.
Para mim, só o fato de considerarmos “de extrema coragem” o ato de um cidadão tecer críticas ao seu governo, já define o que deve ser a vida por lá.
Boa esta harpia. É isso.
Tibor,
Eu ganhei lá no post “Arte de não ler”. viu?
Agora não vale mais senão fica excessivo.
Aguarde outro post.
Não dá pra acreditar…
Acho que você precisa arrumar logo o que fazer… Ô Sérgio, que tal um novo post, rapidinho?
Ah, que isso Tibor! Os cubanos (e as cubanas também) são lindos! Deve ser divertido fazer Turismo Sexual em Cuba? sem contar que deve ser barato também. HAHAHAHAHAHAHA.
(Botei o comentário no lugar errado – a esclerose…)
Isso apenas comprova minha tese: antes fazer sexo em Cuba, onde é sempre divertido, que em Coetzee, onde é sempre triste.
Encoxar mulheres no paredón – eis minha fantasia sexual que ainda irei realizar.
se a maioria do povo cubano estivesse insatisfeita com o regime da ilha, já se teria armado a contra revolução, pois ingredientes para sustentá-la nunca faltaram, haja visto os esforços que tem feito a ditadura capitalista que monopoliza quase todo mundo em derrubar o regime com propagandas tendenciosas que visam apenas seus interesses colocando como vitrine o espelho da democracia “…”que até os cegos conseguem ver o que está por trás disso.E mil vivas ao resistentes e realmente povo cubanos que não se vendem as ilusões da falsa liberdade.!!!
O nosso caro Getúlio acabou de provar, da forma mais insofismável possível, que não há, “sub sole”, governos tirânicos que explorarm o povo, pois se os houvesse realmente, o próprio povo os haveria expulso do poder.
Se há governantes no mundo, devo concluir que a maioria do povo sempre está satisfeita, senão os teria destituído.
É fato que a maioria do povo cubano apoia entusiasticamente Fidel. E, sabemos, é do povo que partem as mudanças.
Tibor,
Recomendo-lhe vivamente que você leia “Júlio César”, de Willian Shakespeare, tragédia em que você descobrirá como o povo se deixa manipular pelas artes de oradores hábeis. A cena dos discursos fúnebres em honra ao recém assassinado César revela a fragilidade da posição assumida pelo povo diante da luta pelo poder.
Está anotado.
Alguém já viu o episódio de South Park em que o Kyle envia uma carta para o fidel? Genial, gente! Hilário demais!
Mas, voltando… Alguém já leu o desconhecido cubano Severo Sarduy?
Só ouvi falar, Silvio… Silva. Os livros dele são meio difíceis de achar por aqui, né?
Proponho-me a nunca ler o desconhecido cubano Severo Sarduy. Se o fizer, ele deixará de ser desconhecido…
Ahá!! Pensei que tava dormindo…
Tibor.
Sem graça. snif. Ficou com inveja de eu ter ganho.
Desde sábado me lema é “se eu posso não fazer nada para que vou fazer alguma coisa?”
Ih Mausoléu,
esta aí ganhou o “eu esqueci de tudo o que eu não me lembro”.
Sérgio, comentários melhores virão.
É um bom escritor o Sarduy, sem dúvida. Li Colibri.
Fala-se tudo contra Cuba, muitas vezes com amplo desconhecimento do assunto,
compensado por juízos de condenações definitivas.
Prefiro o que falou Gore Vidal, em entrevista recente, quando de sua visita a Cuba: “Não existe mentira que os EUA não tenham dito contra Cuba”.
Fala-se tudo quando se trata das condenações à ilha, menos de duas coisas, as conquistas da revolução cubana, e do criminoso e terrorista bloqueio econômico americano, existente há 45 anos.
Críticas a Cuba, os que solidários a apóiam, como eu, também as têm. Mas há críticas e críticas: como fazer críticas a Cuba e se “esquecer” do bloqueio?
Antônio Augusto ,
Bloqueio econômico é uma aberração do capitalismo selvagem americano, uma maldade que acentua a pobreza aos cubanos, mas é até discutível, porque, graças ao bloqueio, Cuba foi sustentada durante décadas pela grana de Moscou.
Mas isso é uma coisa nojenta.
Outra coisa nojenta é a perseguição a intelectuais e a gays, por exemplo. Fidel é um dos maiores assassinos da humanidade, dono da mais longa ditadura em curso no mundo, ponto.
Querer justificar uma nojeira com outra é tacanhice.
Uma coisa não se pode discutir. Cuba demonstrou uma tenacidade surpreendente ao sobreviver a esse bloqueio econômico por tanto tempo. Descontando os evidentes prejuízos ao povo cubano, essa sobrevivência demonstra que força e união são capazes de tudo. Os cubanos aprenderam a conviver com suas necessidades. Transformaram-nas em energia, forças para caminhar. Não gosto de Fidel, não gosto do comunismo, mas tiro o chapéu ao sofrido povo cubano. Esses merecem coisa melhor.
Não é bem assim, Tibor. Cuba foi sustentada pela URSS por muito tempo. O que eles conseguiram aprender bem foi fazer propaganda de si mesmos. Veja o caso da medicina Cubana. Quase mataram o ditador… Fiasco dos fiascos, precisou ir um médido espanhol lá pra descobrir o que o velho tinha de fato… Além do mais, sobreviver a bloqueios à custa do sacrifício do povo… não é vantagem alguma… Queria ver viver apesar do bloqueio…
O mais importante destes depoimentos é ter a visão de escritores cubanos. Não é intriga da oposição, não é a fala imperialista, de anticomunistas etc. etc. ew muito menos de gente que “desconhece” o que se passa em seu país. Quanto ao povo sublinho de novo o Galeano:
“Mucho se sacrificó ese pueblo, va-liente y generoso, para seguir estando de pie en un mundo lleno de agachados. ”
Quanto ao bloqueio: é absurdo mas é um argumento por demais batido e já pusilânime para defesa de Castro.
