Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo.
Muitos anos depois, quando lhe perguntassem por que o começo de “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez (Record, tradução de Eliane Zagury), um dos mais inesquecíveis de quantos possam ser assim chamados, demorou tanto a figurar naquela inesquecível seção, o autor do blog haveria de responder com um sorriso: “Não é óbvio?”.
Publicado em 10/9/2007.
20 Comentários
Mesmo quem não gosta de Garcia Marquez empalidece frente à força de seu mais famoso romance. Inesquecível de ponta a ponta!
Que bela coincidência: o próximo livro que pretendo ler é justamente “Cem anos de solidão”. E se o começo dele é assim tão belo, imagino o que vou encontrar pela frente, hem?
Dentre os começos de livros inesquecíveis, o de Cem anos de solidão é o mais memorável que há pra mim. Não sei explicar o porquê, mas desde que o li pela primeira vez, no já distante 1999, nunca mais esqueci os primeiros parágrafos de Garcia Marquez. Sei de cor até a parte em que aparecem os ciganos. Ótima lembrança Sérgio Rodrigues.
BOA LEMBRANÇA.QUANDO DOS MEUS QUINZE ANOS COMPREI ESSE LIVRO QUANDO HAVIA SEU LANÇAMENTO RECENTE.
MESMO LENDO EM NOSSA LÍNGUA, MARCOU-ME PROFUNDAMENTE.DEPOIS DE TANTO TEMPO ACHO QUE
VALERIA A PENA RELÊ-LO.CERTAMENTE,AGORA, COM OUTRA
VISÃO.
acabei de reler Cem anos de solidão, e realmente este começo é inesquecível, alias o livro todo, me prendeu do começo ao fim da mesma maneira de 15 anos atras.
Vocês viram que lemos Cem anos numa sentada de 22 horas? Pois é, leitura pode ser coletiva e divertida. Mais informações no Blog da Maratona Literária.
Há mais de 20 anos, peguei emprestado na biblioteca de minha Faculdade e por todos esses anos tenho guardado em minhas memórias a riqueza de seu texto. Hoje tenho o Livro Cem Anos de Solidão guardado em meu armário e, às vezes, o leio para lembrar q (apesar tudo) podemos “conhecer o gelo”…
Alguém sabe qual edição do livro contém a arvore genealogica da família? O que eu li não tinha e chegava a dar um nó na cabeça …
Um link com a história e a arvore genealogica …
Tem doido pra tudo!
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4a/Cem_anos_de_Solid%C3%A3o_Jhony.JPG
Saudades das noites insones em que os livros de Garcia Marquez, Manuel Scorza e outros, eram estrelas iluminando a sombria noite na qual esteve mergulhada a América Latina na década de 70 do século passado.
Neruda escreveu que “Don Quixote” e “Cem anos de solidão” seriam os” tops” dos romances escritos na lingua espanhola em todos os tempos. O realismo fantástico do “Cem anos” me deixou maluco aos 20 anos, aos 30 e poucos anos e novamente agora aos 50. Além disso me levou a ler “Don Quixote” na tradução maravilhosa de Carlos Nougué. Obrigado por lembrar Gabo e os “Cem anos de solidão”.
um dos mais belos inicios da literatura mundial… Garcia Marquez comenta em suas memorias que toda a hist do livro lhe veio a partir dessa frase, que surgiu num momento de inspiracao no meio de uma viagem…
Realmente, é inesquecível, mas eu já havia me esquecido.
Duas outras passagens recorrentemente me chegam. A morte e o enterro de Melchiades (com a lapide) e a ascençao de Remédios. Impressionante.
e José Arcadio no Castanheiro ?
Cem Anos dwe Solidão é simplesmente maravilhoso. Macondo é uma cidade fantástica, Úrsula é uma guerreira de muita fibra, enfim, todos os personagens e a história são lindos.
Coincidência, estou relendo! É sensacional. Impressionante. A solidão
manifestada em diversos níveis, com diversas facetas. Não eram
solitários por estarem sozinhos, mas estando em família, nenhum
conseguia se abrir, todos parece que tinham uma coisa ruim prestes a
arrebentar, mas nunca arrebentava. Uma solidão atroz, absoluta. E o
chamado realismo mágico é sensacional. Uma história que tem tudo: ações
escabrosas da espécie humana, ações de puro amor dessa mesma espécie,
coisas absurdas e geniais (como um saco de ossos fazendo cloc cloc o
tempo todo), enfim, livrasso. A solidão do gênio louco (José Arcadio
Buendía), da mãe guerreira (Úrsula), do amor irrealizado (Amaranta), em
estado bruto, que leva a uma guerra para não morrer no vazio (coronel
Aureliano), a solidão da prostituta que dá prazer a todos mas nunca ama
(Pilar), enfim… Viva o Gabo!
Provavelmente o que vou dizer é óbvio para muitos, mas, mesmo assim: Já notaram a (suponho proposital) paráfrase desse começo realmente inesquecível feita por João Ubaldo Ribeiro no também inesquecível começo de Viva o povo brasileiro? Refiro-me evidentemente à condição ‘martírica’ dos respectivos personagens apresentados pelos respectivos parágrafos iniciais. Claro, há muitos outros paralelos entre as duas obras, apesar do inquestionável valor absoluto de ambas. Em tempo: mais um indício do parentesco é o título inglês de Viva: Uma memória invencível. Maravilhoso esse, não?
Amei “Cem anos de solidão”, mas faz muito tempo que li e não me lembrava mais desse começo.
Não só João Ubaldo homenageou o colombiano. N’O Jogo da Amarelinha, Cortázar revive no berço o último descendente de Aureliano Buendía, o infeliz Rocamadour. Revive e re-mata.