Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão do trabalho.
Dirigi-me a alguns amigos, e quase todos consentiram de boa vontade em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; prometi ao Arquimedes a composição tipográfica; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. Eu traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e poria o meu nome na capa.
O intrigante começo de “São Bernardo” (1934), de Graciliano Ramos (39.a edição, Record, 1983), apareceu aqui no blog no distante 20/6/2006. Já estava na hora de voltar.
8 Comentários
mestre supremo.
para mim o maior romancista desse país.
Concordo com o isaac: mestre supremo.
Só não digo que é o melhor romancista deste país porque há Machado de Assis. Mas pra mim é o único romancista brasileiro do século XX que mereceu, de verdade, o Nobel.
Escritorzaço!
E esse início…. percebo um carrada de ironia, naquele estilo enviezado, torto dele, disfaçado em clareza e limpidez. Coisa de gênio, mesmo.
Poderíamos dizer que temos três grandes romancistas brasileiros? Machado, Rosa e Graciliano Ramos?
Sempre achei uma incoerência inexplicável o Graciliano Ramos ter feito do bronco Paulo Honório o narrador em primeira pessoa do livro.
Para mim, este “intigrante começo” de São Bernardo é uma fratura no edifício de verossimilhança realista que o velho Graça tentou erguer.
Um desafio: qual início dos livros de Graciliano não é inesquecível?
Respondendo ao Mário: acho que o começo de Caetés não é tão bom quanto o dos outros livros do mestre.
Loas ao “Velho Graça”.
Pérola especial de nossa literatura, entre algumas outras de beleza e de grandeza que nos orgulham.
Bela lembrança, Sérgio Rodrigues