Melhor defesa Antonio Augusto. Por favor. Fatos.
Cezar Santos,
amistosamente recomendo que você se informe melhor sobre Cuba, a revolução cubana e Fidel. Repetir que “Fidel é um dos maiores assassinos da humanidade” é falsidade e calúnia das mais grosseiras.
Há um ótimo e conclusivo livro recém-lançado, a entrevista do Fidel com o Ignacio Ramonet, “Fidel Castro – biografia a duas vozes”, pela Boitempo.
Cuba é uma ditadura. Com data certa para acabar: o dia da morte do Fidel. O regime vai cair de podre, sem que ninguém tenha que mover um dedo para isso.
Antônio Augusto,
Não li esse livro ainda (vou fazê-lo, prometo), mas tenho informações de que se trata mais de uma hagiografia do que uma biografia.
Mas contra fatos não há argmentação, pelo menos não no nível lógico.
Fidel mandou matar sim centenas de pessoas, centenas de presos políticos que foram executados e outras centenas que morreram na prisão, sem alimento e sem água. Gente que cometeu o “crime” de ter opinião contrária ao regime. Gente que nem chegou a pegar em armas, mas que ousou contestar o status quo castrista.
Fidel é tão bonzinho que até uma filha dele o deixou por não suportar as “idiossincrasias totalitárias” do pai.
Francamente, defender Fidel é o fim da picada, Augusto.
E me pergunto como uma pessoa culta, lida, informada, defende um assassino como o barbudão.
É como alguem com essas mesmas qualidades defender o Bush, que enfia seu país numa guerra (Iraque) com o argmento de defender a democracia, quando sabemos que o objetivo é dar a seu grupelho mais grana com a fabricação/venda de armas.
Entendeu?
A maldade não é privilégio de esquerda oiu direita; de país A ou B.
Quem tem informação não tem o direito de ter a consciência presa a dogmas e palavras de ordem ultrapassadas.
E só concebo isso da parte de pessoas psulinânimes, que ganham muito bem pra isso, de uma forma ou de outra.
Espero que não seja o seu caso, Antonio Augusto.
Que chatice. Coloca logo outo post, Sérgio.
Bernardo Brayner ,
desculpe o extravasamento… voltemos à literatura, pois sim?
Uma nota: não existe “bloqueio” americano a Cuba, mas sim um “embargo” de negociação comercial, bem reduzido por sinal já que apenas atinge as companhias americanas e as que negociam também com os EUA. Maior resistência a embargos demonstra ter a Coréia do Norte. E para os que acham que o povo cubano está todo com Fidel Castro e que, se não fosse assim, já teria se revoltado, vale lembrar também a Coréia do Norte, onde o povo tem situação pior que a de Cuba e não há o mínimo sinal de revolta interna. As ditaduras conseguem dominar um povo por muito tempo e não é lá muito fácil tirá-las. Muitas vezes são acontecimentos externos que as enfraquecem. O embargo americano a Cuba é prejudicial a Fidel principalmente porque, perdendo o mercado americano, ele fica com uma quantidade reduzida de dólares e não consegue pagar à vista para outros países que poderiam comerciar com ele, mas não lhe dão crédito por temer o calote. O caso da medicina cubana – uma mera repetição da criação de cursos médicos de “duração reduzida”, inventada pelos soviéticos, e agora sendo adaptada pelos americanos através de suas “nurse practioners” – não tem nada a ver com AVANÇO da ciência médica, mas simplesmente com uma aplicação menos custosa de recursos. A maioria dos doentes não precisa consultar um médico que estudou 6 anos e foi interno por vários anos – uma enfermeira melhor preparada resolve o problema. Por isto Cuba tem tantos “médicos”. Este é o segredo da tão propalada medicina de Cuba – e por isso, na hora da onça beber água, tiveram de chamar o espanhol… [Mas voltemos à literatura…]
Cezar Santos, desculpe-me, fico por aqui, mas você está bastante equivocado.
Mas é isto que eu não compreendo. Na hora de apresentar os argumentos sair à francesa.
E peraí, uma biografia baseada em uma entrevista com o biografado? Biografia conclusiva?
Se a arqueologia é manipulada e a história idem imagine esta biografia.
Antonio Augusto,
Por favor nos esclareça.
Aqui ninguém tem a mente fechada que não possa ouvir o outro.
Pedro,
Certo.
Acho que ficou na memória a música do Caetano: “se você ouvir um deputado defendendo a adoção da pena capital”/ e se você participar do bloqueio inteligente à Cuba / Ninguém, ninguém é cidadão…
Hoje, 80 anos de um amigo de Fidel: Gabo (Gabriel García Márquez).
Oi Armando, no meu comentário eu fiz uma espécie de loa ao povo cubano. Sabemos que a URSS mandou dinheiro. Sustentou… Mas sustentou quem? O Povo? Claro que não. O dinheiro foi para a classe dominante. O povo, aquele oprimido, que mora em cortiços, que trafega com carros dos anos 50/60, que vende o corpo, a alma e o que mais quiserem comprar por algum punhado de moedas, esse sobreviveu a duras penas. Volto a tirar meu chapéu pra ele. No mais, sou abrigado a concordar também com o Pedro Curiango. Não basta o povo querer, a ditadura mostra bem que o buraco é mais em baixo.
Pedro,
Excelente o seu comentário. O embargo americano à Cuba, que tantos pintam como uma espécie de sítio que o grande Império Ianque teria formado em torno de Cuba, impedindo o livre fluxo de mercadorias e pessoas, é apenas uma proibição que o Governo impôs às empresas nacionais (as americanas, bem entendido) de negociar com o governo cubano. Os outros países são livres para fazer comércio com Cuba: o Brasil celebra acordo comerciais com Cuba, a Venezuela sustenta a ilhota com seus petrodólares, alguns países europeus compram produtos cubanos, como charutos e rum.
