A seção que se tornou a maior marca registrada do Todoprosa está perto de completar dois anos, mas não é só por isso que dou início hoje a uma retrospectiva dos mais inesquecíveis começos inesquecíveis. A razão principal é que os leitores que estão descobrindo o blog agora, no iG, merecem ser inteirados do que passou. Mesmo porque os começos são inesquecíveis mas não infinitos – embora sejam imortais enquanto durem. Coube a este aqui, publicado em 13/06/2006, abrir a série.
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Você vai começar a ler o novo romance de Italo Calvino, Se um viajante numa noite de inverno. Relaxe. Concentre-se. Afaste todos os outros pensamentos. Deixe que o mundo a sua volta se dissolva no indefinido. É melhor fechar a porta; do outro lado há sempre um televisor ligado. Diga logo aos outros: “Não, não quero ver televisão!”. Se não ouvirem, levante a voz: “Estou lendo! Não quero ser perturbado!”. Com todo aquele barulho, talvez ainda não o tenham ouvido; fale mais alto, grite: “Estou começando a ler o novo romance de Italo Calvino!”. Se preferir, não diga nada; tomara que o deixem em paz.
Você acaba de ler o primeiro parágrafo de “Se um viajante numa noite de inverno”, de Italo Calvino (Companhia das Letras, 1999, tradução de Nilson Moulin).
11 Comentários
Um dos melhores livros do chamado pós-modernismo na literatura. O velho Italo é absurdamente bom e neste livro ai ele estava endiabrado. Erudição, criatividade, inventividade, leveza… melhor eu tratar de pegar meu velho exemplar (em espanhol) e aproveitar o resto do domingo para uma proveitosa releitura…
Foi minha impactante estréia no Calvino, num velho exemplar do finado Círculo do Livro. Não dá pra não gostar de um sujeito que cria um personagem chamado Cosme Chuvasco de Rondó (“O barão nas árvores”).
Sérgio, parabéns pelo novo site. Venho me manifestar pelo fato lamentável dos espaços voltados para a discussão da literatura ser pequeno, e os poucos que existem, ainda acabam.
Este aqui se safou.
Que a força esteja com vc!
abçs.
Obrigado pela força, Ana Paula. E boa sorte na Copa! Bjs
Comecei com o “Seis propostas” e assumo que não gostei muito, ou talvez não esteja preparada para Calivino. Este é melhor?
Amanda, Calvino é um baita ficcionista e “Seis propostas”, que acho interessante, é ensaístico, uma série de conferências (que nunca chegaram a ser proferidas porque ele morreu antes). Melhor julgá-lo por qualquer um de seus livros propriamente ditos, pode ser este ou “Cidades invisíveis” ou “O cavaleiro inexistente” ou mesmo, para citar um menos festejado que eu acho genial, “Os amores difíceis”. Um abraço.
Eu acho que pra ler Calvino é necessário estar bem concentrado mesmo, assim como ele pede, pois pra entrar de cabeça nas cidades invisíveis ou no Castelo dos Destinos Cruzados, é preciso fôlego. porém, o que eu mais gostei foi o Cavaleiro Inexistente.
Pra quem gosta de contos, o General na Biblioteca (é isso, não lembro mais da patente) é uma delícia também…
Já li algumas coisas do Calvino e, na minha mais que modesta opinião, achei que neste “Se um viajante numa noite de inverno”, ele pesa a mão. O livro fica entre uma experiência metalinguísica e uma tese sobre literatura, e não decola. A história mesmo fica relegada a pano de fundo. Se fosse sugerir uma leitura para começar a obra de Calvino, seria o “Marcovaldo e as estações na cidade”. Fantástico.
A metalingüagem tem sido um recurso tão banal que é inclusive praticada pelo Maurício de Souza nos gibizinhos da Turma da Mônica.
Entretanto, Calvino consegue, apesar do clichê, ser um excelente escritor.
Encontrei este espaço por acaso, e fiquei surpresa de ver alguéns interessados em Oficina & Crítica Literária na internet. Caso interesse saber, eu mantenho uma oficina Literária desde 2002, no egroups, onde discutimos textos e brigamos muito pela boa Poesia. Este blog (o seu) vai agora para os Meus Favoritos. Um abraço & Parabéns. Saludos. Maria José Limeira.
se um um viajante em uma noite de inverno é ainda no meu pequeno repertorio de leitura da literatura italiana o melhor que já li. nossa, ele é envolvente e acima de tudo tem um estilo espetacular. quem é apaixonado por [livros], daquele tipo que tem um amor excessivo por eles vai adorar! e o general na biblioteca tambem é uma excelente opçao de leitura.