O problema é que a economia cubana, que durante décadas viveu às custas do dinheiro soviético, é tão débil e tão irrelevante para o mundo que as relações comerciais de Cuba acabam sendo uma nulidade no comércio mundial. Cuba quase não produz produtos industrializados e sobrevive basicamente de turismo e da venda de algumas commodities agrícolas que florescem no seu solo tropical. Quem vai à Cuba faz uma viagem no tempo: os carros são os mesmos da década de 50, não há computadores nem eletrodomésticos, nada se vê do desenvolvimento tecnológico de meio século.
Cuba é um fracasso econômico que perdura no tempo graças ao torniquete que é o governo ditatorial de Fidel Castro.
Eu pessoalmente acho o embargo econômico americano uma desnecessidade, que penaliza sobretudo os ricos norte-americanos, que ficam, ó horror, privados dos inestimáveis charutos cubanos.
Defesa de privilégios e reacionarismo pouco é bobagem.
Que o digam Rafael, Pedro Curiango e outros que tais.
Bem… antes defender privilégios que um tirano homicida. Mas que fique claro que o fato de alguém ocupar o poder por meio século não o faz um prilegiado; quem faz o sacrífico de ser o manda-chuva é verdadeiramente um abnegado. Por isso, eu, Rafael, estou defendendo privilégios; Antônio Augusto, por sua vez, está defendendo o indizível auto-sacrifício que é ser um ditador, dono do destino de milhares de almas indefesas.
Rafael, dá uma voltinha fora do “shopping”
e do condomínio.
Antônio Augusto, a minha opinião de que Fidel Castro é um ditador deve-se por acaso aos gases expelidos pelo sistema de ar condicionado dos shoppings? Talvez se eu fosse conhecer o mundo “real”, o mundo dos miseráveis que se matam nas favelas, que são explorados no campo, que são escravizados nos confins do Brasil, mundo “real” que os Antônios Augustos percorrem na sua luta incansável pelos pobres e desvalidos, talvez aí sim eu, respirando o ar “real”, mudaria minha opinião e Fidel deixaria de ser um ditador. Sim, li isso nos autores idealistas: a realidade não existe por si só; ela se molda pela nossa existência. Como freqüento shoppings e moro num condomínio, a conseqüência é que milhares de presos políticos morreram sob a ditadura de Fidel; se eu vivesse no “mundo real” de Antônio Augusto, muito sangue não teria sido derramado em Cuba. A realidade seria outra, claro. Basta praticar o wishful thinking, que tantos aprende nos manuais de auto-ajuda.
Há muito de Schopenhauer na filosofia de Antônio Augusto.
Pessoal, estou muito ocupado.
Mais tarde vou responder aos inocentes do Leblon – ou não tanto inocentes assim.
Para as pessoas que acreditam que existe uma realidade externa aos nossos pensamentos, informo que nunca pisei no Leblon nas pouquíssimas vezes que fui ao Rio de Janeiro.
Para os idealistas, informo que talvez eu até more no Leblon para os que assim o acreditam; moro também em Paris, Nova Iorque, Calcutá ou Bancoc para os que assim pensam.
Aviso que irei filiar-me à escola idealista, assim poderei contra os fatos transportar-me para onde quiser.
Oba… onde se faz a matrícula? Nessa escola, vou comer as mulheres que quiser…
Deixe-me entender… O Antônio Augusto refuta o FATO de que Fidel é ditador, ou apenas quer humanizá-lo?
Tibor,
Pelo que entendi do argumento do Antônio Augusto, o Fidel é ditador apenas para aqueles que freqüentam os shoppings e moram nos condomínios (o que deve ser meu caso, segundo o parecer infalível do Antônio Augusto).
Mudando-se o ambiente em que o indivíduo vive, Fidel deixa de ser ditador e se transforma em algo mais benfazejo.
Se um dia, Antônio Augusto pisar num shopping center, os fundamentos do universo se estremecerão e Fidel será um sangüinário insaciável. Para o bem dos cubanos, espero que Antônio Augusto mantenha-se arredado dos shoppings e assim muitas vidas serão poupadas.
Ah, tá. Agora entendi. Ainda bem que não moro em condomínio… Já pensou? Podia querer defender ao Fidel o Prêmio Nobel da Paz.
Os “quetais” AAugusto include me in.
Mas que hora para você estar ocupado!
Tá relendo Marx?
Bobo! Leia a via Toni Negri para espandir seus horizontes.
O Leblon é uma delícia de bairro.
Eu fiquei feliz foi de ouvir “reacionário” e “inocentes do Leblon” rsrsrsrs
Era bom aquele tempo!
Chamar alguém de “reaça” era um xingamento enorme.
Hoje, olha só como muda a língua.
Então todos aqui que acham que Castro não é um anjo é reaça. hehehehe
Eu só quero ver é quando o Castro morrer e começar a sair o que aconteceu.
Aí eu quero ver chamarem a gente de reacionário.
Santa ingenuidade Antonio Augusto!
Manda logo aí os argumentos. Dá uma estudada aí esta madrugada.
Tá enferrujado este teu marxismo ou você está colhendo informações a respeito de Cuba? Pelo Google não vai dar em muito não.
Vai ter versão Ianque.
É por isto que ele está demorando a mandar o tratado.
Antonio Augusto não tem a menor idéia do que acontece em Cuba, como todos nós. ouvimos uma coisa aqui outra acolá mas o real mermo não se sabe.
Daqui há dez anos…
Escritores cubanos?!?!?! Como?!?!?!
Absurdo!!!!!
Ântônio Augusto, o que diabos vossa senhoria está fazendo na internet?
BLOQUEIO
“Não existe ‘bloqueio’ americano a Cuba, mas sim um ‘embargo’ de negociação comercial, bem reduzido por sinal”, nos garante Pedro Curiango.
A realidade, infelizmente, é bem diversa.
O “embargo, bem reduzido por sinal” já custou a Cuba cerca de US$ 86 bilhões. Para um país, da pequena dimensão territorial de Cuba, com grande escassez de recursos naturais, durante largo tempo dependente apenas do açúcar e do níquel, pode se avaliar as conseqüências desse prejuízo gigantesco causado pelo terrorista e criminoso bloqueio imposto pelo imperialismo americano.
Já em fevereiro de 1959, apenas dois meses depois da vitória da revolução, as autoridades americanas roubaram US$ 424 milhões do Banco Nacional de Cuba depositados em bancos americanos. Em documento do governo americano, de 6 de abril de 1960, se afirma: “deve se utilizar qualquer meio para debilitar a vida econômica de Cuba, a fim de causar fome, desespero e derrubada do governo”.
Bloqueio econômico terrorista que só fez crescer até os dias de hoje. Qualquer empresa de qualquer país que negocie com Cuba está exposta às sanções do império. A Embraer, por exemplo, deixou de vender aviões Tucano a Cuba, pois os americanos ameaçaram cessar o fornecimento de peças produzidas nos EUA à empresa.
Para se ter um idéia da crueldade do bloqueio, de que são capazes, relato fato acontecido no ano passado. A Unesco promoveu um concurso de redação para crianças. Entre os oito premiados, um garoto cubano de oito anos. As crianças foram receber a premiação em um país africano. De presente ganharam uma câmera fotográfica da Nikon… menos o garoto cubano, que ficou com cara de paisagem no palco. Por que? A Nikon recusou o presente ao garoto para não infringir “o embargo de negociação comercial, bem reduzido por sinal”, segundo um dos “especialistas” do “blog”. O garoto, de volta a Cuba, foi recepcionado por Fidel, que lhe deu uma câmera fotográfica.
Outro bate no peito e, sem se dar conta do ridículo, grita: “sobreviver a bloqueios a (sic) custa do sacrifício do povo não é vantagem alguma… Queria ver viver apesar do bloqueio”. Para outro dos furibundos críticos de Cuba e de Fidel, aqui no “blog”, o inefável Rafael, a coisa se resume ao seguinte: “Eu pessoalmente acho o embargo econômico americano uma desnecessidade, que penaliza sobretudo os ricos norte-americanos, que ficam, ó horror, privados dos inestimáveis charutos cubanos”.
É essa a consistência dos “argumentos” da histeria contra a revolução cubana.
Em 8 de novembro do ano passado, a Assembléia Geral da ONU condenou pela décima-quinta vez consecutiva, é, décima-quinta vez, o bloqueio econômico a Cuba, por 183 votos a 4. Votaram contra os EUA, as Ilhas Marshall e Palau (dois enclaves coloniais americanos na Micronésia, eufemisticamente chamados “Estados Livres Associados” – as Ilhas Marshall têm cerca de 60 mil habitantes; Palau, 20 mil – e … Israel, esta ponta-de-lança do imperialismo no Oriente Médio, país que massacra o povo palestino, promove guerras, e chegou ao ponto de estabelecer aliança para ceder a bomba atômica aos racistas da África do Sul quando da existência do regime de “apartheid”.
CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO
Mas o que o imperialismo não suporta mesmo na revolução cubana são fatos como os seguintes:
– Cuba, com bloqueio e tudo, foi a economia que mais cresceu na América Latina, no ano passado, 11,8% do PIB;
_ Como dizem os cartazes espalhados em Cuba: “250 milhões de crianças não têm onde dormir esta noite, nenhuma é cubana”;
– Não há crianças pedindo esmolas em Cuba, não há trabalho infantil em Cuba;
– Não há churrascarias em Cuba, mas todos têm alimentação;
– Não há analfabetismo em Cuba;
– Existem 67 universidades em Cuba;
– Toda a população tem assistência médica de boa qualidade;
– A mortalidade infantil em Cuba é de 5,3 para mil nascimentos, menor do que na capital do império, Washington;
– A expectativa de vida é de 77,6 anos para os homens e de 78,97 para as mulheres;
– Cuba tem 30 mil profissionais da área de saúde em assistência humanitária em todo o mundo;
– Cuba tem 20 mil jovens de todo o mundo que estudam nas suas universidades como bolsistas do governo cubano, tratados como se fossem filhos do povo cubano;
_ Cuba já alfabetizou mais de dois milhões de pessoas fora de Cuba com o programa cubano de alfabetização. Entre os mais recentes beneficiados indígenas bolivianos, alfabetizados nas suas línguas originais, quíchua e aimara. A Unesco entregou a Cuba em 2006 o Prêmio de Alfabetização Rey Sejong pela grande contribuição do país aos demais povos do mundo;
– Cuba, com a Operação Milagre, acaba a cegueira e devolve a visão a dezenas de milhares de latinos-americanos, com gastos financiados pelo governo cubano;
– Há muito mais ainda, mas o principal:
– Cuba é independente dos EUA;
– Em Cuba há dignidade.
TERRORISMO CONTRA CUBA
Se alguém de classe média, de média para alta, no Brasil, medir seu grau de satisfação egoistamente apenas pelo consumo possível no Brasil, não gostará de Cuba. Se pensar que, por exemplo, diferentemente da trágica situação social brasileira, não há grande parte da população em estado de miséria, todos levam uma vida apertada, pobre, mas com dignidade, assistência médica, acesso à educação e à cultura, apoiará Cuba.
Alguns deviam ser mais prudentes ao repetir mentiras continuadas – no estilo de Goebbels, o Ministro da Propaganda nazista – contra Cuba, Fidel e o socialismo cubano. Fidel não é um assassino, onde estão os assassinados? A revolução cubana, com justiça revolucionária, condenou à morte os torturadores de Batista no início da revolução. Gente capaz das piores desumanidades, como os empregados, por exemplo, contra Abel Santamaría, um dos atacantes ao Quartel Moncada, em 1953, um jovem de 26 anos torturado até a morte, que teve, inclusive, os olhos arrancados em vida por seus torturadores.
A revolução se portou sempre da maneira mais magnânima possível; tomavam-se as armas dos soldados aprisionados de Batista, em seguida postos em liberdade. Mas mentir para o fascismo não é problema, é sua essência: já ouvi mais de um chamar o Che de “assassino sanguinário”.
Em 2003, 3 seqüestradores foram condenados à morte, não pelo seqüestro de um barco, mas por ações continuadas, durante anos a fio, de traição à Pátria, traição que incluiu inúmeras e freqüentes reuniões com o Encarregado de Negócios dos EUA em Havana, nomeado especificamente por Bush com a missão provocatória de “desestabilizar” a revolução cubana.
Pessoalmente me opus às sentenças, como diversos intelectuais de esquerda, entre os quais o comunista José Saramago, em todo o mundo. Por razões humanitárias, mesmo se inquestionavelmente se tratava de traidores da Pátria.
Os mortos de Fidel ficam por aí.
Em Cuba, de fato há tortura. Muita tortura, não praticada pelo governo cubano, mas executada intensivamente no campo de concentração de Guantánamo (a base militar americana existente em Cuba numa afronta à soberania nacional cubana), sem consideração por qualquer lei ou processo judicial, seqüestros efetuados em países estrangeiros pela CIA. O mais recente, mês passado, em pleno território italiano.
Terrorismo puro e simples.
Em matéria de terrorismo, as ações terroristas provocadas pelos EUA incluem, agora sim, na casa dos milhares, mais de 5 mil vítimas, entre mortos e feridos, em território cubano.
O terrorismo contra Cuba vai desde a introdução deliberada de doenças contra pessoas, animais e plantas, causadora de vítimas e consideráveis prejuízos materiais, até centenas de tentativas de atentado fracassados contra Fidel.
Por combater o terrorismo contra Cuba, baseado principalmente em Miami, cinco patriotas cubanos estão presos nos EUA, submetidos a penas duríssimas, impedidos até de receber visitas de familiares, num escárnio à luta antiterrorista e a qualquer procedimento democrático e legal.
Há ainda o caso escandaloso do arquiterrorista Posada Carriles, responsável, entre outros bárbaros crimes, pela queda de um avião da Cubana, e a morte de 76 pessoas, protegido em território americano. Veja matéria abaixo.
O ARQUITERRORISTA POSADA CARRILES
E SUA PROTEÇÃO PELO GOVERNO BUSH
Curioso como a “grande” mídia, tão empenhada em justificar a suposta “guerra contra o terrorismo” de Bush, dê tão pouco destaque a toda sorte de manobras do governo Bush para proteger o terrorista Luis Posada Carriles, principal responsável pelo atentado contra o DC-8, da Cubana de Aviación, em 6 de outubro de 1976, no qual morreram todos os 73 participantes do vôo.
Entre os mortos, 24 integrantes da equipe juvenil de esgrima de Cuba, ganhadores das medalhas de ouro do Campeonato Centro-Americano e do Caribe; também 11 jovens guianenses que viajavam a Cuba para estudar Medicina.
Procedente de Caracas, com escalas em Trinidad-Tobago e Barbados, o avião da Cubana destinava-se a Havana. Depois da escala em Barbados, o avião explodiu em pleno vôo.
O principal participante do atentado foi Luis Posada Carriles, da máfia cubana de Miami, autor confesso do ato terrorista, do qual gostava de se gabar. Naturalizado venezuelano, ele participou, inclusive, da polícia política venezuelana, acusado de torturas por venezuelanos que foram suas vítimas.
O atentado do avião da Cubana é apenas o episódio de maior repercussão na longa folha corrida de atividades terroristas de Posada Carriles. Durante grande parte deste período, foi agente integrante da CIA, como atestam documentos oficiais americanos, recrutado no período em que Bush pai era diretor da agência.
As manobras do governo Bush em defesa do terrorista, atualmente nos EUA, chegam ao ponto de dizer que sua única irregularidade são “papéis de imigração”, alegação para desconsiderar o pedido de extradição efetuado pelo governo da Venezuela. Na Assembléia Geral da ONU, em setembro do ano passado, o presidente Hugo Chávez denunciou amplamente como o governo Bush combate o terrorismo: protegendo de todas as maneiras um sórdido terrorista como Luis Posada Carriles.
Tá, mas a principal pergunta ainda não foi respondida: Fidel é ou não um ditador?
O SOCIALISMO CUBANO NÃO TEM SÓ CONQUISTAS
A tragédia de Nova Orléans pôs a nu a miséria, o descaso pelos pobres e pelas vidas humanas dentro do próprio império. Em Cuba, país fustigado por furacões, graças ao preparo do país, as vítimas humanas reduzem-se a números mínimos.
Cuba com suas tropas, ao contrário do imperialismo americano, não provocou centenas de milhares de mortos em conseqüência da aventura neocolonialista no Iraque; ao contrário, os voluntários cubanos, numa das páginas mais belas de solidariedade internacional, impediram as tropas do regime do “apartheid” de tomarem Luanda e as puseram em fuga de Angola, garantindo a soberania do recém-independente país africano.
Na história da revolução cubana houve e há problemas. Entre os quais, durante certo período, imposições descabidas à liberdade de criação, não publicação de escritores dissidentes. Tudo isso é contraproducente, errado, burro e desnecessário.
Mas há que separar o joio do trigo. Há críticas justíssimas, liberdade de criação é condição indispensável da arte e da atividade intelectual em geral. Até por critérios políticos, que intrinsicamente não dizem respeito à questão em si, o socialismo só tem a ganhar com a liberdade de criação. Atitudes imbecis de burocratas estúpidos estas, sim, além de descabidas e prova de burrice, prejudicam a revolução.
Há quem defenda Castro, há quem o acuse. Socialistas de carteirinha fecham os olhos para o que não querem ver e democratas (imperialistas, todos eles, segundo a visão socialista) apontam o dedo a torto e a direito, muitas vezes infringindo direitos alheios. Quem tem razão? No mais das vezes aqueles que enfrentam as agruras na própria pele. Os desvalidos de uma política repleta de lindos panos coloridos que cobrem uma paisagem desolada, os fugitivos que arriscam a própria vida numa fuga sem muitas chances de sucesso. Os intelectuais que bradam silenciosamente (o medo os impede de algo mais pragmático), os “diferentes” que se escondem negando a própria diferença, e outros, muitos outros.
Gabriel Garcia Marques defende. Vargas Llosa acusa. Antônio Augusto defende. Saramago (comunista convicto) acusa.
Quem tem razão? Quem? Fidel Castro! Só ele parece ter razão. Uma razão própria e que não admite contrapontos… coisa comum em ditadores.
Augusto,
considerando que tudo o que vc arrola seja verdade (e nem tudo é, embora muito seja), ficam questões nas quais vc não toca. Os depoimentos de escritores que tiveram de sair de Cuba, como o Cabrera Infante, o Armando Valadares e outros…gente que sofreu a discriminação. O Valadares comeu cadeia mesmo.
E sobre a perseguição a escritores, intelectuais e gays?
Resumindo essa ópera, reafirmo o que disse antes, companheiro, não se justifica uma aberração com outra. O bloqueio é uma nojeira política dos EUA contra Cuba. Mas uma ditadura e um ditador são outras nojeiras políticas. Bush é um crápula. Fidel é um crápula. São excrecências que tornam pior a vida das pessoas.
Não há justificativa nem pra um nem pra outro.
E um último argumento. Vc tem toda a liberdade para defender Fidel aqui no Brasil. Vc acha que se eu fosse cubano morando em Cuba, por exemplo, eu poderia argumentar contra Fidel?
Aliás, nem intetnet teríamos para digladiarmos, né?
JOSÉ MARTÍ E FIDEL CASTRO
PAIS DA PÁTRIA CUBANA
Chegamos agora ao ápice da propaganda da direita. Fidel Castro ditador?
Segundo a direita, só se pode rotular assim quem está há 48 anos no poder.
Não necessariamente. Virou moda com a vitória do capitalismo na guerra fria, ao vaticinar o “fim da história” com o pensamento único, apregoar (porque, a prática, bem entendido, é diferente, estão aí as guerras do governo Bush para desmentir) o figurino da democracia burguesa como único padrão.
Para começar, as distorções antidemocráticas do poder econômico nas democracias burguesas, por exemplo, o Brasil, falam de maneira candente de suas limitações. Para ficar, apenas em três exemplos, basta ver o controle da economia nas mãos do capital financeiro, dos monopólios, a maior parte dos quais nem nacionais são; basta ver o supermonopólio privado da mídia;ou as profundas distorções do processo eleitoral pelo dinheiro.
É esta caricatura o padrão único, incensado, de “democracia”?
Cuba tem uma história revolucionária, com afirmação de fato da soberania popular. Nesta gesta dois nomes marcam e marcarão a história cubana, latino-americana, da democracia no nosso continente e, no caso de Fidel, dos primórdios do socialismo na história humana, José Martí (o Apóstolo, como o chamam em Cuba) e Fidel Castro.
Caro Cezar, as generalizações são perigosas, o povo cubano, em seu conjunto, tem mais acesso à internete, em centros comunitários, do que o acesso do povo brasileiro, no seu conjunto, à internete.
Há restrições a “sites” na internete em Cuba? Sim, e é um problema. Mas, sem querer reduzir tudo a isto, mas também sem subestimar as ameaças muito reais e sempre presentes, Cuba está em plena zona do agrião no conflito com o imperialismo americano.
Caro Tibor, Saramago é tão comunista como eu, se condenamos as três execuções em 2003, apoiamos firmemente a revolução cubana.
Saramago, inclusive, esteve, em Cuba, há pouco tempo, e sua identidade com a revolução cubana é muito grande.
O que eu acho é o seguinte, os que estão sinceramente interessados em liberdade, democracia, e igualdade de oportunidades – com divergências, naturais, e visões diferentes, naturais -, como suponho, seja o caso, por exemplo de nós três, Cezar, Tibor e eu, devemos dialogar e procurar chegar às melhores conclusões em prol do nosso mundo tão injusto – tão depredado ecologicamente – e de nossos semelhantes.
Eu acho que um cara tem que ser muito obtuso para dizer que Cuba vai bem. Mas acho que tem que ser ainda mais obtuso para dizer simplesmente que vai mal (afinal, “duele” porque um dia se esperou outra coisa, muita coisa). E, se não comparar com o Haiti (tem gente que compara com a Noruega e conclui que Fidel é um blefe), aí eu acho sacanagem.
Tem para todos os gostos:
Por Fidel Castro:
/www.granma.cubaweb.cu/
Lucros para Cuba caso “el Bloqueo” terminasse: http://www.cubavsbloqueo.cu/
(eles esperneam muito contra “El Bloqueo que empata a educação e tudo o mais”)
Outra Cuba
Outra versão:
Vladimiro Roca – PSC
http://www.cubavsbloqueo.cu/
E leve a mal não Antonio Augusto:
(…)”os que estão sinceramente interessados em liberdade, democracia, e igualdade de oportunidades – com divergências, naturais, e visões diferentes, naturais -, como suponho nós três…(…)
Nisto estamos todos. Mas não fazemos nada a não ser ficar em Blog trocando desaforo.
Aí fica difícil.
É um fenômeno mundial o descaso e a falta de comprometimento político. A grande maioria, talvez com exceção de uns 3 países, da população mundial não está a fim de participar.
Até o próximo post.
Uma das técnicas de discussão ideológica é mudar o sentido das palavras ou dissolver, pelo emprego de palavras não pertinentes, o significado real dos fatos. Décadas atrás, George Orwell já chamava atenção para esta tática. As notas que vêem sendo publicadas em defesa da ditadura castrista, sendo quase cópia do que “Granma” publica diariamente, são exemplo disto. Chamar “bloqueio” ao embargo comercial dos EUA a Cuba, é fruto desta técnica. Houve sim bloqueio contra Cuba quando Kruchev quis colocar mísseis atômicos na ilha e os EUA reagiram, impondo um bloqueio marítimo, que durou apenas algumas semanas. Naquele momento devemos, nós os vivos, agradecer a Kruchev o bom senso de fazer seus navios voltarem à União Soviética, apertando o freio a Fidel, que queria uma confrontação que teria levado a uma guerra nuclear entre EUA e URSS. Os 424 milhões de dólares, congelados pelo governo norte-americano, se devem simplesmente ao fato de que Fidel “roubou” todos os interesses e investimentos americanos na ilha, sem oferecer o mínimo tipo de compensação ou a mínima possibilidade de levar o assunto a julgamento. Os EUA agiram dentro de leis internacionais respeitadas por todos países que querem ser respeitados. E o fato de que os EUA impeçam a transferência de sua tecnologia a Cuba corresponde a um ato contratual mútuo: sem autorização prévia, a Embraer não tem o direito de passar para ninguém a tecnologia que recebe de outros países. Ou será que alguém defende a pirataria como forma comercial? Sobre Justiça – desde quando pena de morte, em período de paz e entre civis, pode ser aceita para “crimes” políticos? Quem der uma olhada nos jornais de 1959-60 verá a barbaridade que foram os momentos finais da ditadura de Batista e o nascimento de outra ditadura mais cruel ainda por ser mais duradoura. Verá, por exemplo, a farsa de julgamentos por “tribunais revolucionários” que declaravam alguém inocente e, logo a seguir, por decisão da liderança revolucionária, este alguém era encostado ao “paredón” e arcabuzado. Muitos se desencantaram logo com o que prometia ser uma solução para a doença populista e ditatorial da América Latina. Os fatos reais poderiam ser mostrados até o fim dos tempos – os fanáticos da ditadura castrista continuarão a repetir a palavra de ordem que “Granma” produz. São como os daqui, que lêem um boletim de partido político, e acham que estão lendo a Verdade. De Cuba, o melhor mesmo é ler os autores que nada têm a ver com Fidel; Lezama Lima, Alejo Carpentier, Cabrera Infante – todos já mortos – , e alguns outros espalhados pela Europa e EUA. É isso que vou fazer agora – e espero ter seguidores. Esta a Cuba que vale a pena; a de Fidel, infelizmente, é apenas mais uma trágica impostura de que tanto sofremos nesta parte do mundo.
“e eu, devemos dialogar e procurar chegar às melhores conclusões em prol do nosso mundo tão injusto – tão depredado ecologicamente – e de nossos semelhantes.”
Dou o maior apoio. Vá fundo. Uma andorinha faz aquecimento global e um galo sozinho tece dois amanhãs.
Pedro,
Os cubanos usam a palavra “Bloqueo”, Castro idem.
Fica difícil a gente não usar.
Conta a lenda que Fidel tem uns 500 milhões de dolares não sei onde.
Isto é pouco.
Eu só me interesso agora por Cuba quando o Castro morrer e o povo puder falar.
Até lá. rsrsrsrs
Chega.
Clarice, não fuja… E aí, vai dizer se foi bom ou não?
O Pedro quando mete a mão na cumbuca, o faz até o cotovelo.
Interessante ver como, 40 anos depois, Fidel e Cuba ainda mobilizam contras e prós – tão diferente da apatia que marca nossa política por exemplo.
Como a maioria dos dois lados, tem posições fechadas, só queria fazer uma observação que vale, independentemente, do que se pense sobre a ilha. Se é desequilibrado usar o embargo à Cuba como panacéia para justificar todos problemas internos – estive lá e tenho críticas, por exemplo, à péssima imagem da polícia na população – subestimar o que representa o embargo comercial, principalmente para um país pobre como Cuba é rebaixar o debate e estimular a polarização sectária.
Só para comparar, imaginem – apenas por hipótese para estimular o debate – o que aconteceria se o resto do mundo resolvesse impor semelhante embargo aos EUA, que hoje produzem a maior parte dos seus produtos no exterior, em lugares com mão-de-obra mais barata.
Para começo de conversa, sem petróleo, a indústria norte-americana quedaria paralisada, teríamos então, aqueles carrões enormes abandonados nas ruas por falta de combustível. O Canadá, por exemplo, poderia oferecer “greencard” automático para americanos que cruzassem a fronteira em busca de empregos mais qualificados. Que tal seria então os “exilados” americanos?
Imaginem ainda quanto representa em aumento de custo com frete – o Brasil, por exemplo, gasta pelo menos US$ 5 bilhões por ano, por ter optado por sucatear sua frota naval – importar alimentos e outros produtos básicos que têm de percorrer caminhos bem mais longos para fugir da vigilância dos EUA.
Por formação, sou contra qualquer tipo de censura, o que inclui por óbvio a cubanos, mas acho importante que as críticas não se restrinjam à proibição velada, mas se estendam ao “apagamento” e à invisiblidade de vários intelectuais eruditos e cultos que, por estarem na contramão do mercado, são ignorados pela mídia daqui, dos EUA e vários países “democráticos”.
Enfim, o debate não esgota, porque Cuba não é o Haiti, Guatemala nem qualquer outro subpaís da América Central e das Antilhas. Por isso, críticas são sempre bem-vindas e são ainda mais estimulantes quando fruto da busca pela independência intelectual do que quando reduzidas a repetições de slogans, ou se tratando de debate sobre intelectuais, apenas de repetição de pensamento estratificado.
Sds a todos,
Sócrates
Clarice, você diz: “Os cubanos usam a palavra ‘Bloqueo’, Castro idem.
Fica difícil a gente não usar.” Creio que é aqui que está o verdadeiro problema. Orwell já tinha percebido que chegaríamos a um mundo em que Verdade quereria dizer Mentira; Amor quereria dizer Ódio, etc. Ao aceitarmos a linguagem dos tiranos, estamos apenas ajudando-os em sua torpe atividade. [Obrigado por voltar a me ler…]
Ih! Esqueci que não ia mais te ler. Agora é tarde.
Eduardo Galeano, o que nas veias abertas da america latina elogia o grande lider da esquerda brasileira, Jânio Quados?
Excelente escolha.
Favor ler as primeiras edições do livro, nas atuais, como nas fotos photoshopadas, não há mais essa lição aos brasileiros!
Voltei – e vi que o debate, coisa previsível, pegou fogo.
Não vou me estender, já que sou, segundo Antônio Augusto, um desprezível morador de um condomínio no Leblon que só passeia em shoppings, uma pessoa que, por carregar todos esses atributos, nunca terá a razão no que quer que opine. (Antônio Augusto, aliás, foi agraciado pela natureza com dons mediúnicos tão poderosos que o permitem saber mais sobre minha vida do que eu mesmo).
Antoninus Augustus, nobre patrício romano, apenas tergiversou. Qual foi sua estratégia de debate? Enumerar uma série de feitos da “revolução” e contrapô-los às misérias do “império”. De um lado, temos as “Fidelis res fortiter gestas”, os bravos feitos de Fidel; do outro, o odioso império com seu “descaso pelos pobres e pelas vidas humanas”.
É impossível um debate sério diante de tamanha saraivada de fatos colhidos a esmo.
Da boca de qualquer ditador sangüinário sempre sai a enumeração das suas realizações grandiloqüentes, frutos da sua desprendida abnegação em favor do povo. Ainda hoje há quem louve Hitler por ter debelado a hiperinflação alemã, por ter restituído aos arianos o sentimento de dignidade que se perdera com a capitulação e a assinatura do Tratado de Versailles. O partido comunista brasileiro, fiel às suas origens, ainda hoje publica em seu site textos encomiásticos ao “Paizinho dos Pobres”, ao “Guia Genial dos Povos”, o tirânico Stálin, o homem que teria com sua mão de ferro (e salpicada de sangue humano) elevado o império soviético à condição de superpotência. Registre-se que o partido de Aldo Rebelo, o estatista cujo maior feito foi conceber o dia do saci, nunca engoliu as denúncias de Kruschev. O nosso Medice recebe aplausos de muitos por ter realizado o Milagre do Crescimento, fazendo com que a economia brasileira realmente crescesse a taxas elevadíssimas que milhares de PACs não sonham alcançar.
Sendo verdade que Hitler reorganizou a economia alemã, que Stálin industrializou a semi-feudal rússia, que a economia brasileira foi mais próspera que nunca sob Médice – estas três criaturas abomináveis deixam de ser ditadores? Os seus crimes monstruosos deixam de ser crimes?
Fidel Castro é um ditador que não abdica do poder há mais de meio século. E tudo indica que ele quer inaugurar uma dinastia, a Dinastia Castro, e restaurar o processo hereditário de transferência de poder. Já se decidiu que o bastão será, qualquer que seja a vontade do povo, passado ao hermano Raúl tão logo Fidel bata as botas e vista o terno de madeira.
Aliás, é próprio das primárias mentes binárias, que não concebem o mundo senão pelo binômio positivo/negativo, argumentar pela exposição dos defeitos do lado oposto. Que eu saiba eu, nem Pedro Curiango, meu vizinho no Condomínio do Leblon, ficamos cantando loas aos Estados Unidos. A lógica de Antônio Augusto é de uma profundidade rasa: o Grande Satã não conseguiu lidar corretamente com o desastre de New Orleans, logo Fidel não é ditador. “Quod erat demonstrandum”. Ridículo.
Ademais, será que o povo cubano, ao qual se cassou o direito de escolher seus governantes, será que o povo cubano, que foi alijado dos debates públicos, será que o povo cubano, cuja liberdade de opinião é inexistente, será que o povo cubano, que é vigiado dia e noite pela polícia, será que o povo cubano tem realmente dignidade?
Que o digam os pobres coitados que, em Cuba, cercam os turistas esmolando um punhado de dólares, que só o Governo pode ter.
Inefável Rafael, “inocente do Leblon” é metafórico, mas és fraquinho em literatura. Em lógica argumentativa, história e política, falta muito para subires à categoria de fraquinho.
Mas justiça seja feita, subliteratura é tua praia.
E então o Tibor se esgueira entre os dois beligerantes, ergue a mão com um sorrisinho malandro e grita: “Quem é homem cospe aqui”.
Dou-lhe, Antonine Auguste, a mão à palmatória: você, ao me tachar de “fraquinho em literatura”, depois rebaixar-me, nas questões de história, lógica argumentativa e política, a uma categoria inferior ao nível fraquinho e fuminar-me com o rótulo subliteratura – tudo isso sem dar ao distinto público explicações prévias que respaldariam os qualificativos -; enfim, ao cercar-me de adjetivos que dispensam substantivos, você, Antonine Auguste, mostra-se um argumentador imbatível, superior a Aristóteles, a Cícero, ao Pe. Vieira e ao nosso Rui Barbosa.
Afinal de contas, que pode a Razão, Deus meu, contra rótulos infamantes auto-explicativos? Um exército de verdades apoditicas soçobra diante do mais inocente adjetivo depreciativo…